Quando a gente é menino e a rua é uma parte da casa, todo
povo que se espalha pela sala iluminada de sol e ventilada na brisa faz parte
de uma família que em dado momento da vida se cristaliza. A memória faz da
infância um quadro que a gente visita quando se lembra de ser feliz.
Na rua todo amigo é quase irmão, toda turma é tipo uma
gangue, toda brincadeira é uma festa e toda confusão é batalha da tropa. Ali,
quando os pais se escondem em seus afazeres domésticos, os mini-homens iniciam
suas histórias aprendendo sobre lealdade, refletindo sobre consequência e
reagindo no instinto próprio do aflorar da inocência.
Nessa terra de magia toda mãe de amigo é tia, e toda tia é
um pouco mãe. Nada é mais sagrado do que a mãe da gente, quando a gente se
junta é tanta mãe, pois é tanta gente, que a mais boba palavra é assunto de
morte, toda difamação é algo indulgente, mas pra sorte do imbecil que xingou a
tia (que é mãe) a nossa agonia não dura um dia, e na manhã seguinte a gente se
junta num ‘baba ‘ de novo.
O tempo passa e a gente se perde por culpa da vida, da tal
linha e do destino, mas sempre haverá na graça da lembrança a beleza da Maria,
da Valmira, da Rita, da Nilda, da Juce, da Zeni, da Til, e de tantas outras
mães de tantos outro meninos.
*texto as mães da barragem de um tempo outro.
...À Glória que já encontrou Maria.
Um comentário:
me identifique, voltei aos tempos de rua com os amigos, e a lembrança daqueles amigos que escolheram outros caminhos e estão vivos apenas na memoria.
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