22 de abril de 2013

Extremidades Fronteiriças do Limite



- descobrir-se é uma ventura insanamente adorável.

No desejo a inocência é infante e a maldade é adulta, a juventude é o tempo da malícia tolerante. Um adolescente que busca se conhecer vai além de todas as pistas para ter o que não sabe. Cada curva, cada noite, cada segredo que se guarda é uma arma na incerteza do disparo. Cada beijo, cada toque, cada vontade que se exalta é sem data a lembrança que se esquece, ainda que o olhar não passe despercebido pela nostalgia de um relembrar.
Dois jovens afoitos, na suspeita encabulada de um coito, escorregam pela rua, desconfiados e tagarelas. A menina magra que floresce lentamente não pressente as cicatrizes desse instante; o garoto alarmado pelo prêmio conquistado quando não era previsto, sente um misto de heroísmo e malandragem. Ambos crescem nessa noite bem além de suas idades. Sentem o gosto do prazer e o temor do revelar. Num novo encontro é aquele encanto encabulado de travessos perdoáveis, guardam mudos por saber que não sabem o que falar. Ambos olham e já sabem o que querem repetir.
Depois se cresce, envelhece-se na verdade, e a pureza inocente se despe em maldade, maldade boa, saborosa, mas sem o charme da insegurança. Pois do adulto e da criança pressupõe-se que são convictas as ideias, ainda que de inversas belezas. Mas ao adolescente é permitida a imprecisão da insonsa safadeza.