31 de dezembro de 2011

2012




Chega sempre um novo tempo para sermos melhores do que fomos. 
QUE SEJA ASSIM ENTÃO.




...
FELIZ ANO NOVO!

Hey, Jimmy!

Jimi Hendrix - Hey Joe

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Ele dormiu num domingo de ressaca, numa madrugada natalina onde a visita não era de rei, mas do fim da agonia. Tristeza é uma palavra fria, mas resume o sentimento que se instala no olhar dos amigos de casa, nos inimigos de circunstâncias, nos admiradores encantados por sua lealdade. A vida é um ciclo, assim ele retorna a natureza e nos mantém a imagem pomposa da beleza de um amigo.

Adeus!

21 de dezembro de 2011

Duas Meninas

Foi numa tarde de terça que o destino se mostrou indecifrável. Foi numa história de duas pessoas queridas que ele revelou as minúcias de suas travessuras. Quando menos esperávamos aconteceu o que já era previsto, e aquele misto de sensações no arrebatou a todos.
Eram unha e carne, quase um mesmo sangue. Mas foi num tempo distante de agora que essas almas se encontraram e se uniram numa relação de várias idas e vindas, de variáveis trajetórias. Ainda inocente era a crescente afeição de duas meninas que perambulavam pela cidade, e ao tempo em que tudo permanecia no seu devido lugar interiorano, seus valores e suas ideias iam mudando conforme a sua formação de mulher. Eram garotas belas, de sorrisos fáceis, de alegrias intensas e encantadoras. Eram simplesmente elas, duas meninas na vida. Mas o tempo passou e os caminhos se deturparam e as histórias tomaram rumos próprios e singulares.
Nesta última terça, enquanto uma subia ao céu a outra descia ao chão, num desses paradoxos que a vida nos proporciona de maneira imprevista. O corpo que subia iria pousar em um novo destino, rumava ao seu equilíbrio, a sua nova chance de se refazer em busca das prioridades que talvez ainda não tenha definido. O tempo aqui ainda é seu e ela tem pelo que lutar. O outro corpo se acalentava nos braços do desconhecido num sono que não podemos compreender ainda, calado e inerte descansava dos últimos tempos de labor e sofrimento. Foi só um momento, mas crendo na melhor das possibilidades agora sua alma invade os nossos corações como que guardando o melhor em cada lembrança de felicidade que nos foi possível dividir.
Agora resta apenas o registro de que eu vi essa amizade nascer, crescer em suas nuances particulares e se eternizar já que o amor é sim atemporal. 
O caminho é o que nos faz viver. Quando ele se encerra ficam os passos de quem se permitiu trilhar pela vida de maneira intensa. Afinal, já que vai ser breve, que não seja em vão!
Lembranças de dois sorrisos...
...de duas viagens.

10 de dezembro de 2011

Ah, dezembros...!

...


Chega sempre um dezembro 
de atos estranhos 
quando os sonhos de tão bons 
me parecem infantis.


...

8 de dezembro de 2011

2 Lados de uma Porta

Quando ela acordou ele não estava lá. Era tarde e ninguém mais se arriscaria a lhe mostrar o caminho. Sozinho ele partiu pra um novo mundo distante daquele que ela havia imaginado. O ato de partir criou um vão no peito de uma mulher sem razão, onde as variações de sentimentos eram notas de uma melodia improvisada. Agora a danada da vida lhe apresentava de novo o chão do poço, sem seu moço de carinhos contínuos, sem seu elo com o mundo real.
Aquele plebeu sem cavalo branco sumiu no meio do povo sem o medo que imaginara antes de se permitir andar. Seu rumo moderno e imprevisível lhe possibilita a chance mediana de se encontrar feliz. Cortou em si a raiz de uma dor que não cessava. Agora a luz que incide em sua face ressalta a graça de quem se descobre no mundo sem mágoas , sem farsas, sem pesadelos.
...
Quando ela acordou ele já havia sumido. Seu grito de liberdade havia espantado o autor de um fado lamoroso que lhe enchia a mente e a culpa vã por desilusões alheias. Estava cedo para se acorrentar em um mundo de movimentos programados. Seu estado de espírito era de uma menina que acabara de compreender  a força que tinha e transparecia no brilho do olhar sua gana pela sedução das oportunidades.
Aquele que esbarrava aturdido no meio de uma multidão sem feições, guardava nos olhos as gotas cálidas da depressão de uma entrega. Havia ali partido um peito apaixonado que não sabia bem aonde ir. Sem entender direito seu caminho não definia o contraste entre céu e escuridão, a passo que cambaleava por esquinas tortas de sonhos avessos. Seu verso sem graça enchia as páginas de cadernos imundos num baú  de madeiras apodrecidas. Ali não havia mais vida.



E depois eram dois ... distantes.


¨

25 de novembro de 2011

Curva dos mundos

Olhando pelo retrovisor vejo a estrada se escondendo a cada novo lance dessas curvas que se espalham intermináveis e cada vez mais constantes em minha vida. Será só o meu caminho que parece tão tortuoso, ou será egoísmo da minha parte acreditar que eu fui escolhido pra caminhar mais ao desconhecido? Duvido!
O caminhar é o mesmo para todos apesar das particularidades de seus caminhos. O destino final é resultado da direção e do objetivo do condutor. Sinto que o muito de experimentação de agora serve para validar cada passo futuro, ou cada conquista. De certo é que as paradas tem servido para entender a efemeridade das coisas e da vida, e me feito entender um pouco melhor a minha incompreensão.
Vá com calma e respeite a sinalização de suas vias... Mas nunca deixe de seguir em frente!

Sinto que apesar da habilitação, preciso de mais prática!
rsrsrs

21 de novembro de 2011

mooi ding***

Jack Johnson - From The Clouds [Alb. To The Sea][Brushfire]

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Sem embaraços, os laços que nos unem também são os que nos sufocam.
Ainda ontem minhas juras se faziam demandas intángiveis de devoção
agora somos pó e vento na mão de um sentimento
que existe apenas na lembrança de um tempo bom.
Tempo que passou...





"The more love that you feel
The more your little heart will ache
Love is the only thing that carries on
It's the only thing this world can't take
This love is ours"

Two men and a half in an empty house

Chegou o fim de um fim de semana de sutilezas e cumplicidades. Éramos três solteirões eventuais ilhados em nosso lar, uma área de aproximadamente 300 m² divididos em mais de 25 espaços diferentes, que se resumiu em uma cama bagunçada e uma TV cansada. Aqui convivemos e partilhamos da sabedoria, da curiosidade e do hiperativismo, características próprias de cada ente diante a vida e suas perspectivas.
Experimentando as possibilidades desse mundo atemporal absorvi a beleza e criatividade de uma criança de 50 anos que se admirava observando as vontades ranzinzas de um senhor de 2 anos assistindo sua programação. Entre pulinhos sob o chuveiro e o ronco gostoso de quem se cansou de tantas travessuras vivi o prazer da paternidade, tanto o amor concedido a mim, quanto a minha doação natural.
Sozinhos nos viramos em uma rotina de pequenos detalhes sutilmente deliciados, desde o trocar de fraldas, um café mais forte, um almoço doce. A graça da vida em certos momentos é a incerteza de cada novo sabor. Nos demos bem. Mais o tempo passou e hoje minha cama está vazia. Mas amanhã talvez eles passem por aqui, talvez assistir um jogo, tirar um cochilo, ver Ben 10, ou até mesmo rir da minha cara besta ao vê-los se divertindo da minha impaciência.


Sob meu olhar me transformo em uma imagem que nunca havia imaginado.
-sou pai

14 de outubro de 2011

Subentendido

Adele - Lovesong

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Temo ter decifrado os códigos que você insistem em não revelar. Suas orações secretas publicadas ao ar livre me inibem quando ainda penso em me aprisionar. Valerá cada segundo no mundo o momento em que você partir para a sua felicidade. Nessa nossa idade já não nos cabe a ignorância de não se fazer entender.
Foi o vento que soprou errado ou o lado do mapa que estava posto de maneira equivocada, mas o sol só nasce do leste, e meu ser silvestre não acredita em sua própria iluminação. Ele puro, bruto e inalterável. Eu, agora,  sou homem domesticado, flexível as variações do tempo, do tempo teu, do tempo nós. Mas na conjugação nos separamos para deixar acontecer o que não podemos impedir. O peito bate sozinho em seu ninho rubro de sentimentos.
Hoje não há mais momentos para citações. Quem te escreve sou, sem a mascara do autor utópico. Que seja feita a sua vontade nesta terra como em seu coração...


Um brinde a quem está disposto a viver!

12 de outubro de 2011

FM 12.10





"Meu coração bate sem saber
que meu peito é uma porta 
que ninguém vai atender."


Arnaldo Antunes
"Meu Coração"








4 anos

Hoje este espaço virtual faz mais um aniversário.
Parabéns para o BM!
...
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Diversos Layouts
e uma história íntima de experimentação.



Obrigado a todos que fizeram 
e fazem parte desta aventura!


Sr. ERRADO

Existem pessoas que nasceram iluminadas por estrelas mágicas que só atraem belezas e amores, existem os que infelizmente nasceram em dias nublados e tem a difícil tarefa de conviver com a chuva diária de sentimentos. Eu não sei ao certo o tempo, mas quando nasci garoava levemente e ao fundo era possível ver o sol brilhar, daí minha triste e enfadonha sina de ser o mestre em desiludir, em amar e não cuidar, em ser um popular solitário.
Não, não quero me fazer de vítima. Nessa história infelizmente eu sou o vilão, aquele que cultiva as flores para vê-las murchar no vaso sobre a mesa. No meu íntimo tenho essa infeliz facilidade devido a paternalidade com que cuido das queridas belezas que me cercam, mas na verdade sinto que sou doutor mesmo é na arte de sacrificar meus desejos em prol da certeza de que não serei eu a machuca-las, mas inevitavelmente é isto que acabo causando.
A dor proveniente da desilusão é a ingrata dúvida constante que não tem resposta devido o meu turbilhão de incertezas particulares. Eu sou o homem dúvida, o ser incerto, o mais perto do que se pode chegar da indefinição. O Sr. Desilusão que me criei é um monstro ingrato que invade o peito das donzelas indefesas e intocáveis que eu nunca deveria conhecer. Honestamente não sou um galã, nem um vigarista, não sou herói, nem destruidor, mas é esse intermeio de seres, indecifrável, que apresento para o mundo, que me envergonha e me emudece. 
Seria melhor se eu não amasse, se eu não fosse assim tão eu, se o mundo fosse pura dor e realidade, assim minha fantasia de romantismo não atingiria ninguém, nenhum coração perdido esperando para se encantar. Eu me condeno por cada lágrima alheia derramada, mas espero e torço para que minhas amadas se encontrem em braços que saibam as acalentar. 
Sou um ser errante, amante, errado.


9 de outubro de 2011

*filosofia de boteco...uM






"O que não muda é o fato de mudar."


...

kd o q eu qro...?


Na pressa de me entender esqueço de ser o mais claro possível. É nesse escuro privado que me proporciono que as coisas mais óbvias se escondem. Não sei ao certo o quê, nem os porquês de tantas idas e vindas, mas sinto que o caminho confuso que trilho, fui eu quem criou.
Nas subtrações espontâneas que me permito dos sentimentos que não quero aceitar surgem fagulhas de incertezas que me habitam constantemente na continuidade dos meus dias. Na demorada maneira de acordar pensativo ao deitar inquieto vivem angustias e delírios que não me deveriam ocorrer. Não sei o que quero, nem o que não quero, e minha busca às vezes se perde do sentido correto. O que sei é que vivo, inquieto pela minha alucinação corriqueira de querer o que não compreendo, e assim vou relendo em meus dias as dores, amores e alegrias de ser esse errante em campos selvagens de experimentação do conhecimento.
Saberei no final da linha do tempo se deu certo o fato de me ser assim, no gosto do beijo, ao jeito do corpo. Louco, sinto que sou normal enfim.

4 de outubro de 2011

eu vivi o melhor

Meus melhores momentos:






...dentre todos os outros momentos inesquecíveis.

Rock - entre a pedra e o mar.

Uma multidão caminha sob o sol na cidade entre a pedra e o mar. É para lá das águas da lagoa que aquela procissão se direciona, numa ânsia infinita de sorrisos discretos tentando disfarçar a satisfação de ter chegado. Primeiro é o silencio de se perceber, depois a euforia de se apresentar. E sob a imagem do mundo que lhe impulsiona cada individuo a sua maneira registra sua conquista.
Todos juntos numa direção pelo som que mexe com com nosso espírito, com nosso fervor quase celular por se entregar ao delírio de ouvir, ver e compartilhar essa tal felicidade que nos abriga. E começam os shows, as vozes se fazem ecoar, não apenas daqueles que estão ali para mostrar seu trabalho, mas principalmente daqueles que querem demonstrar seu amor, sua alma incansável. No Rock o que menos importar é a idolatria pela figura, mas a alucinação pela mensagem. O coro unido comove até mesmo o autor tão acostumado a ouvir seus versos, e as vezes basta uma onomatopeia para fazer brilhar os olhos de quem está acostumado aos grandes eventos. Não sei exatamente quantos estavam ali, muito menos quantos queriam estar também, mas posso afirmar que em cada um que se aproximava da ideia de lá estar ali abria-se uma caldeira de emoções ao som do primeiro acorde.
Depois veio o cansaço satisfeito de ter se permitido, veio o alívio por ter presenciado, a certeza de que se fez parte da história. E numa caminhada de espíritos molhados pela chuva de um céu entristecido por ver o fim, caminhava ali a certeza de que nos próximos haverão ainda mais motivos para se comemorar. No próximo meus amigos, estaremos juntos.

2 de outubro de 2011

Dimensão do Som

Lá dentro da cidade existe um mundo de histórias não contadas. 
Existe a graça e a desilusão de sentimentos.
Em meio ao barulho existe o silêncio de se estar feliz.







Chamar aquele espaço de cidade de certa maneira é minimizar a dimensão que ocupa dentro de cada um.

29 de setembro de 2011

Rumo ao Rock

Quando a vontade de estar é intensa, é preciso ser ousado. 
Com a cara e a coragem vou me lançar.
Afinal é preciso se lembrar de celebrar muito mais...



Carrego comigo os meus!

22 de setembro de 2011

sEr TERNO

A gosto do vento que me soprou a face o mês se desdobrou em situações intensas. 
Desiludi-me da desilusão e me apeguei a solidão como parceira, fui ao compromisso dos dias de feira e aos fins de semana também, postei meus dias em um calendário corrido que não encontro mais, vi a noite crepuscular em uma lua laranja soberba sobre minha casa, senti o frio sisudo do amanhecer enevoado das ruas que me encaminham, aterrorizei meu lar em comemoração a minha santa ignorância e fui abençoado sinistramente por um azar avassalador. O mês passou e eu sobrevivi, até aqui.
Agora sou outro em outro mês, sem temores, sem assuntos que partilhem o caminhar. Eu sigo minha rota de maneira quieta, sobre a bicicleta mansa do tempo. Meu lamento se suprime na expectativa da alegria vindoura. Virá a hora de ser feliz, virá a todos, o mundo é mais feliz quando é feliz junto. O meu assunto de agora é esse de espectador. Assisto a alegria alheia me completar. Amo os amores que se completam, brindo as ternuras que se espalham, vivo a sabedoria que me permito ao entender que o mundo segue.
As novelas são a representação dos desejos, vou atuar na minha, um novo enredo se escreve a cada segundo. A tela se abre, me espalho no mundo.
TE vejo por aí.

20 de agosto de 2011

in-finitude

.


Através da neblina estranha
a lua me debocha em seu sorriso
Fico em sobre aviso para o tempo
e a tormenta me abraça em pleno Agosto
Sei das falhas em meu rosto
e assumo minha culpa intolerante
Sinto antes e depois
a infinitude do durante
como o infeliz amante da solidão
Agora as horas são dos fins
sem encontrar o caminho
Chegaram as partidas
nessa sinuca de vida


.

19 de agosto de 2011

...na fila do pão

02 - tudo passa - Marcelo Camelo

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O errar é humano, o julgar talvez mais humano ainda. Seria um fim sem versos nem prosa se na hora do adeus o ponto final não fosse replicado em reticências. Nas madrugadas e tardes desse inverno de garoas, as palavras que voam por ondas invisíveis proferem veneno e sangue numa dor que tenta se acalentar. Tudo simples seria se o vão me consumisse e eu enfim sumisse desse cenário de caos acomodante.
Naquela história onde habita a dúvida eu mesmo me confundo com as variações da certeza. Numa ficção a graça da trama está nas possibilidades variantes de verdades que se escrevem, na vida real ou se é isso ou aquilo, tudo o mais é condenável. Cansei de tentar me explicar e até de tentar me entender. O mundo me abusa em suas insinuações.
...até quem me vê na fila do pão sabe mais de mim do que eu mesmo.
Durante meus digitares abri um sorriso, não pela lembrança amarga do que o imaginar alheio possa se inventar, mas pela certeza de que mesmo que indiferente o outro ainda perde tempo só para pensar em mim. Mas tudo bem, tudo passa....

16 de agosto de 2011

Sempre quis ser o Heath Ledger

Enquanto eu nascia Matthew Broderick andava pelas ruas de Manhattan numa Ferrari com sua namorada e seu melhor amigo, isso quando não cantava “TWIST AND SHOUT” em cima de um carro alegórico. Eu só fiquei sabendo disso uns 13 anos depois.
Já na casa dos 20 rememorei minhas lucubrações juvenis nas aventuras mais naturais e absurdas que o cinema me ofereceu. Imaginei-me Jesse Eisenberg se apaixonando pela decidida Emma Stone enquanto eliminava zumbis. Já fui o Joseph Gordon-Levitt derrubado pela encantadoramente estranha Zooey Deschanel, porém sempre estive mais próximo de ser o Michael Cera desiludido que se encontra nos olhos brilhantes e no sorriso de coringa de Kat Dennings. Sempre tive uma queda maior por mulheres desajustadas.
Mas voltando aos 13, quando ela me apareceu com aquele sorriso desordenado roubou meu deslumbramento inocente. Julie Stiles nunca foi um ícone de beleza, mas a minha certeza se consolidou naquele instante. Eu sempre quis ser o Heath Ledger, mas me faltaram a coragem e a ousadia. Perdia tardes enamorando as possibilidades inexistentes.


Pela tela eu me apaixonei diversas vezes, e o melhor é que essa paixão me continua.

14 de agosto de 2011

...destinosss


O menino e o escuro, de FhaelDrade





...
Caminhar no escuro
oferece o incerto sabor
de se sentir inseguro.
...











...a beleza mora no risco.

13 de agosto de 2011

Atlas Desordenado

Era eu, o silêncio e a companhia. 
Naquelas noites em que sentado eu espalhava sonhos por destinos diversos a alegria de reorganizar as páginas soltas daquele velho atlas ouvindo as palavras doces de seu imaginar, eu me lançava por um mundo singelo de satisfação. Ali o Gabão, a Tailândia, os países do leste europeu e até as ilhas do pacífico me pareciam miragens possíveis de me imaginar não só. Quando o sorriso que me observava soprava em minha nuca um sentimento de reciprocidade, o mundo se resumia naquele espaço de cimento e tijolos.
Sem entender até hoje como se delimitam as fronteiras, vivo meus caminhos tortos na esperança de um dia não caminhar tão só. Sabe-se lá o porque dessa afeição pela solidão, mas vou meus passos desenhando numa folha solta com um giz de cera o meu mapa particular. 
Ali no rodapé dessa imagem que ainda não se apresentou, pois é futura, virá descrito "Ele, o silêncio e a companhia". A felicidade há de se apresentar.
Enquanto isso eu carrego um mundo em minhas costas.

6 de agosto de 2011

Desencanto

Quando o tempo parou na última sombra de uma tarde de sábado, o amargo escorreu garganta adentro como um tormento da infelicidade vivida. Era ela uma doce menina na espera do que lhe parecia concreto: o objeto, o desejo e o espaço e tempo para a consumação de um conto fantástico.
Mas aqui é o mundo real. Os castelos estão vazios de histórias românticas e cheios de entulhos antigos, os bosque se desintegram em incêndios perversos, os dragões da rotina devoram os homens em que habitam, e esses aprenderam a valorizar o indevido. Infelizmente não se pode esperar dos outros nada além de uma resposta singela para o que é oferecido. O homem apenas reage aos seus estímulos. O amor é algo escrito em pergaminhos antigos, sujeito a variações em corações adolescentes e destruído em insinuações ingênuas a partir de algo que supostamente foi imaginado.
Quando o tempo parou e o olhar se concentrou nas notícias desta tarde, o pavor que invade a sua pobre compreensão mostrou para ela que a Cinderela nunca calçou o sapato de cristal.
...
Era para ser um conto de fadas, mas o príncipe encantado chegou tarde  e com uma bagagem que não cabia na carruagem.

2 de agosto de 2011

sensação atemporal

.





Faz dias que essa madrugada insiste em não passar.






.

lágrima distante

Cai à lágrima do teu rosto santo, e meu espanto é pela minha ignorância e insensatez que me mata a cada novo segundo em que não me apresento pra vida. De repente em um singelo sorriso, o tato em um abraço que se faz em beijo, depois entrega e desejo, depois é medo. Sem saber explicar e tentando entender eu me deito e a cama não dorme insegura de quem a possui. Quem é esse homem que enrolado no cobertor treme vacilante, vendo o mundo passar em brancas nuvens com medo de descobrir ilhas desconhecidas, com vergonha de ser um pouco mais do que se mostra. Homem sem chegada, apenas de partidas, de feridas não curadas, de silenciosos gritos. Dono das lamúrias profanadas na neblina que precede o amanhecer.
 Vi o fim do arco-íris e perdi o pote de ouro. Agora eu sinto que me falta ambição pela felicidade.



mão/voo


re.pouso cinco de Guh Andrade

No voo, independente das variações,
o pássaro ao sair do chão
sabe que já escolheu o seu destino.

Madrugada na Cidade Lenta

Madrugada de inverno no tempo lá fora onde cai à garoa e a nevoa encobre a cidade lenta. Dentro do homem que escreve, um vento frio corre nas entranhas fazendo da alma uma estranha abandonada nas calçadas de seus sóbrios devaneios. A calma que transpassa a linha do tempo num silêncio infinito soa quase como um sussurro ao pé do ouvido. Ali entre o turvo e o imaginário, habita a dor pungente de uma sensação costumeira.
Diante de mais uma ilusão nessa vida marcada por despedidas, ele se vê calado na certeza de que assim será mais fácil assistir o amanhecer na vida de outras pessoas a quem só é possível desejar a felicidade. Cá o que acontece é apenas mais uma insônia desgastante ao corpo e a mente. Esse delinqüente sem crimes vive sua prisão na incerteza das alegrias, na insegurança de um sonho bom, na angústia de um resquício de felicidade para ele também.
Depois de encoberta a última luz amarela do poste da rua, a sua face desfalece como se se encontra seu próprio reflexo exausto de viver. Olhando a si, nada lhe parece aceitável. As nuvens brancas que se assentam sobre sua cabeça, trazendo o frio, fortalecem a presença de sua fiel escudeira. Ali sentado no passeio da casa a solidão o acalenta nessa madrugada de inverno na cidade lenta.

-fugitiva

.
Agora já não vou mais ligar se teu olhar é fugitivo meu
se teu cabelo se perdeu no ralo
se meu momento nunca aconteceu
naquela tarde em que você partiu
pr'aquele mundo que ninguém conhece
as minhas preces não encontram um deus
a minha mão já não segura o medo
os teus segredos se espalham soltos
os nossos rostos são pinturas tristes
a nossa vida é uma paródia trágica
o que te escrevo são gravuras mortas
de uma lembrança de amor, nostálgica.

A minha boca seca de saudade tua
o caminhar oposto do duelo western
a sutileza mórbida de uma noite turva
a solidão gelada de minha pele nua
na ilusão safada de segurar as curvas
do teu corpo contra minha pele suja
num pesadelo recorrente e denso
de um desejo inesperado e súbito
de possuir o que nunca foi meu
pra saciar este momento utópico
de um inicio de história humana
um relacionamento que se findou sem fim.
.

30 de julho de 2011

22 de junho de 2011

minhas distâncias

Aqui desse canto morto de meu peito, um inquilino quieto me mantém esperto para as possibilidades esquecidas de novas intenções. São os sentimentos adormecidos, as lembranças bem guardadas, que se mantém na gaveta de poeiras e bugigangas importantes e indispensáveis. Ali onde ainda estão as figuras daquele album do passado, os restos de borrachas mal mordidas, os clips e grampos enferrujados e a fotografia embassada de nossas aventuras juvenis.
Hoje sem tempo pra lamentar, recordo com saudades dos sorrisos e alegrias que dividimos juntos. De cada momento estranhamente eterno que se estendem pelo estrelar céu noturno de inverno, como se fosse a lua um projetor de histórias fantásticas de um tempo que certamente não retornará. Sob a incerteza dessa madrugada fica na minha face enrugada a lembrança desse amigo que sempre me será fiel.
Um eu tão jovem e corajoso que me faz querer voltar nas eras e ser de novo tudo que me fui. Nessa figura que me guardo reside um pouco de cada amigo que me fez crescer. Ali eu resido na mais intensa veracidade. 
Saudades de minha memória inocente.

19 de junho de 2011

incompreensões plausíveis

Para tudo existe um modelo de definição,
algo que sirva de base,
que seja uma forma de medida.
Perdido em teu coração,
como mensuro o desejo
nessa fase da vida?








"a medida do amor é amar sem medida"
Humberto Geissinger

9 de junho de 2011

1/4 de século

As velas se apagam e a noite consome o homem que se perde nela. Na outra ponta desta triste narrativa vem a vida se desprendendo do sentido afim de tornar mais vivo aquele que se marca pelo tempo. O tempo se marca pelo tempo, ele só é registro depois de extinto. Agora só é fato por que já aconteceu.
Estranhamente simples é ver que as rotinas nos invadem de maneira incontrolável. É sentir que os sentidos se aguçam e se dissolvem com as horas já contadas. Agora entre o doce e o salgado existem uma infinidades de sabores, enquanto os 'dessabores' vão minando minha capacidade de sentir. O homem é refém de seu relógio. O relógio marcar em seus ponteiros as venturas e desventuras destas almas que se arriscam a perambular pelas vias expressivas das sensações. Por mais frio que seja o peito humano, sempre há um sonho que o faça aquecer. Desde sempre a gente acorda querendo ser feliz, por mais que seja esse um delírio momentaneamente impossível. Os sonhos nos motivam a querer amar as coisas, as lutas, as pessoas e as relações. E assim o corpo e a alma se entregam.
Entregue em sua causa o peito irracional, como é, apenas pulsa oferecendo impulso para um cérebro 'enloucubrado' que vaga alucinado nas perspectivas mais inusitadas que me permito projetar. Eu vagueio como um astronauta solto da nave que não pede socorro, apenas se apressa num abraço ao sol sem questionar o seu fim, nem se preocupar com seu passado. Eu sou às vezes aquele que só quer ter no coração um calor indimensionável. 
Mas eu vivo como todo mundo, e no fundo sei de minhas decepções, de meios desagrados, de meus fracassos particulares. Assim como todo mundo choro e desconfio da felicidade. O tempo passa e conforme vou adicionando números a minha idade eu me vejo por ângulos diferentes nos capítulos de minha história. 
A vida é breve, efêmera como imaginamos que é o orvalho de cada manhã, mas o que fica da vida não é a nossa história, nem os nossas conquistas, é a lembrança de cada momento intenso que nos permitimos viver, mesmo os mais simples. O homem se constrói nas atitudes que toma, mesmo aquelas que são para corrigir erros anteriores. Certo ou errado não existe no fim do livro. Isso é para os críticos, não para os autores. Então antes que me esqueça do que estou vivendo agora me permito nesse escuro deslumbrar-me com essa fantástica sequência de relatos que ainda hão de me acontecer. 
Estou apenas no inicio, me restam muitas páginas em branco.

do outro lado



Vejo o meu reflexo 
fora do espelho 
e já não sei 
quem sou agora!







Espelho, de Ricardo Jaime Simoes .

...off

Estava como a canção proclama, "andando por ai meio desligado", de um jeito estranho observando as nuvens que passam pela moldura de minha janela. As vezes a aquarela que me presenteia nas tardes de mormaço, são apenas impressões de um cansaço nulo, vago, vazio. Farto de tanto ócio, experimento bem pouco da reação à minha inércia.
Sobre o colchão surrado que me acolhe eu vejo uma triste realidade que me absorve lentamente a cada novo entardecer. Estou ficando, enquanto o mundo passa, enquanto tudo passa, enquanto a vida segue por histórias delirantes. Já não me basta acordar, pois os olhos abertos denunciam que não durmo. Eu é que esqueci que viver é mais do que contar as horas. Já não me vejo num pretérito-mais-que-perfeito a algum tempo, preciso urgentemente entender o presente e conjuga-lo em verbos mais intensos.


'-Agora aperte o botão!'

20 de maio de 2011

novas belezas

"Oração"
A banda mais bonita da cidade



...cabe nós dois.

Esquecendo

Minha memória já não acompanha o desgaste incomum que o tempo realiza em minhas lembranças. Passo diariamente pelas ruas e não reconheço os olhares e sorrisos cordiais que me são direcionados, escuto meu nome sendo proferido por rostos que desconheço. Sinto que estou perdido em meio a multidão que me conhece, mas que infelizmente não sei quem são.
O maior desconforto desta situação é o sorriso sem graça, o olhar de disfarce de quem finge o que sabe que está acontecendo, de quem está totalmente desentendido das palavras que escuta. A verdade muitas vezes discretamente declamada através de um "desculpe, mas não me lembro de você" ou um "eu te conheço de onde mesmo?" cria uma situação angustiante de desconforto. A idade não avança tanto quando o esquecimento, e já tão cedo eu lamento minha impotência diante do que não consigo lembrar.
Esses dias, não me lembro exatamente quando, você que não reconheci passou por mim, trocamos algumas figurinhas vagas, sorrimos em fraternidade - a sua ação sincera, a minha nem tanto - e seguimos nosso destinos sem maiores estragos. Conversamos sobre algo que nem sequer fazia ideia, e pior, atuava como alguém que estava ciente de tudo que ocorria. Nesse dia você pensou alguma coisa ruim de mim, com todo direito, pois tenho certeza não ter sido um bom companheiro de recordações. Nesse dia eu cheguei em casa preocupado com meu estado aminésico precoce. Sentei-me no sofá e parei pensando em como pode ser vago viver uma vida sem as lembranças do que se viveu. Eu suspirei e olhei o vago.
Levantei-me sem saber o que estava fazendo ali sentado em plena tarde de uma terça-feira.
O tempo e a mente são instrumentos sem controle.

-Mas eu falei de que mesmo?

14 de maio de 2011

13 - mente & medo.

O beco & a madrugada, de Guh Andrade .







Madrugada de sexta-feira
em plena rua vazia
minhas pernas tremiam em minha correria.

11 de maio de 2011

Pequenos Contos Modernos - V

¬.O defunto e a laranjeira

Parada na sua estância ela balança ao sabor do vento. Imóvel, ele sem dor, nem lamento espera o tempo que não cessa em sua viagem. As folhas verdes em galhos finos, os frutos mínimos se expandindo em um espaço amplo. O cheiro forte da putrefação, a pele roxa, a língua solta numa boca frouxa.
Era meio dia e o insano se instalou na mente humana. Chegou para o trabalho sujo contra seu próprio mundo. Deixou a bicicleta na portaria e adentrou para um café. Seria seu último minuto de excitação. A cafeína lhe correu por dentro e o sangue frio lhe adiantou os passos. Foi ao fundo, no fundo de sua alma, na calma de sua loucura, na sina de sua história. Sem glória amarrou a corda no caule da árvore que não lhe pode dizer nada.
Quatro horas depois, ainda lá, longe da curiosidade alheia, escondido de seu próprio fracasso, se faz as ultimas anotações. Farda, sandália e saliva. As almas vivas espantadas com sua interpretação. Sem aplausos a cortina se fecha pro que poderia ser um momento seguinte. Mas o desfecho deste drama incomum se dá no requinte da recepção popular sem nexo e no complexo choro de um filho abandonado.
Quatro horas antes, ainda em casa, o café esquenta na brasa, a mulher olha preocupada, já sente que algo está errado. Suas palavras perdidas ecoam pelas paredes sujas com o tempo, seu pensamento vagueia nas horas que ainda seguirão. A família acredita que esse estranhamento passará, mais tarde ele volta e tudo voltará ao normal. Isso não aconteceu.
A laranjeira em seu canto calada vê o homem que nada contra uma corrente de idéias tortas, que fecha a porta para um futuro possível. Um homem invisível que se pendura pelo pescoço e se lança sem alarde para um fim insensato. Ali, o resumo de um fato narrado, laranjas doces e um corpo inanimado.
É uma tarde de maio e o sol brilha forte.

9 de maio de 2011

Às vezes é frequentemente

Arnaldo Antunes - Meu Coração

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Vejo melhor a paisagem com as pálpebras fechadas. O dia se consome sutilmente como uma pequena gota de orvalho que se esqueceu de evaporar e ainda está lá em pleno meio-dia. É triste perceber que a alegria as vezes exige lágrimas. Mas também é gostoso chorar quando já não é possível conter a intensa felicidade em apenas um sorriso.
O abrigo que reservo para meus momentos só aumenta exponencialmente para guardar cada lembrança que cultivo em relação ao montante de relações sensitivas que me permito. Os sentimentos que resultam das misturas de sensações e miragens que meu pensamento me produz me são desconhecidos. A porta da casa sempre está fechada e o cadeado do portão afasta as visitas, mas as janelas se abrem para novos horizontes.
Sei que minha ignorância diante dos mistérios da alma é absurdamente grande, mas aceito meu estado inculto e vivo meu mundo de maneira a saborear cada pequena coisa que ele me oferece. Sinto, e faço desse sentir um instante especial em registrar como é gostoso estar vivo, e sorrir, chorar e me arrepiar com cada emoção distinta.
No silêncio do meu quarto escuto sons estranhos que ecoam dentro de mim.

"meu coração
bate sem saber
que meu peito é uma porta
que ninguém vai atender"

6 de maio de 2011

-silenciosa contemplação-

A ausência, de Adriane .






Calada
a madrugada
me explica o que não quero saber.

Dias de outono

Abril se despediu depois de me oferecer das mazelas de uma vida normal. Dores e suores, lágrimas, sorrisos e espectativas. Os sonhos nublados se desfizeram como uma garoa irritante que não cessa. Aos poucos o ar foi limpando e hoje já dá pra ver o sol se arriscar numa alvorada interessante.
Aqui eu me reencontro com os dilemas de um tempo passado mas certo que o que me resta é saudar o sol por um novo dia. Agora eu quero é o que o mundo siga seu caminho, eu sigo cá o meu.

Abriu de vez a porta pr'um novo rumo.


17 de abril de 2011

4 vidas

Deitado escuto o meu parceiro de sono soluçar seus medos e suas dores. Encolhido sob o coberto paterno, meu menino anseia pela não partida dos que ama. Revivendo as lembranças recentes ele amarga sua dor de um simples tchau. Chora a ausência que se propaga em seus breves minutos de sono como se imaginando toda uma eternidade distante. Em sua sabedoria inconsciente ele sente que a vida nos presenteia sempre com o indesejado. Haverão sempre partidas para que continue a existir chegadas.
Algumas gerações acima, o pai vigia o sono daquele que deu a ele a chance de construir uma história. O avô que se gastou no tempo passa sobre a cama seus minutos insistentes sobre a face da terra. Na sua guerra pessoal contra o tempo e o cansaço ele revive seu estágio de fragilidade. Ali ele rememora vagamente toda história de uma vida sem mais perspectivas, se não a de um sono a mais. Seu sono é marcado pela fraca respiração e forte tosse, como um relógio velho que se esforça pra continuar marcando o tempo.
Observando o pai que vigia o avô, assisto a um mal dormir compreensivo. Sobre o lençol de suas angustias estão o bem estar daqueles que fazem sentido a sua vida. Ele que agora é sim o patriarca de todos nós também vê o tempo passar de maneira feroz, devorando os minutos com uma fome insaciável. Vendo o seu pai em seu leito sente que todo o respeito que agora oferece de maneira gentil servirá apenas como paliativo para o sono que se aproxima. Ele sequer esquece da realidade enquanto dorme, seu corpo não descansa, está apenas de olhos fechados.
Não sei do meu sono. Não imagino o que transpareço enquanto estou fora. Na aurora acordo assustado com medo de ter perdido algo que vejo estar ali. O tempo também me passa, e aos meus provoca mudanças. Na dança da vida todos estaremos na cama nas mesmas circunstâncias.

7 de abril de 2011

Notícia de uma triste manhã

Faltava pouco para o intervalo. Do lado de fora o sol da cidade fervia como de costume, os carros trafegavam em sua ânsia alucinada rumo ao nada, as pessoas se cruzavam sem a experiência de compartilhar. Aquele era o momento mais comum da terra, quando os adultos vivem a loucura da vida e as crianças e adolescentes as maravilhas da fantasia.
Para a maioria de nós o mundo se resume ao pedaço de terra e de gente que nos cerca. É preciso contato para existir. Por isso aquilo que está distante não nos é natural, então naturalmente não nos afeta. Mas existe uma coisa universal chamada dor. É possível sentir a dor do outro apenas vendo sua expressão, ouvindo seu urro, imaginando sua situação.
O fato é que estavam todos em seus caminhos, seguindo seus destinos, quando a insanidade humana resolveu aparecer. Em salas de leitura a loucura se apresentou desferindo pontos finais. 
Do lado de fora o sol da cidade fervia como de costume, os carros parados no trânsito perplexos pelas informações, as pessoas se cruzavam atônitas em uma triste corrente de indignação e impotência. A demência social se afasta por alguns minutos. A cidade é silêncio, é lágrima, é a dor da interrupção. Sobre a carteira resta um caderno aberto onde se escrevia um futuro que já não existirá.



07 de Abril de 2011.


3 de abril de 2011

o menino & o amor

Havia um pequeno pedaço de mim
que não entendia você
E foi justamente o pedaço
que danou a crescer
Ele cresceu de um jeito
que não o consegui parar
Agora te dizendo a verdade
de você já não entendo é nada
O mais estranho
é que tudo já não tem mais importância
Eu vejo o mundo gigante
como no olhar da minha infância
As coisas, por mais estranhas,
agora me fazem sentido
Você que não consigo decifrar
achou de ocupar
todo meu coração desentendido
E eu acho é bom!

26 de março de 2011

Escura & Calada

 Rua & silêncio, de Guh Andrade.





A noite escura e calada
sacia a minha busca vazia
pelo nada.

*only once

01 - You Only Live Once

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O breu consome o mundo de maneira integral. Eu vou junto pelos minutos silenciosos desta noite assustada. Ao longe uma ave canta seus versos de estranheza e sem notar da beleza invisível deste momento único me perco em minha insana ignorância.
Desde pequeno me pergunto o porque de ser e estar. Desde sempre me cobro soluções de problemas que ainda não criei. Esta noite soturna que me invade cala minha boca, mesmo que já tarde, e me faz pensar em quanto posso perder se pensar demais. O tempo é fullgás, e eu sou efêmero.
Deitado no meu manto nada santo de rotinas incertas, lembro agora daquela hora certa de me propor o errado. Quero me sentar amanhã e, ainda com ressaca do que me possa parecer indevido, sentir o alívio por estar culpado. Às vezes é melhor viver a angústia da punição ao contraste doloroso do desejo omisso.
Sei, sou mais do que isso.
Mas não preciso provar nada.


"Shut me up
Shut me up
And I'll get along with you..."

24 de março de 2011

Filhas de Vênus

O brilho nos olhos revela algo que de longe pode parecer surreal. O rosto iluminado encarando o quadro de sua vida transmite carência e alegria. Paradoxalmente se expande a todas as direções da galeria que o universo lhe reserva. Essa pintura enigmática tem várias formas, vários rostos e uma infinidade de projeções sentimentais.
...
CAPITU
Dias atrás insatisfeita, disse que estava cansada e que não cabia neste mundo. Foi embora pela porta da frente, um tanto descontente, mas confiante que o sol iria brilhar. Os dias se passaram e ela voltou incerta das decisões que tomou, mas decidida a continuar sua luta. Recebida com um sorriso, ela responde com sua graça encantadora e se instala em seu altar. De posse indevida do território, com seu falatório, tenta exibir uma vitória abstrata. Mas a pobre mulata quer apenas omitir que o mundo não coube em si.
SINHÁ MOÇA
Calada em seu canto, vê as estrelas e as figuras que circulam no céu e na rua. Ali, na sua santidade discutida vive a vida de sonhos que seu vilarejo lhe oferece. Faz preces aos domingos e passa a semana batalhando um príncipe que nunca vai chegar. Escolhe as cartas do baralho e sempre perde a sorte que imaginava ter. Seu olhar discreto, seu sorriso tímido é o mínimo de expressão que sonha propagar. Sente o tempo passar ingrato, pois é fato, o amor não chegou ali.
INSENSATO CORAÇÃO
Atrás da mesa cheia de relatórios e planilhas relembra ainda aquele antigo encontro. A vida já passou do ponto, mas ela insiste ainda em acreditar. Sentada sobre lembranças apaixonantes de tudo que viveu em silêncio, seu coração está propenso há esperar um pouco mais. A vida que segue é o paliativo da ausência que insiste em não ser suprida. Beija as sensações do seu passado e anda flutuante pelo fado de sua expectativa incerta. Vive a rememorar.
ANITA
Com o telefone na mão a ansiedade lhe absorve. Busca o que nunca teve na intenção de usufruir de todos os detalhes do desejo. Imagina a secreta cena do seu encontro marcado. Seu corpo se aquece ainda que longe do objeto prometido. O sangue ferve a uma temperatura absurda por conta dessa sua incontrolável libido. E o mundo continua a girar independente das peripécias juvenis que seu corpo e coração promovem. Sendo jovem, não lhe faltam caminhos.
MULHERES DE AREIA
As experiências aconselham o inverso do que o pulsar reforça. Esforçam-se para não se entregar tão facilmente aos deleites dos sentidos. Mas o silencio que o tempo e a distancia lhe imprimem faz com que já não possam mais ser de tudo racional. Esperam as respostas das suas ações. Cansaram de esperar ligações no dia seguinte, agora são ouvintes de suas próprias aspirações. Querem apenas desfrutar do prazer possível.
CORDEL ENCANTADO
Dona da fantasia que a inunda é iniciante na dança das vontades. Sua carne ainda exala a paixão infante de alguém que aprende aos poucos os meandros do sagrado. Tem seu lado segura no ponto em que amadurece centrada, mas perde na linha da cintura a noção do que é certo ou errado. Faz-se desejada e encanta o mundo de fadas onde vive.
...
As divinas são de tudo coração. Sentem seus sonhos e fantasias sendo gravados na carne, às vezes com um leve acariciar de pele, às vezes na brasa triste da desilusão.
As mulheres vivem o protagonismo de suas próprias novelas.

17 de março de 2011

Picture the Girl

Jason Mraz - Live High [Beautiful Mess - Live on Earth]
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Caminho minha sina noturnamente como um adolescente que se descobre aos tantos anos já passados. Vou em direção a uma menina de olhos que brilham na noite tropical deste meu espaço no globo. Aqui entre os trópicos e entre os corações o que não se ausenta é o calor.  O vento quente que me acompanha pela janela do veículo apenas alimenta a chama da minha vontade de admirar.
Sentado na praça eu vejo as pessoas se encaminharem aos seus destinos secretos, vejo o cachorro sarnento que rosna como se lhe fosse um inimigo, vejo o abrigo da musa desse cantinho, e sonho com o ninho de nosso desvendar.
Ela não me conhece, mas sabe quem eu sou. Seus olhos me veem nas ruas da cidade. Ali eu sou seu espectador, tentando descobrir o que me espera por trás da cortina deste espetáculo gracioso da conquista. Todas as noites eu passo segundos no silêncio propenso a apenas observar a figura da minha pequena que acena de maneira sutil ao meu caminhar. Depois é o encontro.
E a cada novo contato sinto que é fato, ela é um mundo a desbravar. Faço assim a minha aventura, a reconquista diária daquele seu sorriso. 



 
"I try to picture the girl through a looking glass"

16 de março de 2011

Chuva de despedida


CHUVA QUE CAIU NA JANELA
NUMA NOITE DE VERÃO,
de Paulo.




Vieram as águas de março
me trazer esse abraço
e o adeus do verão.



breve observação psicológica

"No princípio criou Deus os céus e a terra.
E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E assim foi. Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares.
E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra.
E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu.
E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies.
Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. "(Gênesis, cap. 1)


 
 
Assim se registrou o primeiro caso de hiperatividade.
 
 
 
 
.?.

14 de março de 2011

Inacreditável realidade

Olhando a tela da TV imagino quem assiste pessoalmente essa obra fictícia que se expõe nas ruas nipônicas em meio a esse povo ordeiro até mesmo na hora da morte. A onda negra que arrasta embarcações, carros e casas, que afoga aos milhares seres humanos e demais seres, transformando habitats não naturais em destinos finais aos estranhos a todo aquele enredo. Os seres marinhos em meio ao continente misturados aos escombros e restos mortais de homens, mulheres e crianças que submergem deste plano num instante fulgás, num piscar de olhos assustador.
Nem nos mangás mais absurdos, nos filmes mais engenhosos, nos livros mais imaginativos seria possível recriar com tamanha perfeição o caos. Aquela minúscula partícula do globo sendo invadida pela fúria inconsciente da terra. Uma história sem vilão, sem panaceia, sem entrelinhas que expliquem os motivos, onde palavras como conhecimento, justiça, verdade, são esquecidas por um breve momento da vida e da morte. A tragédia tão absurda que nos espanta ao mesmo tempo que nos encanta com sua tamanha devastação.
Ali registra-se a força das senhoras que sobrevivem dentro dos veículos, das crianças que renascem dos escombros, dos homens e mulheres que se livram do soterramento, cada ser que sobre um amontoado do que agora é lixo conquista sua chance de recomeçar. A beleza do cruel nos olhos de quem vê seu mundo se desintegrar. Eu assisto o mundo em desconstrução.
Assisto
e torço pela vida.

9 de março de 2011

dos Mundos Particulares


Que calma profunda, de J. PEDRO MARTINS.





É vivendo a dádiva da vida
que se percebe a pequenez humana
Onde pode uma história típica
se transformar em narrativa insana
Quando todos aclamados protagonistas
vivem da beleza da incerteza infante
Quem se faz astro da'ventura mista
que é saborear da glória figurante