17 de janeiro de 2010

sob a poeira do Haiti

Quando se deitar e dormir sobre seu lençol de segurança pense nas crianças e nas senhoras de uma ilha do Caribe, ou mesmo nos milhares do Índico que há pouco tempo também se foram. Aqui agora o mar balança devagar a sua ressaca do desastre, por toda a parte o que se destaca é a poeira cinza que cobre a cidade, capital do desespero, esquecida da America. Em uma semana foram necessários apenas centenas de milhares de mortos para que os governos internacionais se unissem numa tentativa de minimizar os problemas de um povo que convive agora não só apenas com a fome e a violência, mas também coma incerteza do amanhã e a putrefação dos corpos de seus entes.
Ali, num braço do atlântico, após um abraço do planeta, a terra expremida nesse pedaço do mundo foi profundamente abalado. De cá do meu lado seguro, acredito que nada é em vão, tudo tem seu sentido. Se pensarmos não como donos da terra, mas como um inquilino em meio a todos os outros, preceberemos que a casa está lotada e os recursos esgotados. Morrem os milhões, mas ainda há bilhões para ocupar o planeta. Esse sistema esferíco que nos abriga, não tem a obrigação de nos suportar, então ele naturalmente encontra uma maneira de higienizar a superfície. Tolice a minha, mas sei que é doloroso e infelizmente aceitável. Algum dia seremos nós, até lá farei o maximo pra atrapalhar o minimo.
Hoje a dor do povo mais pobre do ocidente é compartilhada pelos quatro ventos desse mundo. Que antes de qualquer outra coisa, isso seja o suficiente para nos aproximar enquanto terrestres: seres destinados ao despejo. Eu vejo um mundo novo, e nem tudo é feliz nesse futuro.

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