31 de agosto de 2010

ainda assim

No paradoxo de minhas palavras ainda haverão mistérios aos meus pensamentos. No futuro segundo da minha certeza eu preciso de um ser, ainda que fajuto, para acompanhar meu luto de uma vida só. Na cabeça do homem existe a felicidade, a sanidade através da ilusão. O mundo externo é dor. O mundo interno é a melodia original de cada trovador.
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...parece que vai ser nós dois até o final.

29 de agosto de 2010

velhas palavras de hoje

Estou buscando a paz que me havia.
Agora vago pelos pesadelos da rotina.
Tenho em face, falsidade de alegria;
Tenho em sonhos a coragem e minha sina.
Realizo meus desejos mais profundos
nos profundos onde não posso chegar.
Sentimentos de certezas oriundos
trazem a dor ao meu peito transpassar.
Transporto-me pr’um paraíso inexistente
onde a vida se refaz serenamente
e a alma ressuscita em otimismo.
Meu pensamento primo acordado se assusta;
As misérias e desastres o mundo ilustram;
Sou refém do meu próprio ceticismo.

                                                 (Ceticismo)
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De repente tenho me dado conta que faz tempo que busco algo que sei que não vou encontrar. Sou homem, a busca é vã e o tempo é ínfimo. Queria sorrir ao sol e entender a sua existência, mas não entendo a minha. Lucidamente me perco em minha própria ignorância.
P.S.: Versos a muito tempo escritos.

28 de agosto de 2010

Que Pº##@ é ESSA!

"!Os olhos se abrem e o que surge é uma ambiente facilmente reconhecido, encardido como um filme antigo. Saltam cores borbulhantes em flocos de neve dentro do meu apartamento. Sozinho vejo os movéis se ajeitarem novamente em seus lugares como se estivessem saindo de um terremoto. Quando sinto que estou recuperando a lucidez eis que me surge uma linda mulher, mais velha para os meus padrões, contudo ainda interessante. Vestindo um vestido bege, que revela uma cinta-liga ousada, ela me olha com desejo. Eu nunca me senti tão tomado por um olhar seco de mulher. Eu me senti um frango girando no forno do açougue. Aquela boca sedosa salivava em minha vontade, e eu já estava assustado, aquela pessoa me parecia familiar. Eu estaria sobre os lençois se um homem, que parecia meu pai, não intervisse no ato e assassinasse a sangue frio aquela musa desconhecida. Ele me perguntou se estava bem. Não respondi. Nem deu tempo. Em seguida meu quarto foi invadido por uma corja de mulheres semi nuas que abusaram do senhor na minha frente, elas agiam como se eu não estivesse ali. Após consumir a carne dos corpos estirados no chão do meu apé, elas sairam pela janela. Corri até o batente par tentar avistá-las, mas nenhum sinal de sua presença abaixo do meu 14º andar. Nem mesmo a avenida que havia antes existia. Meu prédio navegava  em alto-mar e conseguia avistar ao longe apenas alguns pontos brancos como icebergs. Eu não estava normal. Meu corpo fervia, parecia que estava prestes a se fragmentar. Fui até a geladeira. O prédio começou a tremer, os movéis a quebrar, o chão e o teto a rachar. Antes que fosse engolido pelo vazio, abri a geladeira e vi o fim do mundo: alguém havia roubado meu vinho.!"
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Notícia do Jornal no dia seguinte:
Jovem encontrado morto por overdose em seu apartamento.

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O estranho é que meu único vício era em Filmes B.

27 de agosto de 2010

Propaganda Eleitoral Obrigatória

Os nosso queridos políticos movidos pelo bom senso (como sempre) criaram uma medida que impediam os humoristas de citá-los em seus programas como modo de proteger a democracia brasileira. [Será?] Contudo ontem a noite saiu uma liminar no STF liberando as ações humorísticas.
Porém meus leitores, o que os senhores de Brasília não sabiam é que os humoristas foram mais rápidos e prevendo o que viria a coibi-los, interceptaram a mídia em um momento impossível de serem barrados. Eles estão espalhados pelo horário da Propaganda Eleitoral Obrigatória.
Eis alguns interessantes exemplos:
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E é claro! O Melhor na íntegra:
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"O circo pegou fogo.
O palhaço deu sinal.
Acode, acode, acode
a bandeira nacional."
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-Ah! Agora essa cantiga fez sentido.

25 de agosto de 2010

2x - Histórias de um mesmo mundo

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Toda Ficção antes de escrita oferece diversas versões.
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O Terno & a Chuva de Prata
Ele se prepara alegremente para o grande dia. A família na sala ansiosamente o aguarda para o desfile da realização. Naquele momento cada ente presente e amigo se realiza na conquista do individuo central da festa. O jovem diplomado será agora um profissional de sucesso.
Todos nos seus carros encaminham-se ao salão da formalidade. Sem espaço seus amigos se apertam para lhe oferecer um sorriso de vitória, demonstrando a ele que tudo valeu à pena. Todos os obstáculos foram vencidos. Agora cabe apenas ao tempo estabelecer as ligações e o universo conspirará para sua total satisfação.
A festa se encerra com a despedida dos colegas e a confraternização de todos os queridos que lhe estiveram apoiando durante todo o percurso. Na sua cabeça flutua a esperança de um sucesso duradouro. Ele está pronto para o mercado de trabalho.

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A Prata, o Terno & a Chuva
Chega mais cedo do trabalho, toma seu banho e se veste silenciosamente pra o evento, ouvindo o som da televisão ligada na sala, onde a família permanece na rotina. Beija sua mãe, faz um gesto ao pai, olha os últimos detalhes e sai.
Na rua caminha até um ponto de moto-táxi, fala o endereço ao condutor e observa o olhar de estranheza dos demais rapazes do ponto. Segue o percurso imaginando a tristeza dos seus pais por não terem condições de se apresentar no ambiente, já que gastaram todo o dinheiro no aluguel de sua roupa. Não convidou amigos, pois não sabia a quem enviar. A viagem acaba. Ele chegou ao salão.
Lá dentro se assusta com todo ar de grandiosidade que a festa aparenta, com as famílias alegres e com sua solidão envergonhada. Pede para a moça da organização lhe fazer companhia na entrada. Ocupa seu lugar no palco e espera o fim da cerimônia. Despede-se das pessoas com quem conviveu e toma seu rumo, pois tem a triste certeza de que sua vida não mudou. Amanhã no mercado ele vai ter trabalho. Pronto!
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Isso porque a ficção é apenas parcela da realidade.

24 de agosto de 2010

Triste Constatação



O menor mês do ano é aquele no qual estamos de férias.


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Sabe aqueles filmes em que o personagem fica preso em um dia e tem que lutar pra sair da prisão temporária, pois é, todos os que vi estavam trabalhando. O tempo acelera quando a gente não quer. (rs) Como eu queria ser prisioneiro do tempo agora!

16 de agosto de 2010

Solitária arte

Aquilo é somente seu. Ninguém mais sabe fagulha sequer sobre o assunto.
As pessoas sentam ao seu lado no ônibus comentando o ocorrido; A família sentada a mesa de jantar conversa sobre o tema; Os jornais televisivos noticiam a absurda notícia em torno do desconhecido. O mundo conclama informações, mas ela calada vive sua rotina na satisfação singular de se reservar a ver o tempo correr.
As palavras não proferidas traz vida a uma oração silenciosa.
Neste momento ninguém é mais sábio do que o autor da proeza de se calar. A vida lhe é clara pela realidade conhecida, ela está a frente do que é coletivo. Ela é única e especial.
Segredo só existe enquanto particular aos interessados. O resto são versos cantados ao vento.
-Vou te contar um segredo: "Segredo não se conta!"
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Esa mañana Olivia vio su foto en el altar.

15 de agosto de 2010

Homenagens aos Amigos de Batalha

Aos Bacharéis em Administração  da Turma 2010.1 da FAJ.

Chega o momento em que a saudade bate mais forte, revigorando as lembranças vividas em quatro anos “pra uns” e, mais do que isso, para “outros”. A turma que aqui comemora o fim dessa etapa é especial pela “DIFERENÇA”. Pessoas de várias regiões, culturas, crenças, que tiveram que conviver com a mutação do corpo discente durante todo este período. O pessoal que iniciou o curso no turno noturno não imaginava tantos agregados...
Como já dizia um personagem do desenho CAVERNA DO DRAGÃO: “As empresas não são ilhas”, a gente reafirma lembrando que “As pessoas também não são ilhas”. Contudo, conviver é uma arte difícil, e se tem uma coisa que foi gerada entre as pessoas deste grupo bonitinho que está sentado ali, foram os CONFLITOS, mas o conflito é o primeiro passo para o conhecimento.
Então para conseguir chegar até este momento de alegria foi necessário se associar a pessoas que tinham algo em comum ou ofereciam algum benefício em sala de aula para que pudéssemos sobreviver naquele CAMPO DE BATALHA.
A partir dessa mistureba alucinada foi que se deu o surgimento das famigeradas “panelinhas”. A geografia da sala se consolidou mais ou menos assim:

Do lado esquerdo da região de conflito, o grupo das MULHERES SUPER-PODEROSAS:

Em papel de destaque a 'loura' abusada Paula Ramos: pitaqueira e barraqueira de luxo, a mulher das opiniões fortes e sorriso infantil. Levando os trabalhos da equipe à frente e controlando as palestras de nosso querido amigo Jorge Brito, o contador de histórias, demonstrava todo o seu jogo de cintura (agora mais fina).
Lívia: Discreta em suas palavras e enérgica em suas ações. O frio de sua Maracás não diminuiu o calor amigo que existe dentro dela.
Vanusa: silenciosa em aula e falante aos intervalos. Possuía uma grande capacidade de observação das avaliações alheias, o que pressupõe facilidade em atividades primitivas como a PESCA.
Daí, a Umburana: discursos eloqüentes para iniciar palestras, e criticas saborosas para reuniões secretas.

Ao lado ficava do grupo das PAQUITINHAS DA CIDADE SOL:

Na direção da patota Audinéia (atenção ao nome: AUDINÉIA), vinda das Contendas para conquistar seu espaço ao Sol. Paciente e eficaz em suas atividades.
Cati: Meiga antes de tudo, uma boneca de fala suave e olhar encantador. É quase uma componente dos Ursinhos Carinhosos.
Zaine: a camponesa da embalagem da Alfazema. Um doce de mulher, atraente e agradável. Mais uma de nome inusitado.
Mitchelli, como diria o mestre Tommy Lee Jones; A chelli para os íntimos é uma menina fantástica. Seus cabelos esvoaçantes tornou-a preferência entre os tiozinhos.
Carol Paiva, a Beyoncé do nordeste. Exibida ao extremo em tudo que se proponha a fazer. Impagável conviver com essa Barbie de pilhas duracell intermináveis.
E Tia Andi, a mãezona. Vendedora ininterrupta dos calçados chiqueterrímos, e produtora dos comentários mais orgásticos em momentos inoportunos.

No finzinho da parede, quase saindo pela porta fica um trio especial:

Jessica: a Loira Gaza. Risonha e fashionista. Alegre por tempo indeterminado distribuía sorrisos a cada olhar.
Cléia: quietinha e delicada. Dona de curvas interessantes e olhar felino. Ocupava muito bem o seu espaço.
E Ana Nery... (Só me arrisco a falar na presença do meu advogado!) Brincadeiras a parte Ana marcou nossa história, revelando-se uma ótima jornalista, Boa pra Cachorro. Saiba que você tem nosso carinho.

A frente do Trio em direção a mesa dos mestres, aparecia o Grupo GLOBELÍSTICO:

A Frente, na tela da TV e no meio deste povo, a própria Globeleza Nailú. Capaz de tornar um pensador do mundo dos negócios como McGregor em um funkeiro como MC GREGOR. ...sem comentários!
JP, o Radialista. Pé de valsa de primeira categoria, farejador de festa e animador de platéia. Participações acadêmicas esporádicas, sempre de grande intensidade.
Otília: O Cantor Lenine diria que ela é ‘magra, leve e calma... ’ Mas Lenine nunca viu a magrela nervosa. Sai da frente o caminhão que vai passando o furacão de menor espessura da história. Ainda assim era o pilar de sustentação do grupo.
Janaíne: a mulher das grandes sugestões (vai dizer que você não preferiria fazer um curso de férias na praia). Jana do Cabelo cacheado, das discussões engraçadas e sorriso fácil.
E o Casal. Quando não estavam namorando fora da sala de aula, ou no caso de Jr. Fazendo bico de cobrador com uma pochete gigante, viviam entre tapas e beijos. É uma dupla que se soma; Junior com a gaiatice e Lane com o trabalho duro. Só não misture Jr., Lane e vinho.

Na fronteira entre grupos habitava uma estrela solitária de brilho intenso.

Naninha, Ivana para os menos íntimos. Meiga e carinhosa era uma figura de adição a todos os grupos. Parafraseando Marisa Monte: Ela era de ninguém, era de todo mundo e todo mundo a quer bem.
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Do mesmo modo se junta a nós hoje, Célia, a poetisa. Romântica e sincera. A mulher das palavras belas.
Não podemos esquecer das inesquecíveis palestras, seminários e monografia sobre a Ebal do nosso querido amigo Augusto.

Na ponta da mesa dos professores o Grupo dos “AJUDA NÓIS QUE NÃO TEM TEMPO”:

Chefiado por Carol Ribeiro: a menina de Itagi, pregadora contundente e queridinha dos professores. Sempre lhe cabiam umas palavras a mais. Uma menina incomparável, uma mulher sensacional e acima de tudo isso uma excelente amiga.
Mirela: Moleca do sorriso solto, cheia de graça. Como diria lorde Byron das aulas de Direito: A verdadeira bonitinha da Laje.
Alan: o Top Model da turma. Garoto fashion e menino mimado do grupo, de estranha origem gramatical, filho de TRAVESSÃO.
Cleiton: Sertão fofinho, vendedor das mais variadas bugigangas, e o bom de lábia. Depois do photoshop do convite tem gente fazendo campanha eleitoral.
Édco: Um gênio em forma de menino. Chegou aqui com uma mala na mão e um endereço na outra. E a fala: - ÉÉÉ que eu sou do PROUNI e eu vim de ‘Blumado’!”
Rafhael: O rei da não pontualidade, mestre do enrolation. O boa praça e apaziguador dos conflitos em sala de aula.

No Fundão, região revolucionária, ficava os INDEFINÍVEIS:

Na guarda do controle, Frankney. Pacato, Discreto e de uma ironia fenomenal.
Ao seu lado Ossimar, o homem de nome musical. (OS-SI-MAAARRRR). Sereno demais, um Tiago Centrado, mas sem Viadagens.
Márcio, o viajadão. O homem bomba de mente incontrolável e teorias alucinadas sobre o porquê da vida, o porquê de tudo, o porquê do por quê? Filósofo virtual da vida real.
Déia: Carinhosa e carismática. Quase não se entendem o que ela fala em português, imagine se ela falasse em japonês. Menina nipônica do coração latino.
Carla; em sua homenagem eu proponho um minuto de silêncio. ... Isso era na sala, pois fora é uma mulher tagarela. De Apuarema para o mundo.
Paula Jaqueline, a menina que perdeu os cabelos mas não a Inteligência. Uma Sansão do mundo acadêmico.
E a Comandante mor dos comentários ácidos, Helissan. Mulher de pulso forte, cintura fina e busto farto. Destemida em suas jornadas e vibrante em sua busca.

Ao lado, a boyband dos ITELECTUS OPERANDIS.

O mentor, o ser estranho de capacidade desconhecida de realizar proezas inimagináveis no oculto de seu inconsciente para que se expresse em nossas vãs rotinas, o excepcional Evandro. Um Herói de mangá extraído da ficção cientifica mais absurda.
Mateus: Aquele que dorme ainda que pareça improvável. Passa um trio elétrico, explode uma bomba atômica, Jovino dá um piti, e ele dorme. Quando acordado, conserta o cabelo, faz cara de bom moço e ainda pirigueteia em plena sala de aula.
Neto; dom Juan de Marco paraguaio. De discursos interessantes, apesar da gagueira crônica de seminários. Safado amigo Alegre.
Bocoió ou Arlen, o cheio de graça, vocalista da banda e animador dos encontros acadêmicos nos bares da cidade. Fique tranqüilo meu amigo, Não irei revelar sua verdadeira idade.
E Tiago. O gogó de ouro, uma voz de locutor sedutora e envolvente, usada às vezes para imitações únicas dos professores caricatos. Um socializador de idéias, e mediador de encontros. Como diria OLINDO Tommy Lee Jones: Perfeito!!!

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Existe aqui um hiato, uma dupla que torna quase impossível a diferenciação das personas. Como a camisa e o botão, Como a caneta e o papel, como a chuva e o verão... Como a Camurujipe e a Cidade Sol, aonde uma vai a outra vai atrás. Essa amizade realmente se consolidou. É assim com a dupla dinâmica, menina Tina e a Branca de neve, Camila. Pessoas acima de tudo amigas.

E por fim a Turma do BOLINHA:

Pra causar impacto começamos por Rogério. O homem midiático, jornalista e jornaleiro, presente em todos os processos de produção, do input ao output. Bom de bico.
Sergio, e não Jorge. Sergio. Presente mesmo na ausência visto às listas de freqüência. Invertendo a lei da física, fazendo com que um corpo ocupe dois espaços ao mesmo tempo. Um bom Rapaz de danças excêntricas.
Joabe ou Agatão, o garoto da fala mansa. Comediante stand up, e nas horas vagas agente no setor educacional. Um alívio aos dias de tédio. E Outdoor nos dias seguintes as vitórias do Vasco.
Robertinho, Órfão dos saudosos Igor e Fernando, adotado por Agatão. Menino dos olhos das meninas da sala. Bombadinho e engraçado. O rei do suquinho.
E O Líder Geral da nação, Enéias. Discursos históricos e cansativos. Mas estava sempre disposto a soltar o seu português peculiar, abrandando os momentos de maneira edificante. Em 2012 o meu voto é seu. E Sei , que seu nome é ENÉIAS.

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Visto aqui todo esse emaranhado de personalidades distintas, fica evidente a complicação de se habitar o ambiente onde essa mistura se fez. Ainda assim, é com grande alegria que é chegado o fim. Saudosamente vamos guardar cada intriga, cada bate-boca, cada arraca-rabo que nos foram proporcionados. Isso fortalece a amizade e a certeza de que fomos sinceros e honestos com nossos princípios e ideais.
Esquecendo dos contratempos e partindo aos finalmentes, saibam que cada um tem seu espaço guardado em cada coração aqui presente. Coração que bate alegre pela conquista, triste pela partida e convencido de que o amor fraterno se fez existir, nos mais variados momentos desta batalha coletiva. Sucesso a todos em todos os momentos vindouros.

Hoje nós já vencemos.

9 de agosto de 2010

Lembrando dos meus...

Quando todo meu egocentrismo se desfaz depois que a lua me cai sobre os olhos, e eu passo a devanear aleatoriamente pensamentos instigantes, é que consigo perceber a imensidão territorial do planeta. A melhor forma do homem mensurar a magnitude das distâncias está na saudade, este catalisador de reações íntimas que o ser humano não consegue reprimir.
Agora me detenho a lembrar da ausência daqueles que já tive e também daqueles que penso ter. Os amigos se espalham pelo globo como um delicioso mosaico de sensações e recordações, alimentando nossa alma de lembranças alegres, ainda que passadas ou imaginárias.
Imagino o que pensa aquele estranho amigo de pensamentos concisos que agora me lê sentado em sua cadeira giratória enquanto resolve problemas burocráticos em uma universidade na cidade vizinha. Ou o que imagina minha sonhadora amiga que na capital do país exerce função também burocrática, escutando talvez um rock local ou passeando pelas avenidas sem fim. Enquanto ao mesmo tempo tento imaginar o que ocupa meus amigos, agora, soteropolitanos em suas rotinas de curso, faculdade e recrutamento. A praia ali do lado e eles cheios de afazeres. No balcão do comercio outra figura também importante se permite sonhar sem compromisso, será isso ou  o patrão vendo seu ócio determinou uma limpeza nos materiais. Lá na Europa, do outro lado do atlântico, a menina que não conheço, segue sua vida sem roteiro, com seus costumes, suas palavras. Cá numa cidade sem saída, minha amiga se permite umas férias de descanso. Segue o balanço da brisa e sem pressa espera o tempo passar. Ainda há  aqueles que dividem comigo o endereço e não conheço seus descaminhos de agora. Devaneando me passa a hora e percebo que sou tão pequeno no mundo que me assusto com o que o tempo me possa tomar.
O planeta gira em torno de si e em volta do sol. Meu relógio segue sem que eu determine. É difícil imaginar o quão desconhecido pode ser a vida. Histórias que em algum momento se cruzaram, e que agora seguem distantes suas venturas. Daí a alegria de sermos enquanto estamos. Sermos intensos e reais. Sermos amigos. É nessa capacidade de ser que nos perpetuamos apesar das distâncias. Tenho alguns amigos que se foram deste plano e continuam me estar.
Hoje a saudade me bateu à porta e sentou calada. Eu precisava falar.

8 de agosto de 2010

A Paternidade

Enquanto o mundo ainda dorme o seu sono merecido em mais um domingo de inverno, vejo meu terno pendurado no cabide empoeirado com o tempo e envelhecido com o uso. Meu discurso juvenil deixa de existir para o cumprimento de uma nova missão. Com os olhos na vida e com o coração na mão me lanço nesse novo espaço onde meu laço de amor é incondicional.
Neste segundo domingo de Agosto eu sinto o oposto do que imaginava: ser pai é mais do que as obrigações e responsabilidades, é fazer de um tudo, ainda que irresponsável e inconveniente, mesmo que humilhante e envergonhador, para tirar daquela boca banguela um sorriso sincero. A paternidade é namorar com o  inesperado sabendo que ainda assim será possível presumir o quanto se pode ser feliz depois. Enquanto o filho espera sempre muita coisa do pai, o pai apenas espera do filho que ele se mantenha 'filho'. O meu moleque tem apenas um ano de vida, e quando tiver 90 anos não será diferente. Isso é a eternidade de um amor.
Ao meu Pai deixo um muito obrigado sincero por tudo, pelo amor, pelos ensinamentos e pelos genes. Ao meu filho, dou-lhe o mundo e espero estar com ele sempre que puder.
Feliz dia dos pais a todos!

3 de agosto de 2010

Esse texto é pra VOCÊ

Todos os dias eu te vejo distante e não tenho a chance de te levar comigo. Sei que sou teu amigo, se assim não fosse você não me teria tamanho carinho, contudo meu tempo é tão insuficiente que o demente aqui não se permite uma olhadinha singela naquela palavra que você tem pra me dar. Eu sei que parece ser proposital, mas na verdade é um mal que não consigo evitar. Sou temporal, meu defeito maior. Se fosse viver em dias de 50 horas teria tantos espaços vazios como hoje, e a mesma estranha predisposição para viver. Quero te ler, mas não lanço mão de meus momentos perdidos. Cá no escuro da minha sala de leitura tenho a certeza de que perco muito da vida na ociosidade de não me arriscar. Eu me detenho do novo. Sou um fraco menino amarelo de costumes arrojados na imaginação.
Você que se esconde na estante é algo que me faz sentir especial. Não consigo entender teu valor, mas saiba que onde for levarei a imagem da beleza que me proporciona sentir. Tua marca maior é me fazer bem, e eu quero também te oferecer o melhor, só preciso perceber que seu minuto é tão sagrado quanto o meu. Apesar de meu esquecimento saiba que ainda alimento um sentimento sincero a respeito de todo esse teu carinho. O meu lamento é não ser melhor. Vou sair da cama vazia e te abraçar calorosamente. E num momento presente estarei a te ler.
quero perder-me em tuas palavras

1 de agosto de 2010

Ritos de Passagem

Do Velório ao Enterro
Chego e a casa está cheia. Pessoas desconhecidas reunidas sob o mesmo teto em um pequeno espaço disputando a chance de se solidarizar. Estar ali já representa uma mensagem aos moradores. Lá fora a chuva cai constante, uma pequena garoa irritante que não cessa. Uma imagem romântica que a natureza inconscientemente nos oferece de cenário. Entre as paredes dos cômodos os anfitriões se derramam em tristes lágrimas. No centro da sala uma moldura da dor e da despedida. Ao mesmo tempo que tudo transparece desespero pela saudade já intensa, é na crença de uma incerteza que o alívio começa a surgir. Vem a cantoria, os louvores e as rezas. Independente de que livro lhe é o caminho, o espetaculo dos costumes nos apresentam a beleza da coletividade anônima. Vozes nunca antes reunidas entoam unissonamente os versos esperançosos de uma ladainha antiga. A dor se transforma em gemido, os gemidos em gritos, e todos os sentimentos primitivos se revelam em silêncio molhado de sal. A família chora.
Lá fora ainda continua a chuva, mas ainda assim começa a caminhada final daquele que sobre a madeira descansa de sua luta. A rua se enche de guardas-chuvas distintos, pés molhados e silêncio sussurrante. A paisagem se transforma e o último endereço é adentrado por todos os participantes. A homenagem da morte é um manifesto à vida. Descem o corpo, a terra o abraça de maneira fraternal como quem diz "vem cá meu filho!". A luz desaparece para ele no mesmo instante que sua embalagem se esconde de nós. Mais um homem foi plantado, que suas qualidades se ramifiquem e adubem as sementes que ficaram no tempo.
Depois de todo o ritual fica a certeza da lembrança que acentua imagens antes desimportantes, momentos antes esquecidos, gestos insignificantes. Qualquer segundo de recordação é uma imensidão de sentimento. Na hora do adeus, o que resta é a magnitude da presença.