18 de outubro de 2015

O QUE NÃO DEVIA...

Não posso pensar duas vezes em você durante o dia.
Uma vez é normal, e você não é nada minha. Eu queria entender essa recorrência em te imaginar comigo, rindo do nada, vivendo escondido, sabendo que na alvorada se encerra o nosso abrigo e que o perigo submerge toda vez que tua risada sonsa se espelha no olhar.
Mas o que eu podia fazer, se sem entender éramos de vez em quando, e de vez em quando foi virando sempre, e de repente já não era controle e sensatez na condução do desejo, era apenas ambição do beijo, do corpo, do toque e, o pior, do jeito estranho de me fazer sorrir.
Eu erro toda vez que digito um bom dia, pois o dia já nasce feliz quando chego em nosso mundo. Não é amor, não. Não é só desejo também. Gosto da grata imprecisão de nosso trato, de tua discrição quanto ao fato, e do afeto que nos damos quando chegamos nessa dimensão distante, onde os ecos desse espaço que nos tem, sussurram ao longe.
Da primeira vez que te tenho em meu dia é saudade. A saudade de tudo que somos no pouco tempo que temos. Sem as obrigações da rotina, sem o controle machista, sem a insegurança menina. Sem os porquês, os ‘entãos’ e eteceteras de toda história comum. Saudade de ser o que não podemos, e ainda assim somos.
Da segunda vez é o imprecisão. É o desejo do calor do teu corpo no abrigo dos meus braços, é o carinho com que escuto tuas narrativas insonsas, a alegria das piadas infames, o suor do nosso atrito safado, o sorriso alado de nossas frases lucidamente embriagadas e o instinto de consumação que nos consome. Sou um nada teu, em dias errados, numa história confusa, de tardes alegres, noites bacanas e madrugadas eternas.
De antes até o ‘já chega’, você, que não é nada minha, que não é minha, que não devia, ... você é.


Vamos ver onde vamos acordar amanhã
Os melhores planos às vezes
são apenas uma noite sem compromisso
Lost Star – Adam Levine




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