3 de fevereiro de 2013

O homem & o fumo enrolado em papel de seda



Depois de um tempo meu ‘fí’ todo homem tem que entender o seu lugar.
Quando eu era um menino moço, ‘muderno’ como essa juventude de agora, a vida era outra. Os menino da fralda passava direto pro trabalho. O homem pra ser homem, tinha que estufar o peito e labutar de ‘só à só’ pra conquistar o prato de farinha. Os pais da gente eram tudo ignorante, mas ignorante no ponto da brutalidade, duro como pedra, daqueles que faziam o ‘currião’ cantar no menor sinal de afronta.
Naquela época é que o povo era valente de verdade. Quando começava uma peleja, os ‘brabos’ amarravam as camisas e o facão cantava até o sangue ensopar a roupa do mais fraco. Não tinha essa história de atirar e correr no rabo da moto. O homem de verdade olhava o inimigo no olho e dizia “agora tu vai morrer seu ‘fi duma rapariga’”, e o ‘miserávi do fela da rapariga’, se fosse homem mesmo, chamava no ‘biscó’ antes do primeiro terminar o dizer.
No mundo de hoje as coisas é pior. A juventude se perde nas porcarias. No meu tempo a gente crescia no uso do fumo e da cachaça, que até hoje eu carrego, num vou negar! Mas também se eu ficasse no chão, pai nem mãe eu queria incomodar. E no outro dia, fazendo chuva ou ‘só’, podia ir na roça que eu tava lá. Os meninos de hoje já cresce querendo ser vagabundo, é o fim do mundo, como já dizia minha finada mãe.
Deus num fez o mundo assim não. Vai chegar um tempo que os homens vão querer um canto de paz e sossego e vão achar na morte esse cantinho de remanso.
Mas, mesmo assim, eu é que não quero descanso.

Será possível no futuro que eu me lembre do presente agora de maneira tão romântica.
Torço para que não, do contrário prefiro não imaginar o futuro que me aguarda.