Depois de algumas semanas em casa é possível perceber o quanto o costume de determinada rotina, por mais cansativa que esta pareça, é tão avassaladora a ponto de nos tornar dependentes. Tudo bem que não sinto a falta da obrigatoriedade de estar presente em sala de aula, contudo a ociosidade e os compromissos avessos ao comum ato de comunicação e cultura do discurso me deixam em estado de orfandade noturna.
Neste sábado vivemos um dos nossos últimos encontros em turma. A aula da saudade fez o papel que lhe cabia, iniciou uma sensação que deve se perpetuar sempre que for lembrada, o saudosismo daquilo que até ontem era um martírio. Porém, a mim, nunca foi difícil conviver com a difaculdade. na verdade aqueles sempre me foram momentos de escape do cotidiano as vezes tão sem graça. Uma amiga diz que isso ocorre pelo fato de talvez eu nunca ter levado o curso tão a sério, e tenho a ligeira impressão de que ela tenha razão.
Mas ainda que minha visão estivesse por momentos distantes da lousa ou do mestre, nunca me furtei do prazer de observar meus amigos de batalha. Tô sentindo falta da razão psicopata de Vandinho, das imitações sarcásticas de Tiago, da pregação carinhosa e tinhosa de Rol, do olhar menina de Tila, do sorriso fashion de Lan, da gargalhada sem noção de Mil, das armações de Bocoió, das putarias de Neto, do sono compulsivo de Teteu, das sugestões interessantes de Jana, dos discursos de Enéas, das participações de Tina e Camila, dos questionamentos de SSan, das loucuras de JP e Nailú, das loucuras ainda maiores de Ana e até do silêncio de Carlinha.
Sabe, a distância deixa a noite menos bonita sem Paula, Lívia, Vanusa, Zaine, Néia, Carol muleca, Cati, Chelli, Jaque, Cléa, Jés, Nana, Déa e Dái. E menos engraçada sem Agatão e Robertinho, sem Rógerio, Sérgio, Márcio, Frank, Ossimar, menino Édco e o safado do Sertão. A noite perde o romantismo bruto de Jr & Lai. Até a lua perde o charme sem a presença de Andi do meu lado. Eu me sinto meio abandonado aqui.
A tevê ligada narra dramas que não são meus, conflitos do qual não faço parte. Queria enfrentar novamente antigos inimigos como o Mrs. Bean de estatística, o Predador de matemática, Tomme Lee Jones do "perfeito!", e o Mestre dos Magos que dispensa apresentações. Lutar contra o tédio me fez bem por mais de quatro anos. Agora o rémedio é relembrar.
Sinto falta da falta de estar, de conviver, de me calar e de me exaltar, de paquerar mulher casada e rir insosse das piadas censuradas. Aprendi muito mais com os meus parceiros do que poderia imaginar. Meu prato está cheio de pequenas citações de colegas geniais, afinal, curso de férias tem que ser realizado na praia, e Funk do bom é com MC Gregor. Parte do que me lembro deste último sábado esta comprometida pela presença intensa do álcool na minha corrente sanguínea, mas ainda assim eu lembro que na hora do rango as panelinhas foram esquecidas, os pratos se somavam sobre mesas coloridas. Éramos ali uma homogênea turma diversa. Éramos naquele momento o que sempre fomos: uma deliciosa confusão!!!
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