8 de dezembro de 2009

- uma noite / só -

A borboleta negra pouso ao meu lado, na parede suja da área de serviço.
Será um mau presságio, ou será apenas o frágil pensamento pagão que me pega e sacode meu suposto espírito. Era tarde na noite passada, ao longe, quilômetros de distancia do que um dia fui, havia uma gargalhada macabra que me acompanhava por toda a casa, fazendo com que o silêncio sucumbisse aos meus sinais de amadurecimento. Se essa fosse uma noite aos meus nove anos de idade, quando palhaços e mascarados eram monstruosos seres imaginários, talvez eu nem dormisse direito.
O fato é que agora o tempo é o monstro que me apavora, nada de imaginário parece tão tenebroso quanto os humanóides que me habitam a rotina. Assassinos, psicopatas, políticos, sociedade abstrata e a farta coleção de ações que nos limitam a evolução temporal que nos aguardaria, isso sim me causa arrepios. Hoje é talvez o último suspiro de uma vida sem sentido.
- Não vou morrer!
Mas a ideia de encarar a morte nos pega assim meu que desprevenidos. Isso é gostoso. O incerto tem gosto de curiosidade. E a curiosidade matou o gato, apesar de suas 7 vidas...
O meu raciocínio me impede de ser menino, me faz dormir mais cedo, pois preciso trabalhar. Estranho eu querer perder a noite de sono. Mas o abandono me fez pensar em como seria bom vivenciar meu jeito moleque confuso de novo.

- Não busque lógica no que você decodifica nessas vulgares frases acima.-

*No mundo das superstições a visita de uma borboleta negra é sinal de morte.

Um comentário:

Augusto Andrade disse...

huhuhuhuhuhu

É verdade que quando isso nos aparece o pensamento é instantâneo! Até ficamos com medo sim, mas paramos para racionar e exigir lógica de tal ato minúsculo, paramos com essa sensação e tudo volta ao normal. "Só foi uma borboleta".

Talvez nem tenha sido uma borboleta... Quem sabe uma mariposa.


rsrs