25 de dezembro de 2012

Espírito Natal


                               



Pra cada um com um milhão,

Um milhão sem um sequer.





Um Milhão - Rodrigo Amarante



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3 de novembro de 2012

Mães da Rua

Quando a gente é menino e a rua é uma parte da casa, todo povo que se espalha pela sala iluminada de sol e ventilada na brisa faz parte de uma família que em dado momento da vida se cristaliza. A memória faz da infância um quadro que a gente visita quando se lembra de ser feliz.
Na rua todo amigo é quase irmão, toda turma é tipo uma gangue, toda brincadeira é uma festa e toda confusão é batalha da tropa. Ali, quando os pais se escondem em seus afazeres domésticos, os mini-homens iniciam suas histórias aprendendo sobre lealdade, refletindo sobre consequência e reagindo no instinto próprio do aflorar da inocência.
Nessa terra de magia toda mãe de amigo é tia, e toda tia é um pouco mãe. Nada é mais sagrado do que a mãe da gente, quando a gente se junta é tanta mãe, pois é tanta gente, que a mais boba palavra é assunto de morte, toda difamação é algo indulgente, mas pra sorte do imbecil que xingou a tia (que é mãe) a nossa agonia não dura um dia, e na manhã seguinte a gente se junta num ‘baba ‘ de novo.
O tempo passa e a gente se perde por culpa da vida, da tal linha e do destino, mas sempre haverá na graça da lembrança a beleza da Maria, da Valmira, da Rita, da Nilda, da Juce, da Zeni, da Til, e de tantas outras mães de tantos outro meninos.


*texto as mães da barragem de um tempo outro.
...À Glória que já encontrou Maria.

12 de outubro de 2012

¹/2 decáda



BinóculoMíope - 5 anos 

Era fim de tarde quando meus dedos se puseram sobre um teclado com o intuito de iniciar uma nova diversão. Era o fim de uma fase, no entanto desconhecia. E foi de maneira estranha e sem cuidado que meu estado de solidão se ocupou de palavras para desvendar cores minhas, segredos que foram se criando sobre a escrivaninha, as mesas que antes repletas de versos se viam com textos diversos em caráter de exposição. O homem metade moleque naquele instante era mais sóbrio então.
Desviei-me de vários caminhos enquanto meu ninho perdia calor, mas sempre revistava os cantinhos dos meus desatentos cadernos onde certo habitava um restinho de amor. E fui sem saber pra onde, sem saber se quando, nem sequer querendo... Me fiz um rapaz insonso, um pai discreto, um homem fosco. Em meus delitos mais modesto é que me entrego como sou, entre os segundos que restam desse desalento vivo os bons momentos desse ser ator.
Eu finjo viver uma felicidade tão completa que me encanta e me acerta em verdade o coração.


“O poeta é um fingidor...”



5 de setembro de 2012

ELEIÇÕES NO MUNDO DE OTA



OTA é um mundo distante em que seus moradores vivem e vêem na democracia e liberdade individual a representação de suas vontades, os seus maiores direitos. Esse momento de validação de seus pensamentos chega ao ápice de 4 em 4 anos, quando são realizados pleitos eleitorais para a escolha daqueles que iram comandar o mundo de OTA durante o mandato, até o próximo pleito. O que mais chama atenção são as características do eleitorado de OTA e como acontece todo o processo eleitoral de OTA.

Pessoas ignorantes, analfabetas, cultas, instruídas, ricas, pobres, miseráveis, os que se acham alguma coisa, os donos da razão e os calados formam o eleitorado de OTA. Todos são donos de seus votos conscientes, afinal de contas a consciência humana é individual, e cada um vê na vida um objetivo. Da mesma forma são compostas as chapas dos candidatos que concorrem aos cargos funcionais da política. É muito comum do povo de OTA reeleger indivíduos que pouco fizeram ou em nada contribuíram para o desenvolvimento local, o que faz do cargo funcional uma profissão política, já que a grande maioria que assumem o poder não aceita que a mudança seja interessante para o processo político do estado democrático, independente de em qual esfera ocorra à eleição (município, estado, união). Ressaltando que o grupo que discursa em favor da mudança no caso de ser eleito promove mudança em seu próprio discurso afim da continuidade no poder.

O povo de OTA disputa de todas as formas a campanha política, fazendo grandes caminhadas promovendo número, cor e mascote de seu candidato. Talvez seja este o período festivo do calendário mais esperado pelo povo de OTA. Importante aqui ressaltar que no período político é inaceitável usar cores do adversário, itens com seu número e mascote. Importante também cuidado no uso da mascote, sendo mais comum o uso de aves, mamíferos, peixes e seres do mar ou corpos celestes; não é indicado o uso de anfíbios ou répteis tendo em vista o aspecto asqueroso e duvidoso que os mesmo promovem aos seres humanos, conduto é aceitável assimilação com o grupo adversário. Interessante a demonstração de afeição do povo de OTA que marca suas residências com símbolos, cartazes e bandeiras dos grupos políticos que apóiam numa clara demonstração de involução ao direito do voto secreto. O povo de OTA acredita que esse direito é desnecessário e os que promovem tal conduta são apenas adversários com medo de se revelar ou pessoas sem opinião. O povo de OTA está à frente do seu tempo, dentro da idéia do tempo cíclico acredita que esta reavivando uma segunda fase do período feudal.

Neste último pleito o povo de OTA revolucionou a campanha política promovendo a politicagem local ao mundo virtual através das novas plataformas de comunicação. Agora a população fica durante todo o dia se provocando e promovendo baixarias a fim de incitar o grupo adversário. Desta forma incluíram em debates pouco políticos pessoas que até então pareciam não ser de OTA, mas que são. Estes independentes de OTA que se envolvem com os militantes e correligionários da ganância ou da utopia são figuras que apenas sofrem de um espasmo circunstancial, mas que acreditamos não sair tão afetados desta contaminação pseudo-salvadora.

Os candidatos de OTA são criaturas a parte, tão similares aos seus eleitores que fortalecem a idéia de governo do povo, já que o povo de OTA no geral é despreparado para as oportunidades, tem demonstrado grande capacidade para o ilícito e para a ganância individual. Assim fica fácil apontar como é adequada a política da casa abonada, ou seja, o voto vai para aquele que favorecer aos meus e a mim. A política coletiva e social é muito interessante para uso exclusivo nos discursos de palanque, aos que tem esta habilidade, já que é incomum entres os políticos de OTA a capacidade da oratória. O habitual em discursos e conversas com os candidatos é a fluência em assuntos banais e ofensas ao adversário e ao seu grupo. Projeto político de governo é um item desconhecidos dos candidatos, alguns até esboçam idéias em público, porém cientes de seu desinteresse.

Para obter seus objetivos o políticos de OTA que sozinhos durante muito tempo demonstraram tamanha capacidade de destruição e inércia no desenvolvimento local, formam grupos com outros políticos, que também possuem esta capacidade, no interesse de fortalecer suas chances de sair vencedor no pleito de OTA. Assim o eleitorado de OTA tem ficado um tanto perdido quanto a posição dos seus candidatos, já que oposições históricas são desfeitas em estranhos apertos de mãos e discursos ofensivos são tratados com rugas e dão lugar a afagos absurdos. Estes acordos têm por interesse o controle político de determinadas áreas do governo, o que nos leva a entender que eleito o candidato X, ele deve vagas a todo alfabeto da coligação, o que inclui letras abomináveis de se ver no poder. No fim das contas se for bem estudado será percebido que independente do resultado das eleições o povo de OTA está fadado a mais do mesmo.

O povo de OTA celebrará o pleito como uma vitória, de maneira até bonita de se ver. A maior certeza além dessa é que daqui a 4 anos o povo vai estar na rua da mesma maneira, alguns mentido sobre as belezas de agora e outros propondo mudanças, mas nessa dança só que não se dá bem é o povo de OTA.




Carta de um Eleitor de OTA.



Green Day - American Idiot

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26 de julho de 2012

Caminho da Dor


A rua cheia de pés que rumam ao mesmo lugar numa procissão silenciosa de pensamentos inquietos e sofridos a respeito daquilo que é comum a todos os andantes. Entre olhares desconhecidos e acolhedores a sentença única da dor que é dividida, mas não suplantada. Vai um corpo na caixa de madeira e de certa maneira o espectro daquela vida se eterniza na massa que a segue.
Cada um carrega consigo uma ausência particular daquela que se esvai na história e no tempo, uma intensidade única e particular de afeto que machuca o peito e corrói a alma. A dor se espalha no olhar de quem conheceu há pouco tempo e vive a curiosidade que se esbarra no não contínuo; na incerteza de quem teve todo o tempo e não acredita ter aproveitado bem; na desilusão fatal de quem amou e não possui o bem querido, e pior de quem possuiu, mas não teve coragem amar; de quem conviveu situações íntimas e sigilosas que serão sempre lembradas por sua importância e resultado; e a dor suprema de quem deu a vida e não acredita que essa mesma se foi tão cedo.
Cada um carrega consigo um abrigo imaculado pra quem nos deixa aqui, e vela em sua memória a gloria do tempo em que viveram juntos. Vai o dia se findar numa sensação de vazio que não vê remédio, a não ser as horas que virão e lentamente solidificarão essa angustia líquida que escorre dos olhos. Depois de toda dor, virá o brilho do sorriso moreno que há de afagar a alma com a vibração de vida que ela espalhou...

A vida se esvai do físico pra se expandir no infinito.

11 de junho de 2012

aos 26¨

Aqui desde 86
rumando junto com vocês
pr'um lugar que realmente não sei onde é
Hoje acordo todo dias às 3
pra enrolar meu menino 'artês'
começando meu dia com fé
Agora um homem aos 26
me sinto ainda um tanto 'devez'
Mas depois de tudo estou aqui de pé...



...vivendo 
o que me cabe da vida.

31 de maio de 2012

Desamor Adolescente

Quando a noite se acabou num suspiro sem sono e ele se viu abraçado definitivamente pelo abandono, não se sentiu enojado de mais uma vez recorrer ao engano pra se sentir menos infeliz. Foi só mais uma noite de uma temporada de insucessos, sua vida estava em retalhos, suas aspirações embaçadas, suas perspectivas anuladas. Daquele ponto em diante o inferno de dante seria seu recanto indefinido.
Amargurado com aquela dor que lhe consumia a fé, seus pés sem afundavam numa lama de incertezas sobre o que foi bom e confirmações de tudo que lhe foi pior. A dor da descoberta de sua fraqueza conseguia ser maior do que o aperto no seu coração que aquela trama engenhosa do destino lhe causava. Era refém de si e sem imaginação para se libertar. Por semanas esperava ouvir aquilo que imagina solucionar seus problemas, iludia-se em invenções de diálogos que nunca iriam existir, e ali em seu cantinho desprotegido viu seu mundo desmoronar. Era um desconhecido no reino descontente da realidade.
Por tempos infindos seu caminhar encontrou-se num rumo que não daria em lugar algum. Em silêncio percorria sua vida até que o fim daquela noite chegou. Dali em diante tudo deveria ser novo, ou menos velho, não poderia ser igual. Ele acordou do pesadelo que se permitiu viver e numa conversa necessária essa história se concluiu. Levantou-se do porão que se escondia e abriu a janela pro sol entrar.



Em Resumo:
Apaixonado ele queria entender por que ela não ficaria com ele.
Viveu a desilusão sempre esperançoso de que nada impediria ela de voltar atrás.
Até que um dia viu seus colegas falando dos novos namorados do colégio.
Foi preciso apenas que ela lhe contasse que estava apaixonada pelo carinha da 6ª série.
O mundo naquele instante acabou, pra renascer na semana seguinte.



A gente cresce e envelhece, mas os dilemas não mudam.
...humanidade...

28 de maio de 2012

*pensamento nato



"É rotineiramente no silêncio da razão
que escutamos todas as verdades que precisam ser ouvidas."








*na maioria das vezes é justamente aquilo que não queremos ouvir. 

10 de maio de 2012

Parábola da Equação do Amor


Certa vez um rapaz sem dotes físicos extravagantes, que tinha em seu conhecimento matemático seu maior dom, se apaixonou por uma linda estudante de Letras. Por muito tempo ele viveu o encantamento de maneira secreta, sem se arriscar a decepções. Todos os dias observava o desfilar de sua musa pelas áreas comuns da universidade, contudo nunca sentiu coragem suficiente para abordá-la. Sempre que seus olhares se cruzavam ele desviava sua atenção com vergonha da situação.
Um dia, cansada de tanto esperar pela iniciativa daquele rapaz inseguro e tímido, a garota foi ao seu encontro e indagou:

- Bom dia! É impressão minha ou existe entre nós interesses além do âmbito estudantil. Vejo você me observar todos os dias e sempre espero ouvir sua voz, mas em silêncio retorno a minha rotina, curiosa a respeito do pensamento desse rapaz que tanto me instiga.

- Desculpe-me, Bom dia! Não tenho a intenção de constrangê-la, mas meu coração pulsa numa frequência descompassada, em velocidade incalculável, fazendo com que minhas resoluções sobre a vida pareçam inexatas. Partindo deste princípio de ausência da razão e da perspectiva ínfima de possibilidade da correspondência na sensação e desejo, me privei da tentativa.

- Que pena que você não se permitiu. Pelo pouco que conheço de estatística ao menos 50% das chances seriam positivas aos seus interesses. É preciso ser mais confiante.

- Eu sou, mas depois de calcular todas as variantes que me possibilitariam êxito nessa conquista, não encontrei equação que me favorecesse. Se você vê uma alternativa para que eu consiga o seu amor, me apresente, por favor!

Ela de maneira discreta pegou um guardanapo na bolsa, ofereceu um sorriso e um olhar convidativo, e com a caneta esferográfica rabiscou brevemente...

35-3WV

Ele passou alguns segundos analisando a singela equação e sem compreender questionou:

- Qual sua intenção com a representação destas incógnitas incomuns?

- Ah, desculpe! O papel está de cabeça para baixo.
...



...coisas de quando ainda sou eu


- poema de outono à tarde

Vindo o inverno ou verão, pode ser que assim ou não, 
o que vale de verdade é a tarde de chuva 
em que me agasalha teu abrigo
quando mesmo já não contigo 
sinto à distância os teus braços sobre mim.
O abraço do meu peito te aperta também
independente do temporal que venha.
...e na ideia mágica dessa chama 
que a lenha do meu coração incendeia
escrevo os versos desencobertos de segredos
para que na solidão diária de cada um
o mundo enfim me leia.

1 de maio de 2012

Mundo Fútil

Sobre a mesa circular um capuccino morno, uma cadeira vazia a frente, e em volta um mundo de percepções individuais do mesmo mundo que habitamos. No balcão a moça atormentada pelo fim do serviço aguarda aquela que vai substitui-la e já está atrasada. Pessoas em mesas vizinhas discutem famosos e oficios... São milhares pelos corredores de granito, por cadeiras lotadas, pelas escadas rolantes, e ninguém sabe o que lhe aguarda a seguir. 
Um menino na ingênua graciosidade do amadurecimento humano conta os relevos no piso de sinalização especial, de um a um, multiplicar ainda não lhe ensinaram na escola. Ele segue com os pais pra casa, assim como muitos que voltam, enquanto outros partem para mundos diferentes. E ninguém sai de onde é, pois a casa vai com as lembranças e certezas que a vida nos apresenta. 
Agora no meio dessa multidão silenciosa, no meio dessa solidão coletiva, me vejo no saguão vazio da madrugada. Minha estada é pelo entretempo de chegar em casa, mas também me vou pra um canto qualquer. Passagem para mais um lugar nesse globo, que gira e se modifica a todo instante, enquanto nós nos enganamos acreditando que entendemos esse ambiente que nos cerca, e pior ainda, o tempo que temos. Não importa a conta no banco, o conhecimento das coisas, a pontuação no cartão de milhagem, estamos de passagem e não estou citando a situação atual. 
Tudo passa, e na ânsia de querer ser importante perdemos a chance de sermos nós, de nos realizarmos, de vivermos o pouco que temos e que nos faz bem. Diante da vida me sinto uma formiga na rota da bota. E honestamente não sei porque pensar e filosofar tanto, mas cá entre nós, eu quero sorrir mais.
Não sei se vai dar certo, se minha coluna vai se ajeitar entre as almofadas nada macias desses bancos de metal, se o voo vai ser tranquilo, se chego em casa a tempo de buscar meu moleque na escola, mas sei que bem agora me deu uma vontade danada de ser feliz. E já não penso nas contas, nos dramas, nas agonias; penso nos que amo, e em como seria bom tê-los todos comigo num lugar mais bonito aproveitando do incerto.
Triste é imaginar que, mesmo eu, amanhã retornarei aos meus problemas e deixarei de lado essa ideia infantil de alegria. Mas que um dia, ao menos em um dia, é bom ser ingênuo e feliz, isso é. 
Porque um menino quando ri da coisa aparentemente mais tola possível, ele o faz com verdade.

18 de abril de 2012

Ao som do Maglore


Léo, Teago e a cabeleira do Nery.



A noite de sábado naquele dia 15 de março era simples e seca, sem o efeito mágico de um pulsar diferenciado. Era um som enamorado que não batia correto, pois não havia perto quem retribuísse o sentimento. No lento momento em que me dispus a caminhar ao local, entre o subir escadas e adentrar o pequeno vão de sons, encaro o Teago, dono da voz, e sem tietagem observo seu anonimato entre os tantos e tão poucos espectadores daquele show independente ainda incomum a realidade do local.
A Maglore talvez seja hoje a banda baiana mais promissora , e olha que ela tem a companhia de nomes interessantíssimos que já tem seu espaço no cenário nacional e internacional. Contudo foi muito bom perceber o espírito juvenil e desgarrado de firulas de estrelismo. O show se desenrolou magnificamente empolgante, com uma turma ambulante que sabia todas as músicas e todas as pausas, que cantava com a alma os versos bradados de amores e desamores que nas canções se contam.
No fim da farra, na calçada onde as pessoas normais se encaminhavam aos seus devidos lugares, deu pra trocar uma ideia e uma resenha com o Teago e o Léo, e perceber que os meninos são sonhadores e moleques tão comuns quanto tantos, mas diferentes o quanto se permitem ser. Produzindo sentimentos sonoros eles inundam o ar com um som que faz companhia nos dias de solidão, e que embala as horas de amar, e...
“Quando eu dou por mim eu não estou mais tão sozinho, tenho a beleza da cidade...”


No show o Léo me contou sobre a gravação dessa música para o projeto Re-Trato do Musicoteca. E ficou muito lindo!

8 de abril de 2012

Domingo de Abril

Coldplay - Us Against the World

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Amanheço como o sol escondido sobre a névoa, discreto feito a rua silenciosa que me recebe. Disposto ao suor me lanço na corrida de pensamentos borbulhantes e quilômetros de asfalto morno. O vento frio que me abraça afugenta as traças de um ócio preguiçoso que insistia em me acompanhar. Meu lar foi um abrigo insone  onde a cama arrumada ainda me espera para o descanso.
Vagueio por uma vida de confissões e confusões não reveladas, penso em futuros alternativos que provavelmente nunca viverei e me canso no retorno ao que me é realidade. Sentado no passeio da casa que um dia teve sentido, observo através dos meus óculos embaçados a vida continuar sem brilho para mundos outros que me cercam. Eu ainda sigo, por um caminho que irei descobrir.
Depois de um banho de ilusões e desilusões imaginadas, me entrego ao sono sobre a cama vazia. Conto mais 1 dia e adormeço enquanto o mundo acorda.


"Sing slow it down..."

18 de março de 2012

Vida a Dois

Acorda devagar, sonolento em um lamento incrivelmente conquistador fazendo com que me demore um pouco mais na cama. Faz um drama ao se encontrar com o banho matinal. Sua refeição faz as pressas e desliza pra sua rotina empolgado com mais um momento de se expandir. Em casa me anima o sol a organizar tudo pra ele. 
Limpo o espaço, refaço seus passos do dia anterior e vou guardando a bagunça que só ele é capaz de fazer. Espero o horário para novamente o encontrar. Depois do almoço o soninho da tarde, e me invade a alegria de um minuto de paz olhando seu descansar merecido, depois de tantos gritos e conflitos por nada que tenha sentido na verdade. A implicância é uma boa parte de seu comportamento normal. Ele é confuso e carente, o que talvez a genética explique. Mas o fato é que complica tudo que parece óbvio, fazendo de cada palavra trocada uma dádiva de momento singular. É fácil de requerer amor, difícil de entregar. Me beija no compromisso de um pedido, e abraça quando nada quer. É singelo em saber amar.
Seu sorriso de quem acorda novamente vibrante é assustador e revigorante. Ele sai quase sempre depois, pra ver o sol se pôr enquanto a rua ferve no rush pré-anoitecer. Depois é o programa natural das noites em casa: café, deitar e televisão. O controle em minha mão é só pra colocar no canal que ele quiser. E assim, imperador de meu caminhar, vai sorrindo para cama me esquentar o peito numa 'conchinha' que destrói qualquer sentimento infeliz do dia que se encerra. Na minha mão ele pega, contando os dedos num ritual sagrado até que o sono o derrube nos braços dos sonhos angelicais.
Ele é meu homem, meu centro, meu mundo. 
Meu Super-Homem, safado e astuto.

Feizin em ação. (rs)

no Balanço

Quanto menos me encontro nas madrugadas insones
mas tenho a certeza que já não estou.
A pergunta é:
pra onde você me levou???




...el silencio termino

16 de março de 2012

Ela é Julieta


“- Senhora, a casa já se agita. É um novo dia.
  - É um novo mundo!”

Quando Lady Viola adentra o palco soturno de um coração desacreditado, o lado luminoso da vida resplandece numa prece anglicana que se derrama sobre o leito fabuloso de sua aura pele angelical. Dama sublime e simples de olhar melindroso, de lábios ansiosos pelo derradeiro toque do verso seguinte, quando ainda é ouvinte dos batimentos acelerados em seu peito, perde o rumo e os direitos quando se torna escrava de um sentimento que aprisiona também o ser amado.
Ao lado de seu sonho caminha o sonho de Will, seu próprio Romeu, que culpado segue pelo vale desajustado do desejo, caminha rumo ao beijo incerto da manhã que não se tem certeza do resplandecer. Ali sou eu também um poeta, alerta para as sensações que adornam o respirar e distraído na realidade que me cerca. Tua breve cena sobre o sono nu dos corpos é um devaneio insone deste pobre escritor canastrão.

“- Temo que por ser noite seja tudo um sonho tão delicado e doce que desvaneça.”

Ela brilha nos meus olhos ou meus olhos brilham nela?! Sem certeza da querela que nos espera ao fim do ato, me desato no mais bravio dos cantos sombrios de solidão. O silêncio me consome na lembrança dos teus dias. Amarga visão do teu amor por mim, dor venenosa de tua voz distante, aqui é quando o amante se entrega na calada lágrima que se despede da face numa belíssima demonstração de infelicidade constante.
Dedilho no alaúde a canção do teu retorno, vejo a corda vibrante entoar o doce coro que meu coração declama na ânsia de teu abraço. Desfaço-me do que me dói, vou descalço ao que me faz feliz. Sobre a areia daquela praia deserta te encontro no termino da película num enlace que nos faça enfim eternos.

“Lamentar uma dor passada, no presente,
é criar outra dor e sofrer novamente.”
William Shakespeare


Terno é meu momento de credulidade num sentimento que me faz falta.

9 de março de 2012

é sempre 50% para ser Feliz

Ninguém nasce pronto para uma vida infeliz. A gente vive resultado das escolhas, mas não temos essa visão antecipada dos fatos, por isso erramos tanto. Seria tão mágico viver um sonho encantado como uma ficção infantil, mas o mundo não é infantil há muito tempo. Fictícios são os fatos ao qual nos apegamos sem observar outras vontades. Mas a metade que nos cabe da felicidade é aquela da nossa responsabilidade, são os 50% que nos permitem se arriscar. É tudo uma questão de escolha, isso não quer dizer que não haverá dor, a dor é algo inevitável. Podemos optar pela surpresa de manhã enquanto os olhos abrem aos primeiros raios de sol, o apresentar de um mundo novo, novas possibilidades. Acordaremos apaixonados qualquer dia desses.
...



Todos deveríamos estar pronto pra se permitir ser feliz...

29 de fevereiro de 2012

Epílogo de um sonho


O romance é obra literária. A vida real é drama e suspense.

Queria te amar agora, numa chama de minutos consumindo toda a história que foi nosso enlace, os disfarces e as gafes que experimentamos juntos. Algumas horas em uma sala, de portas abertas pro outro e janelas fechadas para o mundo, para que pudéssemos ir ao fundo do que o outro guarda. Sem as mágoas que nos acorrentam, sem as malícias que nos sufocam, sem as angustias imaginárias de nossas carnes. Queria te tocar como da primeira vez, doce e intenso.
Não sei o que penso disso tudo, por isso me iludo na ideia de esquecer pra ser feliz. Não sei se a tua ideia de humanidade é aceitação de nossas falhas, mas a minha vontade agora é de errar em tua direção. Ser um sim na curva desejosa do não, e aproveitar os segundos para te amar como fiz diversas vezes de uma vez só. Quero ser burro e somar um mais um da maneira mais primitiva que se possa imaginar. Perder-me em afago e aprender a não acreditar. Consumir toda tua vontade numa dança de corpos unidos em nudez. Ser pervertido e carinhoso ao modo da casa. Ter a vida em sensações de prazer e amar antes que o sonho acabe.
Queria queimar feito o álcool inflamado sobre a chapa que o sol esquenta, breve e feroz. Não te obrigar a minha voz, mas o minha vontade de te fazer me ouvir. E num sussurro último te declarar o que já sabes há muitos carnavais. Amo-te impacientemente de uma forma maligna e sem trégua. Tomar-te em meus braços e num olhar final dilacerar tua alma em minha paixão. Depois sumir do mundo e aparecer em outro onde o destino tenha sido diferente.



Em alguns dias o que ressalta é o amor,


na maioria deles suprimimos uma dor que nos devora.


...

21 de fevereiro de 2012

18 de fevereiro de 2012

“ao pé do ouvido”


Gosto de falar contigo quando o mundo é só nós dois
Não há limite para as palavras, não há censura das vontades
Te quero comigo numa libido constante
como esse sentimento de ausência
intenso e  dilacerante
Quero você fora da estante
fora da caixa, exposta a poeira
pronta pro uso e pro abuso de meus deleites
sem os deveres sociais infelizes e limitantes
disposta a brincadeiras
Quero você cotidianamente
como minha adorável amante
Distante, já me basta a certeza de você
Quero a esperança como uma ponte
de ontem para um futuro feliz de prazer

Sal da Carne


Sábado, ele acorda no meio da tarde numa maresia intensa sem vontade de levantar. Deitado, do sofá observa atordoado a cena que se espalha pelo apartamento apertado, superlotado de amizades. Espalhado pelo chão, sobre tapetes, colchões e toalhas os corpos de pessoas amantes pelo prazer do sabor. No teto o ventilador barulhento espalha o vento das respirações ofegantes pelo ambiente inebriante de ressaca contente. Dormindo uma querida indigente expressa um sorriso safado ao seu lado, despida de pudores, revive-se os amores de uma manhã embriagada. Do nada um maluco 'boa gente' surge da cozinha com uma panela na mão tamboreando uma marchinha, despertando os irreverentes cidadãos do carnaval. É sábado e a noite promete.

...pecar é do espírito...

12 de fevereiro de 2012

'nó na garganta'

*
As árvores sacodem ao balanço de um vento breve 
que traz de longe o que me serve 
de sussurro manso 
para uma ideia livremente solta.
É preciso pouca sutileza
para que a beleza de lembrança intensa 
salte aos porões dessa memória que às vezes falha, 
outras massacra o sonhador com tanto ardor 
numa saudade que não se limita física.
Ouço a música mítica no silêncio do meu leito
onde o nó na garganta é a segurança 
do sentimento no peito.

9 de fevereiro de 2012

Breve observação sobre a Greve da PMBA



Antes de qualquer precipitação não há interesse desse texto em ofender crenças, posições políticas ou sociais dos leitores que se dispuserem a analisar tais palavras.

Sem sombra de dúvidas a parte mais ofendida e agredida com a atitude de paralisação da PM é o povo baiano que se acua em receio a uma realidade que em dias normais já apresenta preocupação, quanto mais em dias sem a atividade policial como asseguradora da manutenção da ordem. Economicamente a sociedade vive a incerteza do futuro próximo e ainda tenta calcular o prejuízo já causado pelo movimento. Infelizmente a liberdade do cidadão que nunca passou de uma ilusória sensação, ‘ainda que insegura’, de realizar as ações aceitáveis no ambiente social se dissolve de maneira instantânea quando o individuo mesmo atrás das grades de sua casa não dorme com medo de receber visitas indesejadas nas madrugadas e demais horas do dia. A sociedade que em outras manifestações foram reprimidas pela PM enquanto braço forte do governo, e que aqui não culpa a sociedade pela apatia em se manifestar, admite o medo e se limita a culpar alternadamente as partes por seus problemas pessoais, sem perceber que corre o grave risco de ficar refém das vontades do Poder Público e suas manobras de manipulação que faz definhar qualquer futura manifestação em busca de direitos.
Mas as outras partes envolvidas, PM e Governo, também convivem com suas mazelas como resultado do evento.
O governo, que agora na figura de revolucionários e fomentadores de manifestos contra o desrespeito do governo no passado, perde credibilidade, se ainda havia alguma, com os cidadãos e vê um ano político se iniciar de maneira desastrosa para o partido, ao tempo que mancha de maneira definitiva as páginas históricas da política baiana sendo responsabilizada pela baderna causada durante o período, apesar das milionárias ações midiáticas que tentam a todo custo negar desde a existência do movimento até mesmo pousar toda culpa pelo escarcéu sobre os grevistas.
Nesse ponto os demais poderes além do executivo se entrelaçam numa rede de histórias confusas que nada mais fazem além de atrapalhar as negociações, como também promover o terror. O legislativo que abriga contra a vontade os indesejáveis trabalhadores que se opunham as condições de trabalho, e que foram eles, deputados, que aprovaram as leis de reajuste salarial destes soldados a mais de 10 anos atrás, e também sabendo da insatisfação da classe pelo não cumprimento das mesmas leis, preocuparam-se apenas em reajustar os próprios salários em mais de 60% na calada de uma noite de verão, e também por isso não tem moral nenhuma para impor o exemplo sobre os manifestantes.
O judiciário se mistura de maneira desastrosa quando uma figura sob suspeita de venda de sentenças, denunciada pelo Conselho Nacional de Justiça, determina o cumprimento imediato de mandados de prisão aos líderes grevistas, ou seja, líderes de associações, por crimes intuídos como da autoria dos mesmos, sendo que alguns nomes listados entre os procurados são figuras que não se manifestaram e nem mais parte fazem das diretorias destas associações, bem como excluem nomes da lista por estarem diretamente ligadas ao partido governante. Outros juristas abordam a ilegalidade da greve, tendo em vista o caráter de necessidade do serviço de segurança para que o estado democrático de direito possa funcionar de maneira plena e correta, contudo se esquecem que a dignidade humana é um sentimento individual sobre um pensamento coletivo, e neste ponto o individuo que se sente indignado com o desrespeito do Estado, e por vezes da população que o mesmo defende, abre mão da legalidade para fortalecer a moralidade de sua função. Sendo assim, é provável que se o mesmo Judiciário que aborda a legalidade das greves tivesse força para determinar o cumprimento das leis já existentes para a equiparação salarial quanto à importância da função, não estaríamos agora gastando nosso tempo neste debate.
O vulgo 4º Poder, a Mídia, se delicia com matérias e com negócios sujos por baixo do pano para atacar ou defender partes do jogo, dependendo apenas de quem está por trás das câmeras com os bolsos cheios para financiar seus interesses. Enquanto fomentadoras de opinião as redes de televisão e rádio, além da mídia escrita, oposição ou situação no ambiente político, apresentam suas imagens e gravações depois de edições bem planejadas para que a sua platéia consuma os fatos narrados como verdades absolutas e se manifestem a favor dos seus benfeitores de colarinhos brancos, o ambiente virtual se torna um campo de batalha onde as informações, verdadeiras ou falsas, se misturam de forma que em dado momento fica impossível distinguir como elas devem ser classificadas. No ambiente virtual se cria a pior batalha onde as opiniões tentam se sobrepor como numa luta de quem é mais forte e mais sábio, mal sabendo os detentores de opiniões, como esse que vos escreve, de que nada adianta berrar, nem proclamar, no fim das contas ninguém vai te ouvir mesmo.
E por fim o Policial que está a mercê dos poderes do estado enquanto funcionário e cidadão, que é expectador de informações maquiadas e internauta com opinião muda, assim como as outros. Então o Policial que reivindica seus direitos também sofre com os impactos da paralisação, porque ele tem família que corre risco como as outras, família que trabalha em outras áreas e sofre o impacto econômico, família que se acua em suas casas e fica sem dormir por dois motivos: o medo da visita indesejada e o receio pela situação do seu ente grevista que vive o embate com a força do Estado. O policial, e não o vagabundo fardado, que merece ser investigado e julgado antes mesmo de ser considerado culpado, afinal o Governador insiste em dizer que ‘vivemos num estado democrático de direito’, esse sofre tudo que a população sofre e ainda corre o risco de perder a sua vida, como infelizmente alguns já perderam.
O Policial não é só profissional de segurança, ele é também um amante do bem social. Assim um PM morreu quando reagiu a um assalto numa pizzaria em Salvador, ou mesmo o PM que morreu num roubo na via de Camaçari ao tentar ajudar um carro que supostamente teria sofrido um acidente, assim como o PM aposentado que tentou proteger os clientes de um comercio em Feira de Santana durante um roubo, estes não estavam trabalhando, estavam como o CORPO da corporação em greve, mas ninguém que está em greve se abstém de proteger a sociedade quando a situação necessita de sua intervenção.
Nesse tabuleiro de candidatos ao estrelato ninguém é santo, e ninguém é otário. Mas creio que os PMs não acreditam que um governo que não cumpriu os seus acordos, nem os acordos de seus antecessores, farão com que governos futuros cumpram uma regulamentação que já está atrasada. Bem como, creio que a população baiana é inteligente suficiente para entender que a voz do coletivo é maior do que qualquer entidade do governo e maior do que o próprio governo.
Mas até tudo se resolver vamos nos limitar a reclamar no twitter, facebook, orkut, sei lá eu onde mais, afinal aqui é a Bahia e quando o carnaval vier tudo de ‘ruim’ será esquecido. Analisem suas atitudes e se preparem pra viver uma ditadura alimentada pela mídia onde seu lugar será o calabouço silencioso sem direito ao sonho utópico de um estado digno. Infelizmente vivemos em um Estado de Imoralidade Social.

Ciente do risco de ter minhas palavras editadas (rs) e de acordar com um mandado de prisão por expor minha opinião contraria ao governo, agradeço sua atenção.

31 de janeiro de 2012

a - som - brado...1!

Quando me perco em madrugadas lentas e nada sonolentas eu divago no vão de versos alheios. Nesse meio eu me proponho a apresentar.
Escute, vale realmente a pena.

Cícero - Ensaio sobre ela
Criolo - Não existe amor em SP
Gustavo Telles e os Escolhidos - Do seu amor primeiro é você quem precisa
MIM - Pra longe
Tibério Azul - Quando Maria me fundou o carnaval
Música de Ruiz - Mais um dia
China - Overlock
Barbara Eugênia - Haru
*Mallu - Velha e louca
Lirinha - Ela vai dançar


Os Cds estão disponíveis para baixar nos sites:
*e o que não estiver disponível dá pra ver no youtube.



22 de janeiro de 2012

Cartas de Verão - II

º- O céu, a areia e a tua alegria

Foi quando vi tua boca em outra na beira do mar que percebi que já não há mais o que fazer para reverter o sentido da maré. Demorei muito para encontrar o teu sorriso fácil e valorizar o teu querer presente, agora já não vejo mais na gente a sorte de se embalar no balanço de desejos incomuns. Somos seres em correntes inversas e já não há mais pressa em se reencontrar.
Aquela areia sob seus pés são testemunhas de um momento que nunca seria nosso. Posso deitar tranqüilo, pois sinto que teu brilho já encontrou outro astro de vasto sentimento pra te acarinhar. Que a brisa te carregue leve para os sonhos mais bonitos e que o riso dessas tardes quentes ganhe o vão do tempo rumo ao infinito de tua felicidade.
Com a idade a gente perde a precipitação e adquire a compreensão sobre o egoísmo. Invejo a tua estada, mas me alegro com teu caminho já não mais solitário. Sob o sol vermelho que se deita na linha do horizonte vejo de longe tua estrela de novo a se iluminar. Não serei farsante e negar que seria um delírio possuir, nem que seja por um instante, a vaga de quem te tem. Mas meu bem a vida é mesmo assim, e o verão é diferente pra cada um.


19 de janeiro de 2012

Cartas de Verão - I

º- Empório dos Desejos

Quando o sol dorme a chapa da terra se matem em brasa pra fazer da nossa casa um inferno noturno particular. Longe, teus braços não sentem o suor que se desloca do meu corpo feito lágrimas de desejo, feito saliva em beijo de tesão.  Líquidos pelo espaço do quarto e o teu cheiro em sentido ilusório se torna mais um item nesse empório de coisas que quero e continuo sem possuir.
Longe léguas daqui em algum lugar do vasto mundo teu corpo de um doce absurdo é saboreado por bocas famintas. Inveja, não raiva, de uma imaginação fértil que não acredita no desperdício de teu sono solitário. Queria estar no páreo pra dividir contigo depois da linha de chegada o calor dessa louca caminhada que é ir e vir todo dia ao dormir e acordar. O meu sono é uma passagem para uma terra de nós dois onde o intenso instante é o agora interminável.
Aqui meu corpo evapora na lembrança de algumas horas em que o tato ganhava real sentido, quando a soma se concretizava e se cristalizava para ser acessado em momentos como esse em que eu sumo no silencio fervente de uma noite escura. Espero que o sonho dure o tempo de te encontrar, e que esse despertar ocorra antes do fim de mais um verão.

15 de janeiro de 2012

Amor nos anos 90


blur - girls and boys

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E se o mundo fosse outro, pouco diferente desse de hoje, sem as aversões alheias ao que não nos é comum, sem a estranheza pelo normal. Se fosse um mundo sem o mal de imaginar que a razão é aceitável em um âmbito individual, desde que permita ao coletivo não o senso comum, mas a satisfação de cada um, respeitando para isso os limites da ofensa. Sem que fosse possível ofender ao desfazer em ação o que o outro pensa ser certo. Seria esperto e interessante enfim ser feliz. Cada ser sendo o que se quer sem  a opinião de uma comissão critica  para avaliar o andar do pé. Livres os rumos seriam outros.
Que seja o que for! Nada na real vale tanto quanto 
se fazer feliz.

Quero ver o sol se pôr.
Já é tempo de mar e amor.

7 de janeiro de 2012

Parcela do Dia


A música começa no fone do individuo alucinado que corre pela rua da cidade assustada, quando do nada aparece o monstro do ônibus rompendo as fronteiras da via, ele desvia e sobrevive ao primeiro suspiro sem imaginar o que há de vir, mas adivinha o que precisa fazer para ter o que almeja com aquela fuga vibrante, como um amante fugindo do dono da casa, ele extravasa a sua alegria em um temor evidente na face sorridente de quem pressente que o fim se aproxima, ai se apruma no passo e desembaraça as idéias inúmeras que na cabeça se confundem e se consomem vorazmente em profundos pensamentos vãos, essa cabeça base de um outdoor gigante de uma marca qualquer em brilhantes num boné sem graça e desgastado que faz do ser usado um usuário satisfeito, desfeito de qualquer sensibilidade coletiva se imagina o dono do mundo, mas no fundo se sente um só no meio do modo industrial de produção, induzido a acreditar que seu caminho é sua opção quando na verdade não, ainda assim faz um bem a si aceitando que na rota abrem-se portas de maneira horripilantemente estranhas quando nas entranhas pára para analisar que não foram suas mãos as desbravadoras, sem demora vê as horas e adentra o ventre da minhoca mecânica sobre trilhos no aperto colossal das células que rumam para o mesmo lado, seguindo seu fado rotineiro de costumes pontuais observa os vizinhos de transporte, seres grandes e fortes independente de suas feições, que cumprem suas sinas no anseio da satisfação e das alegorias pra se viver, ele não vê que é mais um, igual a eles, eu e você, e continua sua estrada, desce calado e distante quando um braço infante lhe suga da trama, destila fúria até percebe quem lhe convém, então derrama sorrisos, abranda seus passos e vivos terminam o caminho chegando ao lar.



Resumindo:
Ele sai do trabalho correndo, desvia de um ônibus na rua, pega um metrô lotado, desce no terminal, sua mulher o encontra e juntos vão para casa.

Não há momentos sem graça, 
a graça está em vivê-los.

+ caminhos nos meus passos


Os dias se somaram até virar a página do calendário. As pessoas partiram, outras chegaram e eu continuo aqui. Sobre o meu passeio os lagartos aceleram o passo queimando as patas no cimento quente. Além do gramado amarelo os meninos magros de pele encardida se sujam mais na água triste e ‘lodenta’ do rio. Meu filho febril choraminga a ausência, no telefone a saudade também requer paciência e eu me viro acalentando as vontades de duas crianças na terceira idade a respeito das finanças da casa. 
O sol lá fora queima em brasa e eu aqui na sala de estar vejo a estação passar num comercial de tv.


Vir ver o verão
é diferente de VIVER o verão.


Mas a minúcia também tem suas maravilhas. Então aqui do meu barco vou rumando para ilha desconhecida que promove meus passos. Um dia ei de encontrá-la encravada no pacífico oceano de meus sonhos mais reais. Esse é mais um ano de buscas.