29 de novembro de 2009

...já...


...

O tempo acorda sonolento para mais um fim de ano.
Chegou dezembro!
Vai começar o fim da década.

28 de novembro de 2009

Lembrança daqueles tempos

...é, faz tempo eu tinha apenas um distante percurso a caminhar. Daquele momento inicial eu não conseguiria prever o quanto minha vida haveria de mudar. Distante da minha realidade ou nem tanto quanto pensava, o mundo se revelou em novas cores, por novos vínculos, muitas vezes inesperados, outras vezes indesejados, mas que foram crescendo e quando me deparei com o hoje já os encontro incontrolávelmente fixados em meu coração. Dizem os anônimos, esquecidos momentâneamente por minha memória nostálgica, que no tear da vida cada linha é um novo momento e uma nova ventura a se viver. Agora se encerra essa pequena etapa do processo, outras virão. Mas como me desligar das peças fundamentais para o meu sucesso. Está certo que fiz a caminhada por minha vontade, mas não seria tão prazeroso se não estivesse bem acompanhado. Cada retalho das lembranças, cada nó de fotalecimento, cada rompimento de lição e sabedoria, foram essenciais para que o fio da minha história particular fosse acabar assim, criando um santo sudário da saudade. Porque sim, apesar do que pensam os pessimistas e anti-poéticos, a saudade é um doce que não perde o sabor, nem se desgasta na boca do coração; é um aperto gostoso que nos reacende a chama da vida.
Lembrar é perceber que ainda estamos aqui, juntamente com os que nos foram e sempre serão: Amigos.

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À turma de administração das FIJ - 2009.2

24 de novembro de 2009

Desabafo na Caixa-Preta

.
; Hoje eu não quero saber da porra da monografia
; Não quero pensar no trabalho
; Não quero ouvir o chato do vizinho
; Não quero pensar em me matar
; Nem me ligue pra cobrar dividas antigas
...
de saco cheio de tudo no mundo
...
Vou tomar banho e me deitar
Hoje eu só quero ler meus velhos livros.

Se pensa em me fazer feliz um dia: dê-me um livro de poesias.
Se pensa em ser feliz comigo: Apague a luz e traga uma vela acesa.

19 de novembro de 2009

das incertas verdades

Às vezes somos capazes de coisas incriveis.
Às vezes não.
Mas o que na verdade define
a impressionante capacidade do ser humano
é o seu ponto de vista.
O meu é imaginativamente embreagado.
Tem coisas que é melhor ver.
Outras em que é melhor crer.
E umas ainda que é melhor não lembrar.
O gostoso da vida é se permitir
a lúcida loucura do sonhar.




minucias grandiosas...eterna beleza

18 de novembro de 2009

Homo Super Sapiens

O homem é um ser em constante transformação, e a informação é o combustível para as mudanças. Mas após milênios de evolução humana, qual o resultado que podemos tirar hoje de todo esse processo de (des) construção do planeta? Antes de analisar o todo vamos a parte ativa e provocadora das alterações, o ser humano.

Chegamos no tempo moderno a um estagio da espécie que parece ser o seu limite, mas talvez seja essa uma imprecisa impressão do que realmente acontece. Depois de nos erguermos e andarmos eretos; aprendermos a utilizar do ambiente que nos cerca e controlá-lo, o fogo; de recriarmos formas para facilitar o trabalho, a roda; de consolidarmos a associação humana com a formação das cidades, e constituirmos o poder e as normas reguladoras; de modernizarmos o planeta com novas tecnologias; e por fim, linkarmos o mundo em redes que aproximam ambientes e culturas distantes, o que nos resta hoje, seja talvez, retroceder. O homem precisa se reconhecer como único, para evoluir como individuo.

A evolução das massas chegou ao seu ápice, e demonstra falhas que precisam ser corrigidas. Essas, só serão possíveis de solucionar com a evolução individual, a revolução do pensamento próprio de coexistência e realização. Não nos cabe a intolerância, o preconceito e desrespeito com o outro.

O pensamento próprio preza pela coexistência das diferenças e pelo desenvolvimento intelectual que o debate promove. Não devemos apenas concordar com o que é dito, mas nos apoderarmos da ideia e realizarmos o processo de síntese particular, tomando a ideia como verdadeira pelo que sua razão comprova e sua emoção se satisfaz. É o primeiro dever do homem a busca pela sua felicidade, respeitando para isso apenas o espaço da felicidade dos outros. Tomar atitudes que conscientemente prejudique o outro é algo que só é feito na natureza pelo bicho-homem, uma ideia falida de satisfação, que não agrega nada de positivo a ninguém.

A construção de um ideal próprio facilita a compreensão do ambiente social, e faz assim, a inclusão do individuo no ambiente social que projeta e busca. Cada homem é responsável pelo seu destino, e a somente esse deve ser creditado resultado de suas ações.

O desenvolvimento de um ser único em cada ser produz uma sociedade igualitária, pelo simples motivo de sermos todos diferentes. Pode parece controverso, mas creio que com o pensamento particular, as manobras de massificação de idéias e ideais caem por terra, eliminando assim os grupos já existentes, sejam eles religiosos, políticos ou de qualquer outra espécie.

Como diria Tom Zé:

“Quero a unimultiplicidade. Onde cada homem é sozinho. A casa da humanidade.”
...
O resultado desta tese pode parecer utópico, e talvez seja, mas a sensação de quem vive esse comportamento é, com certeza, de uma vida bem melhor.

Conhecimento se constrói

Não quero ser o profeta de uma ideia caduca, mas a educação como base livre de influências conceituais, é a solução para uma sociedade com prazo de validade vencido. A ideia de transferência de conhecimento há muito já descartada permeia os meandros do sistema, ainda que camuflada, embutida em novas filosofias salvadoras.
Nos últimos dias tenho vivido a construtiva intensificação do conhecimento por meio da nada moderna experiência de campo.

Na noite de sexta-feira (13) mais um ABC foi vivenciado, agora com mais recheio de conhecimentos, e com sabor diferente do último. Na mesa da praça, ao sabor do liquido símbolo capitalista, eu, o samurai, a magra e a bona dea, nos possibilitamos, ainda que em pouco tempo, da maravilhosa sensação de aprendizagem.

Na manhã seguinte embarquei juntamente com a bona dea, o model boy e o little Sertão, rumo à cidade de Jaguaquara, para conhecermos a empresa de café Bendegó, do professor e economista Isaías Júnior. Devo ressaltar a recepção agradável que o anfitrião nos proporcionou, tornando nossa estádia bem divertida, além de muito produtiva em nível educacional. A visita à empresa, a observação do processo, torna claro o conteúdo muitas vezes enfadonho e impróprio que a sala de aula nos oferece.

Vinte minutos de conversa é mais inteligível do que duas horas de palestra, por um motivo simples e obvio: fazemos parte do processo na criação do nosso próprio conhecimento. A educação participativa é a melhor maneira de se aprender. Infelizmente nem todos os colegas pensam assim, e o pior nem todos os professores estão preparados pra uma rodada de perguntas.

Então faço o que posso; rodeio-me dos melhores e Participo.

Obrigado a todos que participam comigo!!!

15 de novembro de 2009

Crônicas de eLe - XXV

RETORNANDO AO SEU MUNDO

Na semana que seguiu aquele inesperado telefonema, eLe não se permitia outra coisa que não fosse devanear seu pensamento em busca de algo que o explicasse o porque de tais palavras secas e decididas numa voz tão aveludada e romântica.

O novo trabalho já não era visitado, com certeza fora substituído. Seu Tio o observava sem muita intromissão naquele vagar distante. A cidade ficara limitada nas paredes sem cor do seu quarto.

...

eLe precisava acordar para o mundo que ainda se fazia presente. Foi um novo telefonema que o reanimou em sua luta. Dessa vez o prefixo era de um lugar mais distante. O Tio havia informado a sua mãe da situação. Após uma longa conversar com a mãe, eLe decide que precisa seguir em frente.

Passa as duas semanas seguintes em busca de um novo emprego. Eugênia já ocupa um espaço menor na sua mente, mas ainda existe uma imensa dor no seu peito. Nada dá certo.

Após três meses e meio do último encontro, apenas um telefonema pra encerrar todo o seu amor. Desempregado, sentindo que está abusando do carinho de seu Tio, sem as mesmas ambições que o habitavam no dia da chegada, eLe decide dar um telefona para reiniciar sua história.

...

-Alô!... Mãe,... ‘tô’ voltando pra casa.

Crônicas de eLe - XXIV

O TEMPO E A DISTÂNCIA


Já faz dois dias que todo o fantástico e infeliz dia de entrega e descobertas o assolou. Até agora nenhuma nova informação. eLe continua desempregado, seu orgulho não aceita os pedidos de Eugênia para que aguarde até que seu pai volte atrás em sua decisão. Já não se imagina na empresa de Seu Arnaldo. Já não sabe se realmente foi correta sua decisão ao impedir a fuga do delinqüente que roubara a loja em sua primeira visita, Já não sabe se aquele homem preconceituoso merecia sua ajuda.

Saiu atrás de um novo emprego, mas nada apareceu.

Eugenia não o ligou. Como poderia ela agir dessa maneira depois daquela maravilhosa manhã na sala de visitas. O que será que aconteceu para que não possa mandar nenhuma informação, ter nenhum contato.

...

A semana vai se passando lentamente e nada acontece.

Somam-se os dias em que depois da busca por emprego eLe vai até o supermercado esperar alguma visão de sua amada, mas ela não tem ido lá desde o dia da reunião, é o que descobre por meio de um colega empacotador.

...

No meio da segunda semana ele é admitido no quadro de funcionários de uma panificadora de médio porte. O trabalho fica do outro lado da cidade, e agora eLe já não pode espiar a saída do supermercado. Contudo consegue por meio de alguns amigos conquistados na antiga empresa o endereço do ex-patrão, ou se preferir, da sua amada.

Todos os fins de semana vai até o endereço. Quando não encontra a casa vazia e silenciosa, encontra o barulho contido por trás dos altos muros que a protegem. Nenhum sinal de Eugênia.

eLe sabe e sente que ela o ama, mas alguma coisa a impede de encontrá-lo.

...

Um mês e vinte e quatro dias depois do último encontro, ele já não está mais na panificadora. Agora trabalha como atendente em uma academia de ginástica que fica nas proximidades do centro da cidade. eLe volta pra casa com o mesmo pensamento das últimas semanas: “que diabos está acontecendo com Eugênia?!”.

Chega a casa e encontra seu Tio preparando o jantar.

...

- Oi meu lindo! Como foi seu dia?

- Oi Tio! Foi tudo bem.

- Ah, antes que me esqueça uma amiga sua ligou perguntando por você. Eu disse que você chegaria por volta das oito e meia da noite, e ela me falou que ligaria pra você.

- Ela se identificou?

- Não...

...

Nesse momento o telefone toca. Seu Tio lhe indaga com o olhar e volta a seus afazeres. Ele como se respondesse aquele olhar se encaminha até o aparelho que fica no corredor.

...

- Alô! Quem Fala?

- Oi, aqui é a Eugênia. Eu gostaria de falar com eLe.

...

Um calor percorreu o corpo do garoto ao telefone, ele abriu um sorriso alegre e quase se esquece de responder.

...

- Sou eu, Eugênia. O que aconteceu com você?

- Oi. Não aconteceu nada, mas, por favor, não vá mais ao supermercado, nem fique esperando me encontrar aqui na rua de minha casa. Me prometa que vai fazer isso que lhe pedi. Meu pai está furioso com você e não sei o que pode fazer se encontrá-lo. Não tente falar comigo. Busque sua felicidade sem mim. Adeus...

...

O telefone fica mudo. Ele espera com o aparelho ao ouvido como se tivesse a esperança de ouvir alguma outra palavra.

Mas há apenas o silêncio.

13 de novembro de 2009

VITRINES DO CORAÇÃO

Não sei de onde vem a afirmação que diz que o nosso corpo é a nossa casa, sei que as religiões vêem o nosso corpo como um templo sagrado, mas cá entre nós, vivendo nessa sociedade capitalista o mais próximo do corpo é a ideia de um comércio. É sabido que alguns indivíduos fazem do seu corpo um material de trabalho, mas quero falar aqui sobre a capacidade de nos vender, nem que seja em imagens que na maioria das vezes não são reais.
Quantas e quantas vezes passamos por situações onde o mais importante é não sermos nós mesmos, e com isso oferecermos ao mundo e ao outro uma nova ou velha, mas diferente, personalidade que omita o nosso verdadeiro ser momentâneo. Isso ocorre muito no amor.
Quem pode dizer que nunca sofreu numa relação, até mesmo naquela que não se concretizou. Eu mesmo guardo comigo alguns objetos românticos que nunca vão se apagar do passado. São minuciosas lembranças de desejos que não se esvaem justamente porque não tive a oportunidade de possuí-los. De acordo com meu IDR – Índice de Desilusão Romântica – passei por mais ou menos 5 amores não correspondidos, 2 namoros felizes e trágicos, uma pequena quantidade de aventuras interessantes, fora alguns desejos repentinos e sem desenvolvimento. Com toda certeza, sou resultado de minha própria historia, então por tabela parte de cada uma dessas pessoas que passaram por minha vida se faz presente no que sou hoje, cada uma com sua parcela e intensidade própria.
Mas falando dessa oferta de imagens que nos produzimos, é fato que realmente na desilusão ou na ânsia para escapar de mesma, passamos a interpretar alguém que julgamos ser, mas não somos. Muitas vezes a vontade é de dizer ‘vem cá porra, num tá vendo que eu te amo!’, mas o que sai na verdade é um ‘oi, tudo bem? Como é que você ta?’. Isso sem falar na expressão facial que exige um esforço absurdo para se manter austero. O coração nos faz um bobo da corte perante a encantada princesa.
Apesar de tudo que falei da minha pessoa, o objetivo de minhas pobres e singelas palavras é ressaltar que apesar de toda racionalidade que possamos somar, uma fagulha qualquer de emoção pode refazer o nosso mundo.
Aquelas que passaram em minha vida estão guardadas no meu estoque de carinho e amizade, inclusive as que não tive e permanecem intactas ao meu olhar fraterno, porque o gostoso da força do coração é a eternidade que a lembrança nos permite ter.
Hoje as vitrines de minha lojinha estão vazias, mas sei que lá no fundo, atrás de algumas caixas e estantes, a de existir algum item em promoção.
Seja bem vinda. Fique a vontade.
Coração aberto 24 horas.

Crônicas de eLe - XXIII

O ÚLTIMO ENCONTRO

- Eu preciso falar com você.

Ela fala e não escuta nada. eLe ainda está paralisado com a surpresa de tê-la ali. Como ela poderia saber o seu endereço, se nunca foram juntos até sua casa. E o mais importante, o que ela realmente queria com eLe.

- O que você faz aqui e como você sabe onde moro?
- Peguei seu endereço na empresa... E eu preciso falar com você.
- Falar o que? Seu pai não vai gostar de saber que esteve aqui. E porque você não me disse que seu pai era o meu patrão?
- Por que eu tive medo que você me deixasse.
- Deixar você?!
- Tive medo que você ficasse com medo de perder o emprego e me abandonasse. Você não sabe como meu pai me prende e fica querendo controlar a minha vida. Todos os namorados que tive, ele afugentou, e o pior é que tenta me apresentar uns ‘almofadinhas’, filhos de seus amigos ricos.
- Parece que eu não sou o namorado ideal pra você. Seu pai não me quer perto de você.
-Mas eu quero você!

eLe se perde nas palavras macias e apaixonadas de Eugenia. Ali já não havia o pensamento deturpado de uma garota usurpadora. Deixava de ser a vilã para tomar seu verdadeiro lugar na história, a mocinha encantada que eLe amava.
Ela o beija. Eles se encontram na dança dos lábios e do corpo. Anulam todos os pensamentos anteriores a aquele momento. Aquela ação repentina torna o ambiente novo e colorido. Eles se permitem um novo sentimento, o sentimento de doação. Param para um olhar singelo e sincero que revela os desejos íntimos e coletivos que pairam na sala de visitas.
Agora, ambos tomam a iniciativa de se permitirem o desejo e a realização. eLe a beija como se soubesse que aquela seria a última vez. Toma para si o corpo delicado de menina que exala a vontade carnal. Ela o deseja tanto o quanto, e durante o beijo se despe do vestido florido que a resguardava. Agora sob as peças intimas eLe a vislumbra como uma aquarela romântica, um quadro perfeito de sua historia de amor.
Os dois se consomem em movimentos que lembra o balé celestial dos anjos. Os gemidos são poesias proferidas em melodiosos versos. O suor dos corpos se encontra como um elixir que soma os indivíduos, tornando a imagem borrada ao olhar desavisado de quem imagina. No momento do amor e do sexo, o que existe é uma massa humana inconsciente e repleta de emoção.
Durante todo o tempo juntos na sala, com a porta ainda aberta, eles são felizes.
Ofegantes e cansados fisicamente, os enamorados sabem que nada vai ser como antes. Fora daquelas paredes um mundo menos promissor os aguarda, mas do que vale imaginar as incertezas futuras se o agora pode ser tão majestoso. Eles são um do outro, agora, e eternamente na lembrança desse amor.

O sono do homem


Homem. nome. Fome.
Se tem fome o homem come.
Pra comer o homem caça.
Pra caçar o homem cria.
Pra criar o homem pensa.
E pra pensar?
Se ele pensa, ele nomeia,
e se define como homem.
Se intitula e toma posse
até que outro homem force
e tome pra si o que era do outro.
Homem. Morre. some.
Porque o homem é parte
e não um dono.
Se decompõe, é orgânico.
O homem é pouco
perto do inconsciente de seu sono.

Crônicas de eLe - XXII

MÁSCARAS E CORAÇÕES
Rumando em direção alheia ao pensamento desconexo do momento de descoberta, seu corpo por osmose se direciona ao ponto de ônibus. eLe volta pra casa.
Nesse caminho o processamento das informações esclarece nitidamente o que realmente aconteceu naquele escritório. Um pai, um patrão, descontente com as escolhas de sua filha. Como será possível que alguém com tantas possibilidades vai se encontrar com um outro alguém que vem de um canto distante do mundo, sem muito a oferecer, sem perspectivas futuras visíveis de sucesso, sem sequer um nome que mantenha uma falsa impressão de poder?
eLe pensa:
*
¬O Seu Arnaldo é um escroto com toda a razão. Se eu mesmo tivesse uma filha naquelas mesmas condições nunca permitiria que um zé como eu viesse a possuí-la. O que eu posso oferecer a ela a não ser amor. De onde eu venho sei que o amor não enche a barriga. E alias, sou um perdido no mundo gigante que ela vive, mas o inverso é uma giganta no meu pequeno mundo de pobreza e ilusões. Me apaixonar foi um erro. Talvez ela tenha apenas aproveitado de minha inocência para experimentar de uma pureza ingênua dos sentimentos. Mas agora isso acabou. Acho que nunca mais vou vê-la.
*
Por mais apaixonado que o nosso personagem possa parecer, existe no seu intimo uma clara ação lógica de racionalidade que uma vida dura oferece. Muitas vezes é nos recantos mais distantes do globo que a distinção de uma ação correta vem nos surpreender. Longe dos mecanismos de uma sociedade fajuta, vive a graça do compreendimento das massas e de suas regras sociais. O jovem matuto amadurece mais rápido.
Ele chega à casa vazia de uma manhã normal. Fecha-se no seu quarto de marfim que agora é um calabouço do inferno pessoal. Sente o desgosto de suas aspirações. Sem trabalho, sem namoro, sem projetos futuros.
Alguém entra em sua casa. eLe escuta o barulho da porta e não se lembra de ter fechado a casa após adentrá-la. Sai correndo em direção à sala, com medo e raiva. Só faltava agora ser roubado por um vagabundo qualquer que se aproveitou de sua distração. Ao chegar à sala eLe empalidece e paralisa.Eugenia está ali com os olhos mareados de lágrimas.

8 de novembro de 2009

05.08

Sob uma perspectiva certamente não-áurea,
cujos agravantes são por demais graves, ativos e perceptíveis,
eu tomo uma decisão! Luzes, câmera, ação!
Parecia mais fácil decretar uma sentença de morte.
A dor de uma foice gélida e carregada de pecados a transpassar a carne;
seria menos difícil de afrontar, que alguns minutos regados a palavras e olhares tão intensos, que muito mais que à carne, transpassavam o âmago...
A angústia parecia-me deturpar os sentidos... turvar a razão... embolar o léxico...
Egoísmo, medo, desgosto... Mistura amarga aos sentidos... um auto-declarado flagelo à mim...
- "Oh Deus.... porque fiz isso? Porque é tão difícil aceitar? Porque dói tanto? Não era pra ser assim. Não comigo!"
E a resposta vem com maior peso e muito mais da minha abundante certeza incerta:
-"Era necessário. Simplesmente tinha de ser feito..."
Uma pena o coração estúpido não aceitar tão facilmente, apesar da lógica premente...


No fim (?!), resta uma esperança torpe e indigna:
-"Que tudo volte ao normal... mas diferente..."
.
.
.
.
Shakyamuni
...
Texto escrito por um poeta amigo sob circuntâncias específicas que mereciam a expansão própria dos sentimentos sinceros.

7 de novembro de 2009

Crônicas de eLe - XXI

O ESCRITÓRIO E AS REVELAÇÕES
São 09:50 AM. eLe chega ao trabalho, se encaminha pra a diretoria. Sobe as escadas, pensativo, mas a esse ponto já desistiu de descobrir o que viria a acontecer. Espera os cinco minutos restantes de pé em frente à sala de Seu Arnaldo. A secretaria já havia sido avisada, e pontualmente pede a eLe que se encaminhe ao escritório.
Após bater a porta e ouvir uma permissão, eLe adentra o recinto sem entender os motivos que o levavam até aquela situação. O chefe pede para que ele se sente, e não perde tempo com muitos rodeios.

- Meu caro, o que lhe traz aqui é uma oportunidade sua e uma necessidade da empresa. – até aqui parece que tudo vai bem – Então, analisando alguns dados seus, percebi certo potencial. Devo lhe dizer que você já faz por merecer uma promoção, contudo não há essa vaga aqui na sede, mas em uma das filiais já há algum tempo procuramos alguém para ocupar este cargo.
Estou lhe oferecendo uma chance de crescer. Então o que você me diz?
- Qual a distância da filial?
- A loja fica no extremo oeste do estado, cerca de 650 Km.
- Seu Arnaldo, agradeço todos os elogios e a oferta, mas minha vida está começando a se organizar aqui. Não tenho hoje a intenção de sair da cidade. Então se o senhor não se importar prefiro continuar ocupando o meu cargo aqui mesmo.

Parecia que a decisão de eLe tinha a convicção de quem sabe o quer. Ali, eLe sentia que não podia descartar a idéia de que Eugenia poderia ser perdida. Entre o sucesso e o amor, a disputa não foi tão intensa. O coração falou mais alto.

- Infelizmente meu jovem, esse é um problema que tenho também que lhe informar, caso não aceite, não poderei continuar oferecendo o seu cargo aqui. Devido a algumas decisões de corte, alguns funcionários serão demitidos.

Agora assustado, eLe não consegue entender o que está acontecendo. Há cinco minutos estava sendo promovido pelo seu excelente trabalho, e agora esta sendo demitido para contenção de gastos. Alguma coisa não se encaixava nessa história.

- Mas seu Arnaldo, todos os meus colegas de função também serão demitidos?
- Não se preocupe com os outros. – agora o chefe já não imprime um semblante tão amigável – O problema aqui é seu. É pegar ou largar!
- Eu já disse ao senhor, não posso sair agora da cidade.
- Então infelizmente você está demitido. Na saída converse com a secretaria que ela lhe indicará com quem deve conversar para ter seus direitos. Boa sorte!

Aquele garoto nunca viveu uma situação como essa. Nada fazia sentido pra sua compreensão. eLe ficou tão confuso que se levantou e não falou mais nada ao chefe. Encaminhou-se até a saída, e ao abrir a porta encontra Eugênia conversando com a secretária.

- Eugenia!? O que você faz aqui?
- Eu... Vim ver meu pai.

Até aquele momento não sabia que a sua paixão personificada em menina era também filha de seu chefe. Agora milhares de pensamentos passavam por sua cabeça se encaixando na busca de uma explicação para o que acabará de acontecer ali dentro no escritório.

- E você meu amor, o que veio fazer aqui?

eLe olhando para dentro do escritório ainda com a porta aberta, vê o rosto sério e não mais amigável de seu patrão.

-Vim ser demitido.

6 de novembro de 2009

Crônicas de eLe - XX

O TELEFONE
eLe acorda mais cedo do que o habitual. O telefone toca desesperado antes de o galo cantar. Sem muito ânimo, mas assustado (ligações em horários estranhos são mau presságio) ele atende. Do outro lado da linha alguém parece estar em dúvida do que falar. O silêncio ocupa a linha telefônica até que uma tosse afugenta-o:

- Hum! É da Casa de eLe?
- Sim. Quem quer falar comigo?
- Sou eu, Arnaldo.
- Diga seu Arnaldo, o que aconteceu à uma hora dessas?
- Nada de muito importante meu filho. Estou ligando pra informá-lo que você não precisa vir tão cedo amanhã. Preciso conversar com você, tenho uma oferta a lhe fazer. – eLe sente que aquelas palavras não saiam com muita empolgação da voz do seu patrão – Volte a dormir. Estarei lhe esperando amanhã às dez horas. Boa noite!
- Boa noite!

eLe desliga o telefone, e o barulho agora não é mais externo. Na sua cabeça um milhão de pensamentos se confronta, mas nenhum consegue presumir o que estaria por acontecer.
Cansado, eLe apaga.
Acorda já ansioso pela reunião. Arruma-se como de costume, pega o buzão e vai de encontro ao principio da desilusão.

ABC de ontem à noite

Estava uma noite quente e entediante nesta quinta, isto até uma companheira de debates me acompanhar numa divertida e empolgante conversa sobre um pouco de tudo em uma mesinha da praça.
Sob a tutela do Açai, da Brisa e do Conteúdo de informações nos deliciamos numa aula complementar com direito a instruções básicas de como se deve se divertir e aprender fora do ambiente institucional falido das faculdades brasileiras.
Tenho as vezes a sensação de que os meus melhores instrutores para lidar com o mercado de trabalho sentam ao meu lado enquanto alguns senhores cansados insistem em copiar na lousa algumas pinturas rupestres.
Então, depois de formado, quando os reencontrar na rua como devo apresentá-los a minha família?
.
- Esses são os senhores que eu encontrava nas salas da universidade. E esses são meus queridos mestres e colegas que me faziam rir e aprender.
.
Estranho, mas verdadeiro.
Sem exagerar nas palavras, tenho a sorte de tê-los para me explicar e principalmente para me confundir.





*Para todos os meus colegas
em especial: Carol, Evandro & Otília.

4 de novembro de 2009

Adolescência Efervecente

Lembranças me vieram a tona, após um scrap de uma amiga no orkut.
...
Era um garoto de cabelo vermelho, paletó, gravata, calça e pantufas, sentado numa cadeira estilo clássico em frente a aproximadamente duas mil pessoas. Ele não tinha ideia do que falar, mas sabia que não ficaria sem palavras. Este foi o último episódio de minha série pessoal.
Antes houve uma coreografia esquisita ao som de "Canteiros", um Pastor fajuto no "Santo Milagroso", um "Lampião" aviadado e um repórter estressado (Bate a foto Carijó!!!). No inicio de tudo houve ainda uma camisa preta, uma faixa grande e a indignação própria dos jovens.
A vida quando vivida intensamente é maior do que podemos defini-lá. Esses pequenos momentos experimentados nas Semanas de Arte Moderna, promovidas pelos alunos do CNEC de Jitaúna foram o berço para essa curiosidade cultural que me alimenta ainda hoje.
Várias histórias ficam a ser contadas, outras a serem lembradas apenas no silêncio do nosso íntimo. Mas de fato, a arte é um propulsor de emoções ilimitadas.
Sou parte de tudo que vivi naqueles dias alucinados e agradeço aos deuses do tempo por me proporcionarem tais desventuras.
...
Lembro dessa amiga no meu colo, numa noite de céu escuro, correndo sobre uma grama molhada. Lembro também dela toda esparramada no chão após aquela fantástica queda. (rsrsrsrs)
...
E termino meu retorno as lembranças com as últimas palavras que não foram minhas, mas de uma amiga que dizia assim:
"Adormeço em ti minha vida
imóvel, na noite e sem voz.
A lua, em meu peito perdida
vê que tudo em mim somos nós."
Cecília Meireles