25 de março de 2019

Não me arrependo de Você

Errei, como erram os seres vivos.
Errei no momento em que te vi e quis pra mim. E quando quis de novo errei mais do que antes. Você nunca precisou de mim, nunca precisou de nada, nem haverá de precisar se acreditar em tudo que você é. Mas eu errei, e eu perdi.
Não sei o que será agora, e juro que nessa altura da vida não me imaginava assim, sem eira nem beira, na ribanceira de meu fiasco humano, na minha 'macheza besta', no meu rudimentar raciocínio libertino, que tem o cérebro de menino e as responsabilidades de um senhor.
Agora a dor que é de flagelo, machuca a alma como se um martelo me fizesse o ritmo. Eu me quebro por inteiro por não ser capaz de algo nítido: eu não soube cuidar de você.
Mas se eu te amo, e tu me ama, se é tão bom na rua, em casa e na cama,  porque correr o risco de... Eu sou a prova viva que os imbecis não foram extintos.
Aqui agora apertado, envergonhado e mal tratado bate o coração que só apanha desse dono irresponsável.  Eu sinto que podia ser diferente,  que um sorriso me existe logo a frente, mas sem covinha que me enterre, essa é mais uma ilusão.
Eu não me arrependo de ter sido feliz, apesar de agora ter uma referência tão alta que é melhor não  dizer ao mundo que estou no fundo, pois é difícil se recuperar.
Se eu partir seu coração,  e agora você me convida a partir por não ter sido inteiro, te digo a verdade, fica tu com a metade do melhor que eu já fui, vou ser de novo outra parte que aprendi com seu amor.
Você me fez melhor.

12 de agosto de 2018

Nem Cravo, Nem Canela. Flor de Graxa do Malhado.


Nasceu grapiúna a morena do mar, que aqui no Malhado, na rua do Amparo, se tornou moça linda. Era uma graça a donzela que caminhava na orla ao vento da brisa de todas as tardes.
Ali de olho no píer, sentia que o mundo lhe seria uma soma de esquinas. Desde menina se imaginava a domar a natureza esquisita da vida e tomar o seu rumo a essa tão desejada liberdade. Moleca humilde de família simples, ganhou no batismo a alcunha da beleza; daquela beleza safada que subia nos telhados fazendo os homens subirem nas paredes; a beleza que Amado registrou em prosa, numa saborosa narrativa que ela só iria descobrir na adolescência. E diga-se, escondida da família, por intermédio de uma Sophia, amiga de colégio.
Gabi, como era citada nas conversas escolares, era moça pacata, discreta, apesar das curvas e das mechas. Tinha a cintura e a anca de uma preta brasileira, o cabelo e o olhar de cabocla que espreita do mato. Mas era seu delicado tratar inocente que causava o sobressalto. Desprendida de preconceitos, tinha a todos um carinho inocente que consumia toda gente que com ela transitava. Era doce e suave. Sem alarde se instalava no afeto e nos desejos que nos registros não correspondia.
Certo dia foi questionada o porquê de tanto pudor, se o deus que lhe havia dado os tão belos atributos foi para os ter em proveito no amor. Ela, não intimidada, disse apenas ao senhor que lhe interrompia na longa caminhada ao centro, que o amor que em si guardava tinha limite para uso e contraindicação para idosos. Fez o boteco ferver em resenhas, e o velho gaiato secar o pote.
Mas seu dote foi por várias vezes negociado, sem sucesso é bom que se entenda. Gabriela não era uma prenda ao seu próprio olhar, mas a família religiosa e fervorosa na “lei de crente”, sentia que já ‘tava’ na hora de uma semente para em nome do altíssimo louvar. Os ‘irmãos’ se achegavam como quem ia ler um salmo, e as mãos safadas tocavam suas pernas no sofá tentando um salto, que era sempre desajeitadamente desconvidado com um sono repentino. E os pais faziam a sala, para os homens e meninos, enquanto Gabi sonhava distante das regras.
Ela ia pro quarto, ouvir o barulho do mar e o cheiro de maresia com óleo. Ali em seus devaneios sentia que do píer viria o seu resgate. A flor de graxa do Malhado seria retirada por outros cantos, a outros mundos.
A cravo e canela dos anos 90, mulher já sedenta por saber, não estava disposta aos desmandos ‘coronéicos’. Não via na casa um abrigo, não tinha um amigo desejo, nem de um beijo seu se podia dar conta. Se morresse cedo, morria virgem, num pecado sem precedentes, por não fazer feliz uma gente qualquer das ilhéus do redentor.
Certo dia, já mulher criada, gostosa e sozinha, conheceu o seu próprio Nacib para insatisfação geral da nação. Australiana da Gold Coast, Mary Alli se achegou no Cururupe, com sua prancha de surf e cabelo enrolado numa cera ‘invocada’. Não tomou prosa da agitação que Gabriela causava, e tomou foi a própria Gabriela pra si. ‘Tascou-lhe’ um beijo de língua na surpresa, a praia lotada ficou em choque. Era tempo de rock, mas tocava o Morango do Nordeste na rádio local, e ali sem passar o tempo e a beleza menina da terra da jaca, se entregou aos delírios da carne. Ela que nunca fez um quibe, demonstrou muito apetite pelo afrodisíaco degustar das ostras. E foi ser da outra, contra todas as pregações, injúrias e pragas rogadas por seu povo.
Subiu no lombo de um avião na pista do próprio Jorge, o aeroporto, e fez sua peregrinação a outro canto. Sem espanto, até hoje não retornou. Descobriu a liberdade de pensar diferente em um diferente mundo, e por falta de assunto se isolou da terra verde. Perdeu o enterro do pai desgostoso, não viu a mãe se casar de novo com um catador de coco das praias do norte. Aparentemente nem deus a perdoou, pois sempre que se diz da flor de graxa, da outra cravo e canela, um saudosismo de suas pernas faz tremer as pernas outras, inclusive as minhas, que presenciaram de camarote diversas homenagens. Não foi feita pra homens tolos, nem pra vida seca com o cheiro da lama do Almada na baixa.
Gabriela agora é dona moça. Leva seu nome em um restaurante de frutos do mar no pacífico distante, mas elegantemente não se furta em revelar que o fogo de paixão que a língua de Alli lhe deu é um pecado seu que está super disposta a pagar. Sem neuras e sem dramas, assim feliz na cama já lhe é suficiente. Ela se deu o mundo, e o mundo lhe fez gozar.
De lá do telhado, sobre a pipa da vida, ela assiste distante o nosso caminhar.

25 de maio de 2018

Do Mundo que Somos


ISIS, ALQAEDA, ETA, IRA.
Envelheço na cidade enquanto o mundo se comprime no meu quarto.
De sobressalto vejo torres caindo, mesquitas explodindo, crianças afogadas no mediterrâneo...

Que mundo é esse de agora?

Hall não enrola, lança uma análise concisa:
“O homem não se paralisa vendo o globo se encontrar.
Ou ele assimila, ou parte ao seu intento.”
Com base em fundamentos de pureza a segregar fazem guerra, fazem horror,
desfazem seus pedaços de mundo.

De cá do Brasil eu ‘assunto’.

Por outro lado a soma das partes cria um novo produto
Híbrido histórico o país é uma confusão.
Dos nativos vindos do norte aos especulados Fenícios,
Certo é que os patrícios alimentaram a equação trazendo do outro lado do Atlântico uma força negra em profusão.

E hoje o que somos?

Somos tudo e pouco Brasil.
Sulistas, Nordestinos, Amazônicos;
Sertanejos sem sertão;
Paulistas, Cariocas e Mineiros...
Um espirito santo que não prega a salvação.
E dentro desses grupos outros tantos também somos.
Quanto menos distâncias, mais dispersos...
Queremos ser um, sendo diversos.



6 de maio de 2018

PARA QUE RECONSTRUIR UMA PRAÇA QUE JÁ É ÚTIL E FUNCIONAL?


Antes de qualquer proposição partidária deixo claro que meu objetivo aqui não é acusar a administração pública municipal de Jitaúna de más intenções no uso do dinheiro público, nem diminuir as ações positivas que são propostas, mas sim chamar atenção para as reais necessidades do município e para o valor patrimonial histórico que está prestes a ser demolido sem a anuência real da população.
O papel da prefeitura municipal é realizar sim as reformas necessárias na área urbana e rural, mas na questão da Praça Albino Cajahyba, conhecida como Praça do Bomfim, no centro de nossa cidade, qual a real necessidade em fazer isso? A praça é confortável durante o dia e a noite, oferecendo sombra e assento aos transeuntes, estacionamento suficiente aos carros particulares, segurança aos cidadãos que fazem uso da mesma com seus filhos, estando a uma altura superior a BR 330 onde o trafego é constante e regular, e traz a marca de um passado que não pode ser simplesmente apagado. É importante ressaltar senhor Prefeito, que a Praça do Bomfim é um registro importante também da administração de seu pai enquanto prefeito.
A praça do Bomfim foi a pouco tempo transformada por uma ação individual sem a valoração histórica para o município, quando a decisão de um religioso resolveu destruir a Igreja Católica para construção de um prédio novo, que não lembra e nem representa a história da fé dessa parte da população. Mesmo não sendo religioso, nem mesmo fazendo parte da comunidade Católica, a Igreja fazia parte da minha vida como cidadão, era parte da história de evolução da minha cidade, e foi destruída sob a alegação de um problema estrutural que durante a demolição ficou evidente não existir.
Entendo a necessidade de adequar o espaço público as novas realidades da população, mas o quanto é preciso fazer e investir para as adequações?
Estacionamento não deve ser um problema já que a população jitaunense nunca ocupa regularmente aquele espaço integralmente. O problema de estacionamento na região central é provocado mais pelo processo de descarga de material nos estabelecimentos comerciais do que pelos carros populares. Uma regulação no horário de carga e descarga de produtos seria o suficiente para o controle do trafego.
Conforto e segurança a praça já oferece. A altura da praça que é agora questionada, é o fato que garante a segurança, já que impede que num possível acidente a área seja invadida por algum veículo, ou mesmo que crianças saiam da área da praça em ação direta para área da via. E todos temos nosso espaço para descansar e nos abrigar do sol.
Quanto a questão comercial, aqui sim entendo uma necessidade de um ajuste mais orgânico na assimilação dos pontos de uso na formação da praça. Mas isso pode ser feito com uma pequena reforma, que não destruiria a imagem da praça como é hoje.
O mais importante é que a equipe da prefeitura entenda que essa decisão de reconstrução está sendo tomada por uma equipe transitória e que os usuários, nós cidadãos, vamos conviver com essa decisão de forma permanente até que outro gestor se incomode e faça o mesmo, tente apagar a história sem ouvir o povo. E vocês tem a chance de fazer diferente, ainda há tempo. E quanto a nós, população, não devemos nos calar e aceitar tudo, porque a gestão é paga por nós, o dinheiro investido na praça será pago por nós, e a praça é um espaço coletivo do povo.
As cidades vizinhas de Jequié, Ipiaú e Aiquara já realizaram esta mesma transformação nas suas praças centrais, e o resultado em todas elas foi de:
·       Diminuição da área verde, eliminação da sombra das árvores e pouco uso do espaço durante o dia pela população.
·         Diminuição dos assentos na área da praça e um trânsito noturno puramente comercial.
·         Destruição do valor histórico de um espaço público municipal.
·         Suspeita de superfaturamento no investimento e desvio de dinheiro.
Aqui em Jitaúna não precisamos disso.
Mas sugiro que a administração busque ouvir a população. Não somente os asseclas e partidários lagartixas. Vocês gerem todos nós, façam uma consulta popular para o projeto, Escutem a População, vocês só terão a ganhar com ideias e possível economia do nosso dinheiro.
O Bairro Adelino Henrique, o Bairro Gilda Ramos e a lateral do colégio Estadual Gilda Ramos merecem uma praça, e a população de lá ficaria feliz com essa construção. As praças da Barragem, do Estádio, da Câmara, do Cruzeiro, precisam de reforma, e a população dessas localidades estará disposta a discutir um projeto útil e confortável aos usuários e conviventes (quem mora nas redondezas da praça convive com ela, não a usa apenas).
Até aqui a grande marca desse governo tem sido o empenho, e a praça na CEPLAC é o produto mais comentado. É muito positiva a ocupação social e comercial do ambiente. Poderia ser melhor com toda certeza, mas mostra uma vontade de fazer que tem o meu respeito. Mas alerto que essas decisões administrativas precisam ser comunicadas com o povo e ser transparentes, desde a apresentação do projeto, a seleção dos comerciantes (para evitar despejo de quem de fato fazia uso do espaço anteriormente, e contemplar a comunidade vizinha da área), e também na apresentação do orçamento e do gasto final, porque vocês estão gerindo o nosso dinheiro, que honestamente no caso da praça da CEPLAC, para mim e para todos a quem perguntei, é uma informação desconhecida.
Não quero que esse comentário soe como uma acusação ou critica partidária política, não tenho a intenção de ficar com ‘picuinhas’, mas com a informação e formação profissional e acadêmica em que fui construído, pelos meus pais, pelos professores locais e pela comunidade geral, que me fez um cidadão, não posso apenas assistir decisões sendo tomadas sem a transparência e a participação da população.
Esse comentário visa contribuir com as decisões de vocês. Gostaria muito que o legislativo municipal fizesse seu papel de fiscalização e acompanhamento das ações do governo em favor da população, mas como não é uma prática municipal há muito tempo, estou aqui me expondo como cidadão, fazendo esse papel.
Ouvir o povo e discutir projetos é o papel de qualquer administração pública respeitosa e digna, o que espero ser uma característica da Prefeitura Municipal de Jitaúna.


30 de setembro de 2016

A Fantástica Festa do Povo de OTA


OTA, esse mundo incrível em que habitamos, nos surpreende sempre pela magia de seu povo simpático e afável, que a cada quatro anos se permite o belo e o grotesco, num show de primitivismo humano diante os olhares nublados da comunidade. As ações e comportamentos das mais variadas pessoas, com suas variadas índoles e históricos, são de um inclassificável absurdo social, que provavelmente será esquecido ao longo dos próximos quatro anos. 
O que se vê, só não vê quem não quer ver.

Em OTA, quando outubro se aproxima, as cores se definem, os gritos se superam, as figuras se apresentam e a turba se aglomera em um ritual abstrato de egoísmo coletivo travestido de esperança e salvação. Os heróis e vilões se alternam na visão de seus seguidores, e as promessas são ofertadas ao vento com menos profusão apenas as ofensas e ameaças ofertadas a quem diverge no pensamento. Não se perde mais tempo conferindo currículos, propostas e possibilidades. O que se mede é a força da presença em eventos, regados a dispersão do palco, perfumados pelos conhaques e cachaças, sonorizado por parodias que em suas versões originais são sempre de gosto duvidoso e animados pela sempre santa ignorância desse povo de OTA.
Em cima do palanque a mais estranha fauna de candidatos se reveza em discursos e grunhidos, gritos e fanfarrices, sem sentido ou lógicas plausíveis para a necessidade estrutural que os cargos requerem. O deus desocupado que ocupa o céu é solicitado em orações e profecias, defendendo os candidatos que se auto intitulam escolhidos para a árdua missão de comandar este tão sofrido povo de OTA. Destinados a guia-los na travessia dos tempos difíceis, estes salvadores costumeiramente tendem a enriquecer, ainda que solitariamente, após o mandato de origem divina, enquanto o povo traído pelo falso profeta elege um novo líder, para uma nova caminhada, para uma nova frustração.
Ainda no pé do palco, o povo cansado nem liga de fato para o que é falado. Pouco importa o proferido, o candidato já está negociado, o santinho guardado, o eleitor marcado na contabilidade do candidato, a nota de gasolina separada na mão do filiado, a ficha do álcool entregue, o olheiro esperto com os infiltrados, e tudo em dispersão até o chamado ansiosamente aguardado: vai começar a passeata! Sai gente de todo buraco, vestidos com seus abadás, pulando e vibrando, transpirando uma emoção que faz da campanha uma questão particular.
Quando a turba monocromática desce a ladeira do BESSIL em uma efervescência que beira o êxtase, sob o estouro dos custosos fogos de artifícios, a multidão alucinada lembra uma escola de samba no carnaval carioca. A charanga batuca no meio do povo, fortalecendo esse vínculo imaginário, levando o momento de analise a se tornar um momento de entrega. E nesse louvor pagão todos os credos, cores, status e gêneros se misturam sem o preconceito comum do dia a dia. E é nesse momento alucinógeno de comunhão que nos aproximamos mais da utopia de um mundo igualitário, sem barreiras e sem castas, mas dura o tempo da descida, e depois a festa acaba. Além disso existe o mal impregnado no opositor e sua corja, que assiste de camarote a nossa festa. Amanhã somos nós os espectadores, e as sensações são as mesmas, se repetem continuamente, como num quarto de espelhos.
O outro estar errado é uma certeza que temos.

Mas o campo de batalha é maior agora com os adventos tecnológicos. As redes sociais são os novos ringues para os discursos inflamados, lotados do desconhecimento da língua portuguesa e do uso indelicado de palavras chulas. Já as reuniões com o eleitorado e com os cabos eleitorais se dão em grupos do Whatsapp, o que oferece maior comodidade aos famosos ‘puxa-sacos’ que podem derramar seus elogios sem sair de casa.
Por vezes alguns arautos da comunidade se arriscam em textos pouco lidos e muito comentados, boa parte como resposta aos comentários curtos e despreocupados com a boa educação. Nesses textos a busca por uma imparcialidade fajuta se esvai na crença pouco crível do autor que ele possui a solitária razão sobre a situação dos candidatos e da cidade. Nós, todos de OTA, vivenciamos as mazelas e as angustias de nosso mundo, e percebemos o quanto é interessante um posicionamento prévio, ainda que “imparcial”, para sermos vistos e lembrados quando o futuro chegar. Seria injusto dizer que as pessoas de OTA não se preocupam realmente com uma cidade melhor, mas é natural o desejo de que essas melhorias nos atinjam primeiro.
A mudança que ocorre em especial neste atual período em OTA é impressionante, não como resultado de uma política pública, mas como uma ressonância estritamente ao nosso modelo político. O povo que antes se enamorava pelos ídolos, que se comprometiam com seus salvadores, agora agem de modo mais cauteloso e astuto, de modo “politico”, do mesmo modo com que foram tratados nas últimas décadas. Agora as famílias se dividem, não por divergir nos ideais, mas para garantir a aproximação de um dos entes ao elegido. A miséria que afeta os derrotados no período do mandato agora tem uma alternativa, alguém aqui em casa estava do lado certo, um pensamento impuro e certeiro que impera. Outro comportamento que se fortalece é a negociação à vista pelo apoio. Aquela promessa pós-eleição de emprego, de ajuda, foi desacreditada diante as gestões que se sucederam. A promessa real é a que mostra o Real ($). O povo de OTA cansou de apenas acreditar, o povo quer ver.
Mas ainda que em sua sabedoria ilícita, nosso povo continua sendo de OTA, pois faz parte da nossa essência sermos quem somos. E elegermos representantes que saem de nosso seio social, pessoas que são contumazes em vivenciar nossa realidade cotidiana, não faz parte dos nosso planos. Outra coisa impensada é a capacitação dos indivíduos para exercer tais cargos. Eleger é uma ação de pagamento por bonanças ou agraciamento pela convivência ou parentesco. O certo é que diante o hall de candidatos que se apresentam fica evidente a ausência de interesse de ‘pessoas de bem’ nos pleitos em nossa boa terra de OTA.
Política é coisa para corruptos, desde o povo até o poder.

Mas a festa tem data para acabar, e com essa data acaba a vida de OTA. A cidade se esmaecerá, os ímpetos se recolherão as suas insignificâncias e dentro de nove meses o sentimento coletivo se aplacará e retornará ao que lhe é comum, a insatisfação.
Os derrotados, calados em seus cantos, buscarão rotas de fuga e alternativas mais duras para prosseguir. Os vencedores arrotarão poder e arrogância até a data da posse, tossindo confiança até o momento que não sobrar mais cargos e a expectativa de melhoria de vida se esvair por mais um período. Porque a verdadeira certeza de dias melhores recaem apenas aos elegidos, em suas autoridades temporais alimentadas de gordos salários e poder de barganha na busca sempre de ‘um a mais’.
A festa do povo é um engodo esporádico e cíclico, que enche o espirito local da beleza da fé e da algazarra, e revela o monstro abissal que habita em cada um de nós. A voz que nos reverbera internamente é o bicho guloso que se preserva ainda que inconscientemente. O egoísmo eleitoral é a minha intenção de interesse pessoal, familiar ou de grupo, sem a análise geral do mundo em que vivo. Mas eu sou de OTA, e isso me redime. E as alternativas também não são tão distintas...
Quando se encerra o prazo e se imprime o resultado das urnas, o que se contabiliza é a vitória épica de nossa ignorância. A ânsia de um futuro melhor já nos escapou do sonho. O que nos resta é o abandono da utopia e a alegria insonsa de garantirmos ‘o nosso dia a dia’. Mais o que vale é que o povo de OTA foi muito feliz na festa em BESSIL.


E a vida segue em OTA... como segue por todo o Brasil.

23 de setembro de 2016

...na Corda Bamba, meu Caro Amigo.


Meu caro amigo, me perdoe por favor, 
pois não lhe faço uma visita.
Mas essa vida dura de trabalhador 
só me dá tempo pra esse e-mail.
Aqui no meio tá ficando complicado, 
todo menino já nasce 'politizado',
tem tanto crime precisando de um culpado, 
E vamos vivendo como dá, na corda bamba, 
pois na verdade já não se vive mais de samba
e mesmo o Chico tem seu lado.

A batida lá na rua é o 'panelaço' das madames; 
o pão com mortadela e os guerrilheiros com bedames
reclamam seu espaço na tevê e nos reclames
mas ninguém se ocupa em por ordem na bagunça
e o país inteiro é um puteiro, uma furdunça.
A minha crença em igualdade é história do passado
melhor é crer no céu e no deus loiro bronzeado,
pois nesse pessoal, já deu!!!

...

9 de junho de 2016

. # )
















no tempo de me ser já não sei se sou bem... 
a vida é uma história de presentes 
muito além do que se pode imaginar. 
eu vou amando o que posso e o indevido,
curtindo a posse do  que não é permitido
e sendo escrito pelas brechas da razão.
o que bate tão impreciso no meu peito 
é o amor de ser e não.

12 de maio de 2016

12 de Maio

Reunidos madrugada adentro, políticos decidem mais um passo na história brasileira. Não houve assombro com a decisão proclamada. O povo em seus lares ou já nas ruas a caminho do trabalho se assombraram ao saber que os políticos, quando querem, também fazem horas extras.
Depois de um dia inteiro de proclames e discursos o colégio eleitoral no Senado, comparado pelo escritor Ruy Castro a um ambiente ginasial pela tamanha demonstração de descompasso intelectual em suas palavras ou nas dificultosas leituras dos ensaios de assessores, decidisse pelo afastamento da então Presidente da República. Essa, diga-se com méritos, outra baluarte no desencontro com a oratória. Se o Senado é um ambiente ginasial, a Câmara seria um primário com seus alunos mal-educados, birrentos, cheios de vontade e ignorantes, o que promove maior valor a analogia feita por Ruy.
O que de fato acontece hoje não é uma mudança, pois o modelo na prática governamental permanece, com as negociações de ministérios e a tentativa de abafar os escândalos de corrupção. Tampouco é um golpe político, já que os elementos existem e o rito processual respeita ordeiramente o que estipula a constituição. Enquanto os defensores da presidente alegam a votação popular como garantia legal para se manter no cargo, esquecendo-se que o vice fora eleito conjuntamente, e que é a eleição o primeiro requisito necessário para que haja o impedimento, como é requisito essencial à morte, que tenha havido vida. Os acusadores em sua explanação se esquecem de suas parcelas de culpa no caos governamental e de gestão, já que juntos abraçaram o país enquanto os comparsas esvaziavam os cofres públicos.
Não haverá mudança. Infelizmente não há perspectivas no horizonte. Contudo, com certeza não seria a inércia o melhor para o momento, pelo simples fato de que esse modelo se apresentou viciado há uma década, mas nossa benevolência egoísta do agraciado nos impediu a exigência de mais moralidade e ética na vida política, permitindo a preservação do gestor que ‘rouba, mas faz’. Desde o escândalo do mensalão o governo vem se defendendo de acusações e denúncias, não tão investigadas, de corrupção, até que a operação lava-jato vem à tona e não alivia seu empenho em prol dos políticos no poder.
De fato, a corrupção parece crônica, porem o mais devastador é a ilusão desmascarada que destrói o sentimento utópico de um país mais digno. O país do futuro está temporariamente adiado.
O Partido dos Trabalhadores não destruiu o Brasil, como também não o inventou como prega em suas propagandas. De fato devemos valorar as políticas públicas implantadas nos últimos 13 anos, mas não devemos diminuir a importância das ações de governos anteriores que contribuíram com o cenário positivo que possibilitaram tais medidas. A política ao fazer arroubos históricos de autopromoção auxilia na manutenção da ignorância social.
Por vezes se inventa tanto uma verdade artificial que acabam por acreditar em suas fantasias, talvez seja este o espelho mais próximo da realidade do partido no poder. Mais do que o livro de Romeu Tuma Jr., é o próprio PT um assassino de reputações, muitos dos quais membros de seu quadro partidário. Os dissidentes do partido durante esses anos de governo criaram partidos em oposição ou com ideias divergentes, correligionários foram afetados com fracassos eleitorais por ausência de empenho da bancada nas campanhas, bem como o apadrinhamento político na indicação de candidatos promoveu a desmotivação de figuras centrais do partido, que debandaram ao não se enxergar na lógica do poder. Marina na Rede, Heloísa no PSOL, Pinheiro desligado e Suplicy sem cadeira no congresso, são figuras que mostram o quanto internamente esse governo não consegue gerir democraticamente a oposição de ideias.
Não se deve, principalmente, esquecer o nome de Dilma, candidata imposta pelo presidente Lula, até então uma figura técnica, sem carisma ou conhecimento político para guiar o país. Talvez seja a questão de sua figura que provoque tanta paixão, para mantê-la ou destroná-la. Enquanto os governistas a viam como vítima, resultado de sua própria incompetência, os opositores a viam como negligente, agindo ciente do erro, porém ambos, contudo, ainda que em seus íntimos, concordam que ela foi extremamente irresponsável ao não realizar os ajustes necessários para a boa gestão do país, e em seus discursos desconexos ainda orgulhosamente defendia o absurdo, ‘o brasil estava bem’ e ‘eram os outros os culpados do caos’. Ela caiu sem entender o que fazia ali, e acredita que ainda resiste.
Depois de um oligarca latifundiário, um playboy, um velhinho fanfarrão, um acadêmico boêmio, um aposentado sindicalista, uma especialista em cargos comissionados, é a vez de um jurista de penteado lustroso presidir a república democrática do Brasil. Nenhum trabalhador comum de fato chegará ao poder, pois ainda que o trabalho dignifique, ele não promove ascensão social, muito menos política. Os bons profissionais no brasil permanecem em suas profissões, os demais ou perdem a função, ou trilham caminhos políticos, quando não raro, se tornam políticos sem função.
Nesse samba de roda sem santos, mas repletos de inocentes, podemos observar que a política nacional reflete de maneira fiel a sociedade que representa. Uma gama de figuras despreparadas para os cargos que ocupam, com pouca educação e tolerância, repleta de vícios na busca por benefícios pessoais, arrogantes e orgulhosos que ao serem descobertos em seus erros vestem os seus mantos e se ‘vitimizam’, sendo sempre ameaçados pelos mais poderosos e sofrendo das fatalidades da vida. Nunca somos responsáveis por nossas mazelas. A constituição cidadã nos garantiu diversos direitos, esquecendo-se de valorar os deveres de cada um para com seu povo e seu país. Dessa forma seguimos em frente.
Aos atuais 11 milhões de desempregados somamos agora o ex-senador Delcídio, cassado por decoro ao atuar atrapalhando a justiça nas investigações, e os presidentes impedidos, Dilma e Cunha, que receberam seus avisos prévios. Se política for emprego, aparentemente está perdendo a estabilidade, se for função social, ainda temos milhares a cassar nos estados e municípios do país, sem esquecer os nobres suspeitos de Brasília.
Fica evidente a necessidade de se reinventar a nação, mas uma reforma política realizada por estes políticos não nos instiga credibilidade. Devemos qualificar essa democracia que é acessível, mas não exige o mínimo de conhecimento, para não ser prolixo na questão da ética e da moralidade.
O Senador Cristovam Buarque no ano de 1999 em seu manifesto-proposta para a erradicação da pobreza no Brasil, intitulado A Segunda Abolição, onde ele apresentou proposta que vieram a ser o ‘Bolsa-escola’, o ‘Minha casa, Minha vida’ e as ‘Escolas Técnicas’, defendia uma coalizão partidária para uma revolução social. Em suas palavras, ‘’uma coalizão que se fará por razões éticas, e não por razões políticas’’, já evidenciava que política e ética dificilmente andam de mãos dadas em nossa pátria.
Enfim, assim chegamos a essa data sem nada a comemorar.

Amanhã é 13 de maio, e como canta Caetano, "dia 13 de maio em Santo Amaro na praça do mercado os pretos celebravam, talvez hoje inda o façam, o fim da escravidão, da escravidão, da escravidão...’’ talvez um dia, quem sabe, possamos celebrar o fim da ignorância cultural, social e política, e assim termos de fato uma pátria educadora que transforme as massas de analfabetos funcionais em cidadãos dignos com uma vida mais justa, num país mais sério. Uma verdadeira revolução nessa democracia fajuta que nos torna refém de um país miserável.
Uma segunda abolição que nos liberte a mente e a alma.