25 de abril de 2009

Crônicas de eLe - XVII

OS LÁBIOS
Caminhavam a qualquer lugar na noite que os abraçava sutilmente. Falavam sobre suas vidas, do que gostavam. eLe descobrira que a menina ainda estudava o colegial, que gostava de voleibol e que viajava sempre para o sul do país para casa de parentes. Ela por sua vez, descobriu que eLe era nordestino, já havia se formado no ensino colegial, tinha pretensões de cursa uma faculdade, mas ainda não sabia em que, e que tinha ido até o seu mundo em busca de novas perspectivas.
Eram dois personagens típicos de um romance inviável, locais, culturas e visões distintas do mesmo ambiente. Aos poucos as vontades daqueles extremos iam convergindo ao mesmo pensamento. Já estava ficando mais tarde do que deveriam permanecer na rua, estavam em um parque da cidade e ela teve que se despedir. Caminhavam ao ponto de taxi quando eLe inesperadamente deixou escapar uma indagação:
...
- Por que motivos estamos aqui neste pedaço de mundo, juntos, se somos tão diferentes? – eLe instantaneamente se repreendeu por ter feito tal pergunta.
...
Ela demorou-se o observando encabulado, e após ter certeza do que deveria dizer, o olhou diretamente, foi se aproximando de sua face, encostou seu rosto no dele como um gato carente a procura de carinho, deslizando sua bochecha na dele. Aos poucos seus lábios foram se aproximando daquela boca surpresa e ansiosa. Ali, unidos delicadamente, os lábios estavam vivendo a efêmera confirmação da felicidade.
Então se afastando ela respondeu:
...
- Porque eu gostei de você.
...
Eugênia correu para o taxi mais próximo enquanto ele olhava encantado sem entender o que havia acontecido. E quando taxi já começava a se mover ela com parte do corpo para fora, sorriu e bradou:
...
- E queria muito te beijar!
...
Bobo, eLe se encaminhou para o ponto de ônibus urbano. Olhava para as edificações a sua volta e não conseguia definir suas cores. Estava delirando em meio a um arco-íris particular.
E ainda existem aqueles que buscam resolver a equação do coração, mesmo sabendo que para isso não existe lógica.
...

Um comentário:

Thaisinha... disse...

e ha quem nos obrigue a não gostar do resultado da equação.
E mesmo sabendo que podemos modificar algum parentese, sabemos que não terá o mesmo efeito.