21 de março de 2010

a falta da Maionese

Pensando em tempos distantes e no presente que me dou nesta data desimportante, lembro da minha inoscente alegria quando no final do dia, em frente a tevê, sintonizada no canal Cultura , via meu sósia enamorado em suas desventuras juvenis. 
Como eu queria hoje me sentir de novo um Doug!
Não quero falar daquilo que ele tinha. Do cachorro Costelinha, nem do amigo Skiter. Quero engrandecer justamente aquilo que ele não tinha, mas que sobrava em sua alma.  Como era lindo os olhos de pontinho tremularem em nossas visões quando do passar da Maionese. Ali, ela, a Paty, mas parencendo um borrão que uma dama, era a deusa das infantes ilusões daquele cara. Hoje eu é que não tenho nem a musa e nem o sentimento. Vivo então o desalento de saber que o coração contaminado e sem remédio é a cura pra esse tédio que me toma por completo. Sei que há de estar perto, vai chegar de novo a hora, mas agora o meu mundo mudou.
Ligo a tevê e Naruto não me traz grandes emoções.
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..., sou eu!

26 de fevereiro de 2010

A guerra e as mães

Estou lendo A Cidade do Sol, do escritor afegão Khaled Hosseini, e durante a segunda parte do livro tenho conseguido interligar dados recentes a respeito da imensa profusão de sentimentos que uma guerra pode gerar num ser humano, em especial naquelas que foram condenadas, talvez mais do que qualquer outro, com a dor da perda, as mães. Na terça-feira pela manhã reassisti O resgate do soldado Ryan, de Spielberg, e na semana passada por acaso reli um texto de Cecília Meireles chamado Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro. Em ambos instrumentos de informação fica clara a afirmação de que as mães não foram feitas para as guerras.
Enquanto o mundo distante acompanha as desventuras e desenlaços das batalhas com empolgação, ou ao menos com curiosidade, essas figuras celestes sofrem a agonia da ausência e da incerteza. A guerra como disse alguém por aí, é sim a higiene do mundo, mas ninguém quer ter os seus amados descartados desse plano. Infelizmente ambas as partes travam suas campanhas na certeza de que sua razão está correta e prevalecerá, porém o irracional é por a vida em prova, sabendo que a única certeza que prevalece é que haverá um derrotado. Se o mundo fosse um pouco mais feminino e materno - é uma suposição apenas - talvez o desenrrolar da história humana fosse outro.
Desde a mãe de Aquiles, passando por milhares de mães européias (nazistas, comunistas ou aliadas), as mães arábicas e orientais, tupis e incas, de qualquer região, religião; mãe, como diz o ditado popular, é uma só, e na dor de sua despedida é que se revela o maior combate de uma guerra. 

"...
Este cemitério tão puro
é um dormitório de meninos:
e as mães de muito longe chamam,
entre as mil cortinas do tempo,
cheias de lágrimas, seus filhos.
..."

- Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro -
cecíliaMeireles

25 de fevereiro de 2010

passageiro




A estrada pode até parecer diferente, mas o que muda invariavelmente é a diferença de cada um que trafega por ela.





foto de Guh Andrade

entre o corpo e o espectral

a noite que me consome sobre a cama desarrumada e molhada de suor é antes de qualquer outra coisa, uma estranha desconhecida. a janela aberta e o escuro que projeta ao meu olhar assustado é apenas um ingrediente desta porção escandalosa de frio e de desilusão. acordo e vejo a tevê ligada, a emissora transmite as olímpiadas de inverno, o gelo de lá da tela me engana enquanto penso que no quarto a temperatura cai consideravelmente. tento me mexer, olhar a porta, mas nada se move no meu corpo, nada além do globo ocular que percebe a luz do corredor acesa, os canadenses perdendo no hóquei, o estranho brilho do beco no escuro da madrugada. meus músculos se retraem quando escuto o barulho dos talheres, um choro de criança e um chamado distante. meu nome se espalha pelo ar e corre ao longe, na cama meu corpo morto me impede de sequer virar, e deitado de lado não vejo mais do que o já descrito. dentro me escorre um grito abafado pela loucura desse instante, e adiante toda essa insana imersão sinto um peso, um abraço de alguém que não existe, que não vejo, e que desejo não existir. meu corpo morto desfalece num piscar e tudo some.
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Acordo e meu peito pulsa alucinado. Estive num outro momento entre o corpo e o espectral. Meu irmão me explica que é tudo natural, uma coisa do cansaço, mas me embraraço entre a lógica da ciência e a lucubração de minha inconsciência. Deixo-me desplicente, e não mais ciente do que possa parecer me deito.

tempo disperso

Faz tempo que meus dedos preguiçosos não deslizavam por esses teclados, enquanto isso do lado de cá da vida minhas pernas sofridas pularam por lares distantes. Foi-se janeiro num breve suspiro, trazendo uma montanha de diversas aventuras, prazerosas e não, nesse mês singular que é fevereiro. Sendo menor para que não caiba mais loucuras do que já proporciona, fevereiro veio e se vai numa leve gota de suor que cai do rosto cansado de verão.
Para não ser mais saudosista do que já fui até aqui, deixo-lhes apenas as palavras de um amigo:

"É segundo por segundo
que vai o tempo medindo
todas as coisas do mundo
..."

- monotonia -
márioQuintana

24 de janeiro de 2010

22

Ela pode ser a mais menina, ter o sorriso engraçado apesar da sua sina de tristezas de um passado, que agora o tempo inverte. A pequena se diverte com as tramas de sua história. Vive plugada com as possibilidades que se mostram. Não demora a oculpar todos os espaços de um coração, apesar de tão magrinha. E hoje planta um grande amor onde antes tinha uma árvore de saudades. Na maturidade da sua juventude ela anima os que tem a graça de compartilhar do seu mundo.
São teus olhos de corça ou tuas pernas de pinça, talvez o barulho de tua alegria, não sei ao certo o que, mas uma soma de todas as tuas vertentes que faz com que a gente - meros mortais agraciados - sintamos a energia vigorante de uma tarde de verão soprada contra o peito. Assim é estar contigo.
Aquela estrela teen que é tua sósia, tem muita sorte de parecer tão bela. Que os ventos soprem forte e delicadamente a favor de tua aquarela, mas não se esqueça de me chamar pra fazer parte desta pintura. A minha figura quer fazer parte da tua felicidade, não importa em qual idade, eu estarei ai.
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Your hand in mine when we intertwine, everthing's alright.

17 de janeiro de 2010

sob a poeira do Haiti

Quando se deitar e dormir sobre seu lençol de segurança pense nas crianças e nas senhoras de uma ilha do Caribe, ou mesmo nos milhares do Índico que há pouco tempo também se foram. Aqui agora o mar balança devagar a sua ressaca do desastre, por toda a parte o que se destaca é a poeira cinza que cobre a cidade, capital do desespero, esquecida da America. Em uma semana foram necessários apenas centenas de milhares de mortos para que os governos internacionais se unissem numa tentativa de minimizar os problemas de um povo que convive agora não só apenas com a fome e a violência, mas também coma incerteza do amanhã e a putrefação dos corpos de seus entes.
Ali, num braço do atlântico, após um abraço do planeta, a terra expremida nesse pedaço do mundo foi profundamente abalado. De cá do meu lado seguro, acredito que nada é em vão, tudo tem seu sentido. Se pensarmos não como donos da terra, mas como um inquilino em meio a todos os outros, preceberemos que a casa está lotada e os recursos esgotados. Morrem os milhões, mas ainda há bilhões para ocupar o planeta. Esse sistema esferíco que nos abriga, não tem a obrigação de nos suportar, então ele naturalmente encontra uma maneira de higienizar a superfície. Tolice a minha, mas sei que é doloroso e infelizmente aceitável. Algum dia seremos nós, até lá farei o maximo pra atrapalhar o minimo.
Hoje a dor do povo mais pobre do ocidente é compartilhada pelos quatro ventos desse mundo. Que antes de qualquer outra coisa, isso seja o suficiente para nos aproximar enquanto terrestres: seres destinados ao despejo. Eu vejo um mundo novo, e nem tudo é feliz nesse futuro.

5 de janeiro de 2010

do SE



...se eu juntasse os ses que andam cantando por aí, nas bocas míudas ou espalhadas ao vento, talvez o mundo não vivesse de lamentos...