3 de novembro de 2012

Mães da Rua

Quando a gente é menino e a rua é uma parte da casa, todo povo que se espalha pela sala iluminada de sol e ventilada na brisa faz parte de uma família que em dado momento da vida se cristaliza. A memória faz da infância um quadro que a gente visita quando se lembra de ser feliz.
Na rua todo amigo é quase irmão, toda turma é tipo uma gangue, toda brincadeira é uma festa e toda confusão é batalha da tropa. Ali, quando os pais se escondem em seus afazeres domésticos, os mini-homens iniciam suas histórias aprendendo sobre lealdade, refletindo sobre consequência e reagindo no instinto próprio do aflorar da inocência.
Nessa terra de magia toda mãe de amigo é tia, e toda tia é um pouco mãe. Nada é mais sagrado do que a mãe da gente, quando a gente se junta é tanta mãe, pois é tanta gente, que a mais boba palavra é assunto de morte, toda difamação é algo indulgente, mas pra sorte do imbecil que xingou a tia (que é mãe) a nossa agonia não dura um dia, e na manhã seguinte a gente se junta num ‘baba ‘ de novo.
O tempo passa e a gente se perde por culpa da vida, da tal linha e do destino, mas sempre haverá na graça da lembrança a beleza da Maria, da Valmira, da Rita, da Nilda, da Juce, da Zeni, da Til, e de tantas outras mães de tantos outro meninos.


*texto as mães da barragem de um tempo outro.
...À Glória que já encontrou Maria.