4 de abril de 2009

a Bailarina e o Palhaço

Fim do espetáculo. Todos saem satisfeitos da arena caminhando ao portão no sentido inverso da alegria. Lá, atrás do picadeiro e da cortina vermelha imensa, uma caça acontece enloucubrada. O palhaço corre em busca do sorriso de uma bailarina que se esquiva de suas tentativas de amasso.
Ele sem espaço que comporte seu desejo busca o beijo do completo amor inteiro. Cada pedaço do seu peito luminoso é um assombroso ateliê de gravuras românticas, cenas eternizadas daquela paixão incontrolável. Entre um sorriso gasto e um salto leve, a perseguição segue rumo à noite iluminada de néon e purpurina, luzes vivas em um circo sem mentiras. Ela baila entre os leões e os elefantes, brinca linda em trampolins, deita bela na caixa mágica. Mas sobre a rede elástica eles se encontram em soma, em multiplicação de sentimentos, em experimentação de sentidos.
O palhaço, bobo e vivo, cheio da fantasia da aurora faz poesia em seu umbigo e com suas mãos cria histórias. A bailarina, leve e divina, trança seus pés no ar e cora, faz-se menina do sonho eterno enquanto a música se evapora. Os dois são mil e uma vezes o amor que nos encanta: um menino amarelo, uma magra e doce dama, olhar singelo, saltar em elegância; são o breve encontro do sorriso com a dança.
E quando o sol assume sua altura devida, a sapatilha no chão e o pé descalço buscam-se lentamente. Um sorriso borrado nos rostos de ambos os apaixonados se revela. Faz-se a aquarela circense do amor.

Um comentário:

Augusto Andrade disse...

Ficou bem bom...

Valeu!!




BEijoO.