22 de outubro de 2015

O RIO QUE CONTA


O rio desce calmo, antes bravio,
em direção a um oceano de esquecimento.
O que já foi glória e pujança
é agora só silêncio e lamento.

O rio respira nas brechas
da vegetação em que se afoga.
O pescador e a lavadeira não se importam,
seguem calados e inertes seus rumos
por rotas que os desconhecem,
como memorias de imagens campestres
sumidas das margens do rio,
descem pelo leito estreito da resistência
até se desfazer na foz da insignificância.

O Rio de Contas me conta um conto
de sua morte sob o olhar omisso.
Calejado já não me espanto.
Sou mais um sem o compromisso,

acostumado com a miséria.

20 de outubro de 2015

fragrâncias...1



"Quando a brisa breve me separa as dimensões

é teu suspiro leve em minhas más intenções."



¬ Lea Quiara

18 de outubro de 2015

...Lost Star





A realidade do amor é ficção... 



O QUE NÃO DEVIA...

Não posso pensar duas vezes em você durante o dia.
Uma vez é normal, e você não é nada minha. Eu queria entender essa recorrência em te imaginar comigo, rindo do nada, vivendo escondido, sabendo que na alvorada se encerra o nosso abrigo e que o perigo submerge toda vez que tua risada sonsa se espelha no olhar.
Mas o que eu podia fazer, se sem entender éramos de vez em quando, e de vez em quando foi virando sempre, e de repente já não era controle e sensatez na condução do desejo, era apenas ambição do beijo, do corpo, do toque e, o pior, do jeito estranho de me fazer sorrir.
Eu erro toda vez que digito um bom dia, pois o dia já nasce feliz quando chego em nosso mundo. Não é amor, não. Não é só desejo também. Gosto da grata imprecisão de nosso trato, de tua discrição quanto ao fato, e do afeto que nos damos quando chegamos nessa dimensão distante, onde os ecos desse espaço que nos tem, sussurram ao longe.
Da primeira vez que te tenho em meu dia é saudade. A saudade de tudo que somos no pouco tempo que temos. Sem as obrigações da rotina, sem o controle machista, sem a insegurança menina. Sem os porquês, os ‘entãos’ e eteceteras de toda história comum. Saudade de ser o que não podemos, e ainda assim somos.
Da segunda vez é o imprecisão. É o desejo do calor do teu corpo no abrigo dos meus braços, é o carinho com que escuto tuas narrativas insonsas, a alegria das piadas infames, o suor do nosso atrito safado, o sorriso alado de nossas frases lucidamente embriagadas e o instinto de consumação que nos consome. Sou um nada teu, em dias errados, numa história confusa, de tardes alegres, noites bacanas e madrugadas eternas.
De antes até o ‘já chega’, você, que não é nada minha, que não é minha, que não devia, ... você é.


Vamos ver onde vamos acordar amanhã
Os melhores planos às vezes
são apenas uma noite sem compromisso
Lost Star – Adam Levine