5 de abril de 2009

Crônicas de eLe - XVI

O NOME DO SONHO
O fim do serviço se aproximava e a pressa em seu coração ganhava novos ritmos que atravessavam a harmonia do tic-tac. O relógio gigante no alto da parede no centro do mercado era um outdoor permanente, o digital no braço de eLe parecia mais pesado pela angústia do reencontro. Havia uma magia percorrendo o ambiente. Até o crepúsculo que se anunciava próximo pelas portas de vidro empolgavam o olhar apaixonado do menino que acabara de chegar a sua festa surpresa.
Chega o horário encantado e eLe parte desesperado para a saída sul. Seu coração palpitando mais forte a cada passo naquela direção. Mas no meio do caminho algo atravessa seu pensamento.
...*o que vou dizer a ela? o que posso oferece-la?
será que ela ainda estará lá?*...
Chega no local marcado com os batimentos cardíacos em estado normal; olha ao redor e não encontra ninguém. Era apenas mais uma ilusão acreditar que aquele bela menina estaria dando chances a um zé qualquer. A cabeça se abaixa com um a de um perdedor envergonhado de seu próprio sonho.
Duas mãos se põem sobre seu olhar. Mãos macias, cheirando a orvalho, dá até pra sentir a respiração leve que encosta a nuca. Ele se arrepia e aproveita aquele momento sem saber ao certo quem possa ser. Então aos poucos a noite vai nascer iluminada.
...
- Quem é?
- Sou eu, Eugênia!
- Quem!?
...
Ela desvenda seu olhar e apresenta a face e o nome, significativamente são pares. Peças complementares do mesmo ser divinal. A nobreza da beleza ingênua e o doce da humildade real. Era a menina de seus sonhos. eLe parado ficou por uns segundos apenas admirando sua face tão perto. Ela corou e calou-se, esperava alguma palavra. Então foi preciso acordar para a realidade e se expressar. eLe não pensou, apenas disse:
...
- Oi!... Você é linda!
- Obrigada! - Ela ficou ainda mais vermelha -Você pretende ficar me olhando ou podemos ir a algum lugar?
- Oh, me desculpe! É... Onde podemos ir?
- Não sei. Hoje não tenho pressa de voltar pra casa. Estou à deriva, e o leme está sob seu controle.
...
Ali começava a mais fantástica viagem que ele poderia imaginar no novo mundo. Rumava ao desconhecido mar do amor. Era um tripulante de primeira viagem e a sua companheira lhe deu o mapa do tesouro. Foi sem medo.
Na vida é preciso mergulhar.

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