Imerso vai um corpo pelo leito do rio de águas barrentas. Sem passado que presencie sua última rota vaga aquele pedaço de carne em putrefacção navega em direção ao seu leito de morte. O porto da pobre sem sorte é uma margem invadida pela vegetação. Os homens apreciam distantes o espetáculo de sua degeneração. Ao longo da ponte que a emoldura a felicidade obscura de quem assiste o ato infeliz de seu destino a se realizar.
Homens outros também sem sentimento cumprem seu dever em troca do alimento de cada dia. Analisam sua forma deturpada pelo liquido, avaliam as possíveis causas de sua história e desdenham da fatalidade ocorrida. É a vida. Todos se aproveitam de alguma forma do receptáculo abandonado.
Ao lado o espectro que outrora habitava o ser humano ali jogado, sente o peso de seu fado. É testemunha de sua própria morte. De inicio acredita ser um trote divino, uma brincadeira infernal, mas a loucura perde para a lucidez, e aos poucos a sensatez faz a cena perder a graça. Ela chora, olha, disfarça,...
Mas a vida segue e a morte ainda guarda seus mistérios.
Relatos reais e imaginários de um dia de trabalho.
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