Acordei cansado de tudo que me circunda o olhar. Até mesmo o espelho da parede reflete uma impressão falsa daquilo que imagino ser. Durante toda minha vida eu fui e sou mais um entre os mais de 6 bilhões que co-habitam este planeta que não me conhecem. Estou na ânsia da fuga do que me for possível. A realidade como se apresenta não me traz atrativos para querer permanecer nessa civilização que definitivamente não deu certo. O sistema que se mantém não oferece progresso no tempo devido. O homem é apenas produto de uma soma infeliz de ordens desmedidas e desnecessárias, que possibilitam a manutenção insatisfeita das engrenagens deste modelo de sociedade. Quero fugir de minha casta, de minha casa, de meu esconderijo de verão e do círculo de oração de um deus que já abandonou o barco.
Quem sabe lá, num novo mundo eu me encontre, ou encontro um novo que me permita evoluir fluidamente numa serenidade singela de ações não humanas. Quem sabe seja lá um novo Éden a ser desbravado e eu possa passar distante da maçã da ganância, do desrespeito, da mediocridade e de tantas características tipicamente comuns a minha espécie. Talvez seja lá uma pandora, se assim for eu serei um estrangeiro que fará de tudo bem ligeiro para poder me adaptar.
Eu vou partir rumo ao espaço e me partir, pois os despedaços servem para selecionar o que devo levar de mim. Para que haja a mudança eu devo mudar primeiro. E assim me vou em branco para poder construir uma história diferente do que vivi entre essa gente que não soube aproveitar. Esse lugar é especial só pelo fato de não ser aqui. Ele é lá.
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Talvez amanhã eu acorde diferente.