Quando ela acordou ele não estava lá. Era tarde e ninguém mais se arriscaria a lhe mostrar o caminho. Sozinho ele partiu pra um novo mundo distante daquele que ela havia imaginado. O ato de partir criou um vão no peito de uma mulher sem razão, onde as variações de sentimentos eram notas de uma melodia improvisada. Agora a danada da vida lhe apresentava de novo o chão do poço, sem seu moço de carinhos contínuos, sem seu elo com o mundo real.
Aquele plebeu sem cavalo branco sumiu no meio do povo sem o medo que imaginara antes de se permitir andar. Seu rumo moderno e imprevisível lhe possibilita a chance mediana de se encontrar feliz. Cortou em si a raiz de uma dor que não cessava. Agora a luz que incide em sua face ressalta a graça de quem se descobre no mundo sem mágoas , sem farsas, sem pesadelos.
...
Quando ela acordou ele já havia sumido. Seu grito de liberdade havia espantado o autor de um fado lamoroso que lhe enchia a mente e a culpa vã por desilusões alheias. Estava cedo para se acorrentar em um mundo de movimentos programados. Seu estado de espírito era de uma menina que acabara de compreender a força que tinha e transparecia no brilho do olhar sua gana pela sedução das oportunidades.
Aquele que esbarrava aturdido no meio de uma multidão sem feições, guardava nos olhos as gotas cálidas da depressão de uma entrega. Havia ali partido um peito apaixonado que não sabia bem aonde ir. Sem entender direito seu caminho não definia o contraste entre céu e escuridão, a passo que cambaleava por esquinas tortas de sonhos avessos. Seu verso sem graça enchia as páginas de cadernos imundos num baú de madeiras apodrecidas. Ali não havia mais vida.
E depois eram dois ... distantes.
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