Estou lendo A Cidade do Sol, do escritor afegão Khaled Hosseini, e durante a segunda parte do livro tenho conseguido interligar dados recentes a respeito da imensa profusão de sentimentos que uma guerra pode gerar num ser humano, em especial naquelas que foram condenadas, talvez mais do que qualquer outro, com a dor da perda, as mães. Na terça-feira pela manhã reassisti O resgate do soldado Ryan, de Spielberg, e na semana passada por acaso reli um texto de Cecília Meireles chamado Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro. Em ambos instrumentos de informação fica clara a afirmação de que as mães não foram feitas para as guerras.
Enquanto o mundo distante acompanha as desventuras e desenlaços das batalhas com empolgação, ou ao menos com curiosidade, essas figuras celestes sofrem a agonia da ausência e da incerteza. A guerra como disse alguém por aí, é sim a higiene do mundo, mas ninguém quer ter os seus amados descartados desse plano. Infelizmente ambas as partes travam suas campanhas na certeza de que sua razão está correta e prevalecerá, porém o irracional é por a vida em prova, sabendo que a única certeza que prevalece é que haverá um derrotado. Se o mundo fosse um pouco mais feminino e materno - é uma suposição apenas - talvez o desenrrolar da história humana fosse outro.
Desde a mãe de Aquiles, passando por milhares de mães européias (nazistas, comunistas ou aliadas), as mães arábicas e orientais, tupis e incas, de qualquer região, religião; mãe, como diz o ditado popular, é uma só, e na dor de sua despedida é que se revela o maior combate de uma guerra.
"...
Este cemitério tão puro
é um dormitório de meninos:
e as mães de muito longe chamam,
entre as mil cortinas do tempo,
cheias de lágrimas, seus filhos.
..."
- Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro -
cecíliaMeireles