15 de novembro de 2015

TERROR do MUNDO

Um homem ajoelhado diante o mundo aguarda a sentença de seu executor, atônito um menino no interior desse universo assiste o espetáculo de horror real. Mais cruel do que a cabeça que rola ao chão no golpe impiedoso da espada é a imagem da plateia presente na cena do crime, formada por homens e crianças que aceitam tal ritual como natural, olhando de maneira insensível o findar da vida de um ser com prazer de quem acredita que todo esse processo é divino. A religião já foi denominada o ópio do povo. Sem análise espectral, é sim um grande organizador social, mas quando é instrumento do fanatismo se torna uma arma de destruição sem comparação na linha histórica da humanidade.
Aquele homem sem cabeça é um cidadão do mundo, não lhe cabe uma nacionalidade, e talvez por isso, não exista exército que o defenda ou que o vingue, não existe nação que o represente. É um homem desprezado pela humanidade. Seja em solo árabe ou africano, os bandos que propagam estes costumes assassinos não precisam de motivação para exercer suas vontades infames, estão protegidos por sua insanidade e muitas vezes pelo espirito democrático dos povos alvos de seus atentados.
O terrorista é um soldado da guerra, e em qualquer terreno ou tempo merece o julgamento de guerra. Não há condenação justa que não seja uma perpetuação de sua ideia anormal de mundo. De fato o terrorista morto cumpriu sua jornada de maneira exemplar, viveu e promoveu guerra, chocou o mundo e apodreceu como imaginava, mas o cidadão que jaz decapitado em vídeos pela internet não descansa, não se finda, não se realiza.
Um corpo inerte que se deteriora a cada visualização abismada, que se expressa em silêncio. O mundo que aceita tal atrocidade potencializa a continuidade dessas ações. Ainda que entenda e valorize a evolução do pensamento humano, acredito que o mais adequado a intolerância é ser intolerante, contra o terrorismo pregar o terror. A grande fraqueza da democracia é a extrema valorização do seu valor moral. A defesa da dignidade da vida não se encaixa de maneira justa quando se emprega no julgamento ao terrorismo. Como se pode imaginar que o carrasco de um mundo pacífico pode ser protegido por sua vítima.
A selvageria desses homens já nos contaminou. Sinto que enquanto o carrasco mantiver sua cabeça sobre o pescoço o esboço do mundo será sim o apocalipse, mas o fator que impulsiona as ações militares de pacificação não tem muito interesse na paz ou mesmo na dignidade da vida humana, esses conceitos não são lucrativos, logo não deve ser investido tempo em dinheiro em sua busca. Deixem às garotas prisioneiras, os pobres dizimados e o inferno de crânios se prolongarem, combate-lo é desgastante e oneroso demais.

O menino do interior desse universo sente a faca traspassar sua garganta lentamente, sente a dor latente de um futuro enegrecido pelo ódio e se consome na incapacidade de se lançar ao combate. O mundo arde em chamas, Deus já se ausentou.

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Foi há 1 ano, há 10 anos, como foi anteontem... tem sido frequente, e a gente se assusta toda vez novamente por não entender como pode tal barbárie ser produto de gente, que se sente excluída, abusada, ultrajada em seus costumes, credos e paz, mas que responde com o extremismo imbecilizante da violência contra outra gente que em sua rotina nada de mal faz.

WTC – Metrô de Madri – Charlie Hebdo – Boates em Bali – Ônibus em Londres 
Shopping em Nairóbi  –  Trens em Mumbai  –  Boêmia Francesa – Democracia do Mundo
Lá e Aqui

O terror se expande dentro de nós, mas o medo não vencerá a razão.

We are Humans . Nous sommes humains
  نحن بشر 
 

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