30 de setembro de 2010

Rumo ao Gliese 581g

Acordei cansado de tudo que me circunda o olhar. Até mesmo o espelho da parede reflete uma impressão falsa daquilo que imagino ser. Durante toda minha vida eu fui e sou mais um entre os mais de 6 bilhões que co-habitam este planeta que não me conhecem. Estou na ânsia da fuga do que me for possível. A realidade como se apresenta não me traz atrativos para querer permanecer nessa civilização que definitivamente não deu certo. O sistema que se mantém não oferece progresso no tempo devido. O homem é apenas produto de uma soma infeliz de ordens desmedidas e desnecessárias, que possibilitam a manutenção insatisfeita das engrenagens deste modelo de sociedade. Quero fugir de minha casta, de minha casa, de meu esconderijo de verão e do círculo de oração de um deus que já abandonou o barco.
Quem sabe lá, num novo mundo eu me encontre, ou encontro um novo que me permita evoluir fluidamente numa serenidade singela de ações não humanas. Quem sabe seja lá um novo Éden a ser desbravado e eu possa passar distante da maçã da ganância, do desrespeito, da mediocridade e de tantas características tipicamente comuns a minha espécie. Talvez seja lá uma pandora, se assim for eu serei um estrangeiro que fará de tudo bem ligeiro para poder me adaptar.
Eu vou partir rumo ao espaço e me partir, pois os despedaços servem para selecionar o que devo levar de mim. Para que haja a mudança eu devo mudar primeiro. E assim me vou em branco para poder construir uma história diferente do que vivi entre essa gente que não soube aproveitar. Esse lugar é especial só pelo fato de não ser aqui. Ele é lá.
...
Talvez amanhã eu acorde diferente.

26 de setembro de 2010

Ah! A democracia...

No próximo final de semana teremos um domingo diferente: sem futebol na TV, sem silêncio nas ruas, e sem a liberdade de permanecer em nossos lares no ócio preguiçoso da rotina dominical. Assim é que se faz a democracia em nosso maravilhoso país. Somos obrigados a votar, exercer o papel do cidadão, elegendo figuras ironicamente (!) selecionadas pelos partidos políticos para governar a nação.
É claro que eles nos dão a opção de deixar o voto em BRANCO, através de um botão especifico para isso, dessa maneira eles preenchem o seu voto distribuindo entre as legendas concorrentes de maneira a validar o pleito. Contudo, é mais difícil o processo de anular o voto. Anular, é bom deixar claro, é diferente de deixar o voto em branco, na anulação você afirma que é contra as opções oferecidas pelos partidos. Se 51% dos eleitores anularem determinada área do pleito (deputado, senador, presidente), o concurso será anulado e os concorrentes que dele faziam parte não poderão participar de um novo pleito que será realizado, obrigando que os partidos observem a exigência popular e nos ofereça candidatos mais dignos (ou menos indignos) de exercer uma função politica. Porém não existe um botão NULO. Para anular o voto é preciso digitar um numero que não corresponde a nenhum partido e CONFIRMAR. A única opção numerica que acredito não corresponder a nenhum partido é o Zero (0). Até porque tem partido de tudo em nossa fauna politica.
Então meus queridos leitores, a par destas informações vamos juntos fazer parte desta grande encenação democrática. Que o Estado seja mais valorizado e que a população entenda sua importância, pois sem povo não há nação. Minha maior desconfiança de que nada vai mudar é que durante toda minha vida tenho visto absurdos que me parecem normais. Isso é porque o governo é o representante do povo, e como já dizia Rui Barbosa:
"O povo tem o governo que merece."
...é...

24 de setembro de 2010

Sen - ti - mento

O amor é um sentimento que não cabe em mim
uma dor sem cabimento que nos faz feliz
um segundo tão efêmero quanto eterno
surge como brisa e se escreve como inverno
é um olhar escondido atrás do vidro que revela tudo
a discreta sensação de que se vive o absurdo
o contraditório do que estranho ao paradoxo do pensamento
é tanta coisa junta, tão maluca a conta
que a soma da beleza com o ardor das incertezas
não pode ser medida em palavra que defina
o que pode ser fortaleza também pode ser ruína
é a desconstrução ao que fui, e a reformulação do que sou
é tão intenso e tão abstrato que perdido não sei pr'onde vou
...é preciso se encontrar.

escrito ao som de
Somebody to Love
Queen

22 de setembro de 2010

a Rebelião de #/:Ҝ∂τﻜμΦ

Poderia ser uma rebelião em qualquer lugar do planeta, porém o personagem exige a especificação correta de sua localização psicológica por conta da racional ‘ficcionalização’ desta história. Em meados do futuro na Área 11 iniciará uma batalha já vencida por sua capacidade ultra-humana de idealizar e pensar o mundo.
Não adiantarão os Knightmare Flames atacarem seus modos operandis em relação à sociedade que o insere. Seus principios são claros e sua coragem é certa. Por mais poderoso que o império possa nos parecer, ainda faltará aos Britanians a genialidade nata do anti-heroi que nos circunda. A beleza de sua animosidade está na silenciosa aliança fraterna com que ele aquece aos seus. Fruto de um destino distante de suas convicções, faz da inversão de lógica uma confirmação de que ainda vale lutar pelo que se sonha.
Sem calvários e sem dinvindade ele costura uma vida de conquistas e afirmações baseadas em cada nova conduta. Crente na capacidade esquecida pelo homem, e desconfiado da inutilidade do mesmo por sua estupidez, faz sua parte na guerra rotineira da elucidação do comportamento e ação individuo/social.
Enquanto eu/Suzaku não consigo compreender toda a sua manifestação, tenho a certeza de que cada gesto é uma tentativa de melhorar os cantos do nosso espaço. O laço que nos uni não poderá ser desatado pela espada da oposição de ideias, assim como essa união serve para manter viva a proliferação incesante de dúvidas. Eu cresço ao vê-lo escrever sua era.
Diante dos olhos que o descreve ele surge como deve ser: um Lelouch que se desconhece, um #/:Ҝ∂τﻜμΦ desconhecido; um Zero obestinado e um Evandro que tem a capacidade de reconstruir um mundo. Sua tamanha sapiência é apenas o resultado de alguém que vive no mundo sem pálpebras.
Meu amigo, você é um estúpido. Mas de uma estupidez fenomenal! 

18 de setembro de 2010

Onírica Insensatez

Estavam aos montes em todas as partes. Em várias camadas, em dimensões de minha mente. Era um universo perfeito das imperfeições que me assumem. Ao lado de homens e mulheres que projeto, criando suas mazelas e incertezas, realçando suas loucuras sociais de equilíbrio estranho. Caminhavam pelos vagos pensamentos que me tenho.
De repente eram outros, e eu de novo no meio daquele povo esquisito. Bradava-me internamente um grito de insatisfação da realidade. Queria dormir. Acordei em outro canto cercado de coisas que queria a muito tempo. O belo se materializou num instante que nem me lembro como essa história começou. Agora forte de minhas convicções eu caminhava sublime, até deparar-me com a certeza do sonho. Estava eu percebendo o quanto o estranho era meu próprio personagem, e como a imperfeição do mundo é algo que apenas completa a complexa realização do perfeito sistema de realidades individuais. O universo se abriu em uma certeza que daria luz a um conjunto infinito de novas dúvidas. Perdi-me no limbo do inconsciente. Não me sentia presente. Tenho agora apenas a lembrança da paisagem além das janelas da Casa Verde, um o oceano que invade o píer de edifícios.
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Tive apenas uma noite estranha. Fruto de uma mistura descuidada.


17 de setembro de 2010

Garota de Plástico

Não sei bem o que lhe aconteceu, mas hoje ela estava diferente. Sorriu assim pra gente, e me disse que queria se descobrir. Cansada de uma vida agradável, deixou de lado seus princípios e viveu além do intenso o que lhe foi oferecido. Homens descartáveis percorreram seu corpo; Mulheres também. E nada que lhe foi compartilhado em tesão e desejo deu ensejo a uma minúscula emoção.
Fudia o dia na manhã que ela acordou da vida e se perdeu num sonho psicodelíco de experimentos. Os escrementos em seu corpo não eram registros de romance. Apenas a lembrança de um lance que rolou em um lugar qualquer na companhia de qualquer um. Até pra seus padrões já estava bem além do que se aceitaria ir. Fez tudo sem pestanejar. Foram minutos de inconsciência social, moral e/ou pessoal. Era a puta que seus parceiros queriam, e eles, o que ela buscava.
O amor em seu formato minímo se realizou na busca de um pobre coração. Ela não goza, apenas reforça seu pensamento de que somente ela pode se fazer feliz. Ainda que correta, a porta aberta não dá acesso ao paraíso sonhado. A vontade de ter é apenas pedaço diante de ser. As rachaduras de nossa armadura não serão sanadas com o suor de outros. O amor é fruto interno. Não é de recados, lençóis e flores que se invoca o cupido.
Infelizmente agora ela caminha  no acostamento de uma vida sem hora marcada para o retorno. O abandono de si, dejá vu de momentos outros, faz um esgoto correr em suas veias. No peito uma bomba de dores e a lembrança de cada passo mal dado. Na sua consciência vazia ele escuta a reverberação do seu mundo dizendo: - Primeiro, é preciso se amar!

15 de setembro de 2010

do Baú - zeroGrau



Eu brincava de ser menos sério
& a gente ria da vida.

O rio nunca é o mesmo

Ele acorda para mais um dia. Sua luta rotineira se inicia na viagem que altera o ambiente da realidade presente. Aos poucos os entes vão ficando cada vez mais distantes, e o que o circunda no momento que se segue é a incerta beleza do novo. O homem entregue ao mundo que agora o embala, se instala no sentido que o expressa melhor ao tempo. Ele é forte e seguro, o mundo é domável. O espaço que o recebe é acolhedor, como um primeiro encontro, como uma visita a casa dos tios. Mais o tempo passa e tudo que era colorido perde o brilho e a desgraça começa a se espalhar no horizonte. Em tudo que se sente haverá mudança. A vida, a rima, a dança. Cada novo verso é uma expressão. O homem se cansa da aventura cotidiana e em uma reação tipicamente humana, retrocede em busca de abrigo. Ele volta e tudo se encontra no seu devido lugar. As pessoas, os espaços. Tudo ali ainda é o mesmo,...





...mas já não é mesmo.

11 de setembro de 2010

Pequenos Contos Modernos - III

¬. 3 Zés, 7 jurados, 1 botijão - história de um pescador.
...
Sentado no centro da sala do júri, um pescador com uma história sendo escrita. Cinco anos antes uma situação inusitada o levaria até o momento presente.
Era tarde de um sábado comum quando em frente a um boteco de feira uma confusão se instalou. Alguns minutos antes um Zé cego que fazia uma mudança fora furtado. Levaram de seu casebre um botijão de gás. Enfurecido com a situação o mesmo resolveu sair a caça do imoral ladrão. Um cego, bêbado e armado, saiu a rua buscando fazer justiça com as próprias mãos. Acompanhado de outros Zés, também bêbados, o Bobina e o Moleira, zigzagueram pelas ruas da cidade. Lá pelas tantas, entre boatos e bochichos, encontraram um pescador que não inventou essa história.
Palavrões e ofensas proferidas ao ar, homens embriagados enfurecidos  e uma faca de cozinha no lugar errado. Em segundos de fúria o pescador, que sabia que o provável ladrão era o Moleira, conhecido como (ar)rombador na região, e que foi acusado pelo mesmo do furto que o próprio havia cometido, foi ameaçado com uma investida do cego roubado. Entre corpos embolados a faca reapareceu cravada no peito do cego, que agora não precisava mais do botijão.
O Moleira sumiu na confusão, o pescador fugiu de sua ação, o cego morreu sem compaixão. E o Bobina que entrou de gaiato nessa história foi beber mais uma pra esquecer o que não lembrava. O pescador foi preso e cego enterrado. Do Moleira não se tem notícias. E o Bobina que interrogado contou diversas versões do fato já narrado, variando apenas na intensidade da presença do álcool em seu estado, acabou por fazer rir o juiz.
Agora já julgado, sete pessoas estranhas ao relato decidiram por 13 anos ao condenado. Os dias seguem normais na feira e no boteco. Essa história de pescador exalta o quanto a justiça é cega na embriaguez da vida.

9 de setembro de 2010

Das Conciências

A consciência do individuo sobre o mundo
é concernente ao mundo de cada individuo.
Belo/feio, certo/errado, bem/mal
é tudo uma questão particular do coletivo.
Ou batam palmas, ou não me deem ouvidos.
A razão de ser nem sempre faz sentido.
?

6 de setembro de 2010

Novos hábitos - Perder

Dentro de uma sociedade que avança no tempo desligando momentos passados dos registros, nasce uma nova necessidade de adaptação do homem, a aceitação natural da perda. É bom que se entenda a aceitação da perda como uma assimilação das atitudes e não como uma síndrome de fracasso. Perder é deixar para trás o que se foi, é renascer em outro, vacinado para as novas despedidas.
Quando o mundo nos exige conquistas e o nosso ambiente não nos oferece oportunidades nasce uma despedida, do colo da família, do círculo social, da turma de aventuras. Perde-se anos de relacionamentos trabalhados (o que não quer dizer que será esquecido, mas que aquilo que existia até então não haverá mais, será outro ao retornar) e começa-se do zero novamente em outra praça. Novas amizades que em determinado ponto sofrerá da mesma rotina. O mesmo ocorre com os relacionamentos amorosos e com todos os possíveis vínculos afetivos que a emoção humana possa produzir. Haverá sempre um ponto de ruptura que modificará o sentimento. Pode ser uma viagem, uma briga, um término. Todos os momentos de perda fortalecem o homem futuro, distante cada dia mais do afetivo e da emoção, de coração rígido e preparado psicologicamente para as frustrações das relações.
Isso é o resultado de um triste amadurecimento do homem. E para exemplificar basta imaginar um romance cem anos atrás e comparar com um namoro moderno. Ainda que o do passado sentisse a interferência dos interesses, havia o sonho dos envolvidos, uma ideia de paraíso, recanto de amor. Hoje existe a certeza das conformidades, o conforto que se pode proporcionar, e quem não vive isso está infelizmente preso a uma aventura juvenil. Não estamos mais em um mundo de adolescente.
Todo o encanto despejado por poetas em folhas e mais folhas de papel, são apenas combustíveis para o fogo da realidade crua que nos cerca. Queria não ver está vértice da vida, mas as minhas despedidas iluminam meu caminhar.

4 de setembro de 2010

Uma amizade Gigante

O que sei sobre você? Talvez o mesmo que saiba sobre o futuro: expectativas fundamentadas em comportamentos estabelecidos num passado próximo que não me garantem absolutamente nada. Tua personagem me é estranhamente familiar, como se teu sangue fosse o meu, teu sorriso um retrato de outra vida, tua voz uma narrativa do além-celeste.
Talvez não conquiste teu entendimento, pois não sei o que você quer, e acho melhor assim. Melhor não te entender, me basta  te admirar. Você que é senhora do seu tempo e menina de nossos espaços, tem a extraordinária capacidade de nos inundar com sua sabedoria e ingênua felicidade. Que faz de um enlace sem tato um compromisso de relatos eternos. Talvez te falte semelhantes no Olimpo, mas não omito minha alegria de te imaginar lá, olhando por nós.
Minha desconfiança do abstrato não causa estrago em minha poesia interna de te enlucubrar. Quero a beleza do inusitado de te ter ao lado como a amiga e irmã que me cuida, e como a Boa Deusa que traz cura ao coração em momentos encantados. Salva a minha alegria em noites insones, e com primazia ocupa o lugar do abandono e me faz companhia ainda que de lá do rio de pedras em que a esconde.
Não sei como, nem sei onde, mas acredito que o tempo não impõe limites a quem se gosta e que se quer bem. Estaremos juntos ainda que no espectro de nossa irmandade. Que tua vida seja intensa e repleta de aventuras e paixões. E junto com os seus compreenda a magnitude que tu és a cada um de nós. Que cada momento seja completo na rotina frequente de teus novos dias. Que a mínima fatia de felicidade possa ao máximo ser saboreada e que essa enamorada pela descoberta não se impeça de viver a loucura de se permitir.
A amizade é uma torcida silenciosa pela realização de sonhos distantes; é a total insatisfação com as escolhas, descartada para satisfazer a relação de união; é a certeza de que o incerto se baseia no medo, que não me existe, pois nunca estou sozinho. Agora sei que em Setembro tem um dia em que me lembro intensamente de você.
Aos seus 29.