28 de janeiro de 2009

Crônicas de eLe - VIII

O COMEÇO DA BATALHA - parte I
Depois de maravilhosos dias de passeio, chega à hora de iniciar a verdadeira busca, um emprego. O seu fantástico mundo vende a imagem de vida fácil e conquistas rápidas, pena que eLe ainda não descobriu a verdade, mas ela logo verá. eLe acorda cedo, e já vestido toma seu café, se despede da empregada e vai a luta. Com um jornal na mão, lê atenciosamente os classificados, procura alguma vaga na área que eLe mais se identifica (eu esqueci de informá-los, mas o sonho dele é trabalhar com artes; cinema, televisão, rádio...), mas não lhe parece nenhuma opção.
Depois de procurar cuidadosamente por uma vaga no mundo das artes, ele encontra algo menos interessante, porém não menos importante para o funcionamento do sistema nacional de trabalho, uma vaga de vigia noturno. Acreditando ser aquela a profissão que estaria reservada por DEUS a ele, vai todo contente ao escritório da empresa contratante. Estranho é que pouco tempo depois de ter entrado todo sorridente por aquela porta, sai dali com uma cara totalmente entristecida, algo deve tê-lo derrubado, mas o que?
Pediram-lhe algumas informações sobre seu currículo e disseram-lhe que eLe não estava capacitado para o trabalho. Estranho já que um vigia noturno precisa, em suma, ter atenção e um bom preparo físico já que automaticamente também é um segurança, e isso eles tinha. Sempre foi atencioso e se não era forte ao menos tinha um físico legal. A empresa alegou que por não ter certificado de curso de informática e não saber falar inglês, ele não estaria capacitado pra tal importância. O engraçado é que eles contrataram um baixinho magrelo.

Crônicas de eLe - VII

NOVO
Tudo é tão lindo quando é coberto de novidades. eLe entra no carro e me espera, eu entro, fecho a porta, rodo a chave, ligo o motor e inicio a mais nova trajetória de sua vida. Passam casas, sítios e mercados, passa posto, passa asfalto e tudo lhe parecia comum até que aquele monte de concreto invade e enche seus olhos de brilho. Tudo cinza, mais um lindo entrelaço de tons que nunca antes o havia tomado e agora o cercava sem limites, sem espaço para fugas. eLe parece feliz ou ao menos distraído, já que aquela noite não foi das melhores. Ali, entre eLe e o novo não havia espaço para saudades, havia apenas a ilusão de um paraíso.

25 de janeiro de 2009

Lar doce Lar

varrer, cortar, limpar
tirar a poeira do chão
as teias do teto
limpar o quintal dos insetos
deixar o banheiro cheiroso
encher os baldes com água
passar o pano com o rodo
botar os movéis em seus cantos
encher de encantos os olhos
e vê um cantinho que é meu

23 de janeiro de 2009

Crônicas de eLe - VI

ALVORADA
Cinco e meia da manhã, o sol mal acordou, mas eLe quase não dormiu. Deitado eLe olha pro teto e descobre que não está mais em casa, sem jeito e com medo de fazer barulho eLe vai na ponta dos pés até o banheiro com sua escova na mão; acende a luz, abre devagar o armário, ouve assustado o ranger da porta e tenta pegar o creme dental, enquanto isso pensa preocupado que pode estar me acordando. Rapidamente coloca o creme na escova, molha-a na água e começa a escovar.
Aos poucos começa a se observar no espelho e muitas idéias tomam conta do seu pensamento. Triste por lembrar de sua mãe vai até a janela e vê pela vidraça o nascer calado do sol. Só, eLe mostra toda sua fragilidade. Sentado no chão do quarto, eLe chora.

Crônicas de eLe - V

“EM CASA”
eLe, só, na sala vê tudo que nos parece comum. As paredes cor de rosa, o sofá cinza escuro, o centro ao lado e tudo que mais é futilidade, já que lá fora o dia é quente e o barulho imenso. Sei que eLe pensa em fugir, mas a hora e o lugar não permitem. Então vejo o seu suspiro e cruzar de pernas, ansioso, louco pelo encontro, para quem sabe enfim um passeio pelas ruas.
Hoje é o primeiro dia de sua nova estadia, eu não estava em casa, não pude recebê-lo e a empregada o deixou um pouco encabulado. Sinto um ar de saudade no seu franzir de testa e no olhar que agora vagueia perdido. Chego e percebo certo alivio, eLe sorri e me abraça forte como se fossemos irmãos, mas... Somos por opção.
Agora sei que eLe esta mais leve sem a pressão da espera, sem a presença constante da saudade, afinal estamos muito ocupados contando as novidades e sorrindo dos casos antigos. eLe parece que começa a se sentir a vontade, mas isso é normal, afinal, hoje é só o primeiro dia.

Crônicas de eLe - IV

CHEGADA
Aos poucos, no horizonte, vão surgindo imagens até então novas para aquele garoto. eLe perde o seu olhar em cada arranha-céu que avista da janela, e parece admirado com o colorido opaco deste mundo novo. O ônibus entra na rodoviária, ele respira fundo, levanta e no corredor pensa em todo o seu passado e todo o futuro que ele espera construir, desce cada degrau devagar e enfim toca o chão do seu “paraíso”.
eLe vai andando em meio a loucura da vida agitada daqueles que ali dividem com ele as mesmas expectativas. Busca um meio de chegar ao endereço escrito em um pedaço de papel mal cortado, avista um coletivo, vai até o cobrador e pergunta como chegar lá, o cobrador o informa que aquele coletivo passa naquele bairro e dá dicas de como encontrar a rua. Entrando nas entranhas da cidade ele cada vez mais vai se admirando, até que chega ao seu ponto. Desce e vai à procura do endereço, encontra uma senhora que varria a porta de casa, pergunta pela rua e ela o direciona. eLe vai olhando casa por casa, número por número até que encontra o seu ‘cantinho’ naquele mundo.

Crônicas de eLe - III

NO ÔNIBUS
A cidade foi sumindo no horizonte, e no seu peito aumentava aquela dor. A saudade não tem limites e toma conta daquela noite. Na poltrona, um homem cujos olhos buscam incessantemente um ponto fixo pela janela, para que o pensamento de tristeza se esvaía. eLe canta e o tempo passa, e a saudade agora se mistura com a ansiedade, com a curiosidade de como será sua vida nesse novo mundo,e de como enfrentará os novos obstáculos e quais serão as surpresas guardadas pelo destino para eLe. Então eLe se enche de sonhos...
...e dorme.

22 de janeiro de 2009

Não Me Leiam !!!

Num discurso direto sem vírgula nem fingimentos quero expressar minha angustia e dizer-vos que não me leiam já que aqui em minhas palavras sou eu um vendedor de tendecialidades e sei que infelizmente vou induzi-los a viverem o que não querem EU SOU UM HOMEM GLOBAL.
...
Agora, falando sério, que saco essa idéia real, porém infantil, de tendencias que nos são vendidas pela mídia, e que fazem hoje no nosso país, assim como em tempos remotos, a negativa propaganda de um padrão global. Fodam-se aqueles incuturais que comem queijo de avestruz porque a Ana Maria fez um merchan em seu programa, ou estão vestindo a cueca na cabeça porque o Mion apareceu usando no Quinta Categoria. Fodam-se os que falam como o Romário porque ele é famoso, ou estão fazendo plástica pra ficar igual ao Michael Jackson pra chamar a atenção. Agora eu quero que se Fodam³ os que fazem críticas tendenciosas a todos que vedem suas ideias.
PORRA! TODOS SOMOS TENDENCIOSOS!!! TODOS VENDEMOS NOSSAS IDEIAS.
Amanhã pensem duas vezes antes de abrir o jornal, ligar a Tv, ou ouvir o amigo. Se você não quer ser influenciado fuja da sociedade, mude de planeta ou de dimensão.
Selecionar é arma do pensante. O mais é balela infeliz dos descontentes e improdutivos. Vamos rebobinar as idéias e criar nossa própria mesa de edição. Afinal: Sim, nós podemos!!!
...
...
...
Desculpem-me o desabafo, mas fazia-se necessário.

20 de janeiro de 2009

Crônicas de eLe - II

ADEUS!
O ônibus chega e toda família esta ao seu lado. eLe meio sem graça e com muita vontade de chorar se despede de um a um. Seu pai, seu irmão, alguns amigos e sua mãe que não segura toda aquela saudade imediata. Aquele ultimo beijo parece que não queria ter fim, e assim, já entre lagrimas eLe sobe as escadas do ônibus, senta na poltrona e vê aos poucos o seu passado feliz ficar para trás.