28 de fevereiro de 2009

Entre os Neandertais

Fui ao longe a trabalho, acolhido em um campo de cuidados especiais. Estava pronto ao que viesse a acontecer, assim imaginava eu. Aos poucos percebi que não seria dificil sobreviver as tarefas, mas seria intensamente complicado a convivência com 'os iguais'.
Foram sete dias dividindo o mesmo espaço, e pude aprender bastante com esta experiência.
Os seres humanos, em especial os seres do sexo masculino têem características interessantes a serem analisadas. É incrível o nível de exibicionismo mesmo na ausência das fêmeas. Interessante também são os dialógos baseados em sua maioria na necessidade de contar vantagens (suspeitas).
Porém o mais assustador de todos os comportamentos machistas é a inexistência dos velhos e bons hábitos de higiene. Os rapazes conserguiram derrubar conceitos de sociabilidade e até ditados populares. Quem conhece aquele ditado que diz "isso é mais velho do que a posição de cagar" pode dizer adeus ao mesmo. Os rapazes inovaram ao ir no sanitário, quero ressaltar e parabenizar os autores das cagadas Daiane dos Santos (Aquele que dá o duplo twist-carpado e caga pra cima) e o da cagada Pomba-Gira (aquele que caga fazendo círculos até a porta do banheiro), sem esquecer do cocô Ogiva (no meio do percusso explode e mela o vaso todo). Agora o mais aterrorizante foi o garoto que não segurou o seu precioso e soltou o burduim na aréa coletiva dos chuveiros.Vou esquecer outras informações para o bem do estomago dos meus leitores.
Definitivamente tudo isso serviu para expor que felizmente nem todos somos iguais. E com toda sinceridade, me senti em determinados momentos no tempo das cavernas.
Malditos humanóides...

Na casa do Carnaval

Estava eu lá no berço maluco da festa insana, junto da lama e da alegria. Vi de longe a festa, tão perto que doia em meu nariz o cheiro de alcool. Milhares de corpos dançantes, bocas amantes, seres perdidos na tentação de ser feliz, ainda que em segundos.
Fui lá.
Foi lá que me encontrei de novo na ânsia velha e batida de reconstruir meu mundo, um tanto mais amplo, um pouco mais vivo. Entre as ruas da baiana capital vi o mundo se encontrar.

14 de fevereiro de 2009

Crônicas de eLe - XI

O 1º DIA DE TRABALHO
Acorda cedo por culpa da ansiedade, afinal hoje é um dia diferente. Depois de semanas de busca, eis um bom lugar. Veste-se, a farda ainda com cheiro de nova, e sai de casa como um grande empresário rumo ao seu trabalho. Tudo lhe sorre magistralmente. É seu momento mágico naquele novo universo.
Cada rua percorrida, cada esquina contornada lhe traz a sensação de euforia de um vencedor. Lá vai ele ao encontro com o futuro que antes parecia impossível. Vai conquistar seu lugar ao sol.
eLe chega no mercado e um funcionário lhe indica a sala do chefe. Sobe a escada ansioso por suas tarefas. Dois minutos depois desce as mesma e toma seu lugar no Caixa 13. Empacotador.
Tudo tem seu preço, esse é apenas o início de sua caminhada.

O verão passa na porta...

Dias de sol de rachar o chão e no meu sertão nada para aproveitar. Passo os domingos entre a sala e o colchão, almoço e tevê, e sem saber com quem falar, fico sozinho. É meu destino buscar momentos que propiciem outros, mas o trabalho é tanto que o prazer é pouco.
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Tô cansado desta história.
O verão passa na porta e não posso acompanhar.

8 de fevereiro de 2009

Crônicas de eLe - X

UM DOMINGO DE CONQUISTAS
Chega o domingo, dia universal do acordar tarde. eLe, como todos de sua casa (seu tio e a cadela Zana), acordou tarde e foi direto a televisão. Tudo parecia comum, mais um dia sem novidades, até que seu tio, o cozinheiro oficial da residência, em companhia de sua namorada percebeu que faltavam alguns ingredientes para o almoço (faltava tudo). Juntos foram todos em direção ao supermercado.
Chegando lá seu tio e Carla (a namorada) foram em busca dos materiais para o almoço, enquanto eLe passeava pelo espaço dos CDs. Entre um Caetano e um Skank veio a sensação de que estaria sendo observado, olhou em volta e viu as câmeras de segurança, voltou então despreocupado seus olhos para as capas de CDs em busca de novidades, quando de repente percebeu por acaso que ali também estava uma garota, às suas costas, com alguns CDs nas mãos. Olhou disfarçadamente e viu que ela também o estava olhando, eLe ficou sem jeito e percebeu que ela também. Aquele era um daqueles momentos mágicos que acontecem nas nossas vidas e que nunca voltam, e eLe sabia disso; no seu canto estava tomando coragem para falar com ela, então depois de alguns segundos se virou, caminhava em sua direção, quando ouviu o alarme de roubo do supermercado tocar. eLe se assustou, ela também, e eLe não a viu sumir. Atordoado, não saiu do lugar, enquanto ouvia os gritos dos seguranças. Passos fortes pareciam vir em sua direção, quando um jovem ladrão apareceu em seu caminho, e atrás dele dois seguranças que lhe pediam que o impedisse de fugir. Assustado e sem jeito eLe pulou no ladrão derrubando-o e o imobilizando com a ajuda dos seguranças. O garoto saiu algemado e com um olhar irônico olhava para eLe.
Todos o aplaudiram, e eLe sem graça sorria. Sentia-se ao mesmo tempo envergonhado e orgulhoso, quando viu um senhor alto e forte vindo em sua direção apertar-lhe a mão, era o dono do supermercado. O senhor sem fazer rodeios, o agradeceu e perguntou o que ele desejava como recompensa. Sem pensar muito eLe respondeu: -Um emprego. O dono sorriu sem entender e perguntou novamente, eLe respondeu o mesmo, então aí o velho senhor disse-lhe:-Bom, eu sou Arnaldo, seu novo patrão!Um súbito sorriso amanheceu em seu rosto e tudo parecia obra do destino. Conversou com seu Arnaldo e marcou de resolver tudo no dia seguinte. Junto com seu tio e a namorada voltou para casa tão satisfeito que chegou a esquecer da garota dos CDs. Mas tudo era festa e o caminho de volta pra casa ficou ainda mais bonito.

Crônicas de eLe - IX

O COMEÇO DA BATALHA - parte II
Aquele dia parecia interminável e eLe não via a hora de achar o seu emprego. Não foi um bom dia, não houve emprego, houve apenas um cansaço e indignação do pobre garoto que acreditava num mundo justo e com espaço para todos.
Foi pra casa cheio de duvidas. Não sabia mais se tudo daria certo ou se o seu caminho de volta estava mais próximo do que imaginará. Porém eLe sabe que o desanimo é o combustível do perdedor e não se deu por vencido.Veio a terça, a quarta, a quinta e até ali nada de novo aconteceu, apenas portas na cara como de costume. Na sexta-feira eLe acordou acreditando que aquele seria o dia, - o dia do inicio do resto de sua vida, o dia em que os seus maiores sonhos começariam a se concretizar - mas logo o dia passou e com ele toda aquela euforia. Veio então o fim de semana.

4 de fevereiro de 2009

as árvores

Três vezes por dia me encontro sozinho vivendo rituais secretos de minha particularidade. A vida é cheia de rituais. Quando eu crescer quero ser mais do que grande, mas não um gigante, somente um eterno. Porém ainda não encontraram a panacéia que me permitirá tal feito.
Na vida temos vários objetivos a conquistar, mas as vezes tudo parece tão vago que uma sensação de esvaziamento vai crescendo por dentro e tomando tudo que um dia sonhamos. Quero ser breve e contínuo, então vou terminar meu livro, pois já fiz meu filho. Quanto a árvore, ela já existe em mim.