Faltava pouco para o intervalo. Do lado de fora o sol da cidade fervia como de costume, os carros trafegavam em sua ânsia alucinada rumo ao nada, as pessoas se cruzavam sem a experiência de compartilhar. Aquele era o momento mais comum da terra, quando os adultos vivem a loucura da vida e as crianças e adolescentes as maravilhas da fantasia.
Para a maioria de nós o mundo se resume ao pedaço de terra e de gente que nos cerca. É preciso contato para existir. Por isso aquilo que está distante não nos é natural, então naturalmente não nos afeta. Mas existe uma coisa universal chamada dor. É possível sentir a dor do outro apenas vendo sua expressão, ouvindo seu urro, imaginando sua situação.
O fato é que estavam todos em seus caminhos, seguindo seus destinos, quando a insanidade humana resolveu aparecer. Em salas de leitura a loucura se apresentou desferindo pontos finais.
Do lado de fora o sol da cidade fervia como de costume, os carros parados no trânsito perplexos pelas informações, as pessoas se cruzavam atônitas em uma triste corrente de indignação e impotência. A demência social se afasta por alguns minutos. A cidade é silêncio, é lágrima, é a dor da interrupção. Sobre a carteira resta um caderno aberto onde se escrevia um futuro que já não existirá.
07 de Abril de 2011.
3 comentários:
Lamento.
Enquanto procuram as razões levada ao trágico acontecimento, é deixada a dor marcante de uma perda.
A unica coisa "boa" que podemos tirar da tristeza é um pouco de arte mesmo...
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