7 de abril de 2011

Notícia de uma triste manhã

Faltava pouco para o intervalo. Do lado de fora o sol da cidade fervia como de costume, os carros trafegavam em sua ânsia alucinada rumo ao nada, as pessoas se cruzavam sem a experiência de compartilhar. Aquele era o momento mais comum da terra, quando os adultos vivem a loucura da vida e as crianças e adolescentes as maravilhas da fantasia.
Para a maioria de nós o mundo se resume ao pedaço de terra e de gente que nos cerca. É preciso contato para existir. Por isso aquilo que está distante não nos é natural, então naturalmente não nos afeta. Mas existe uma coisa universal chamada dor. É possível sentir a dor do outro apenas vendo sua expressão, ouvindo seu urro, imaginando sua situação.
O fato é que estavam todos em seus caminhos, seguindo seus destinos, quando a insanidade humana resolveu aparecer. Em salas de leitura a loucura se apresentou desferindo pontos finais. 
Do lado de fora o sol da cidade fervia como de costume, os carros parados no trânsito perplexos pelas informações, as pessoas se cruzavam atônitas em uma triste corrente de indignação e impotência. A demência social se afasta por alguns minutos. A cidade é silêncio, é lágrima, é a dor da interrupção. Sobre a carteira resta um caderno aberto onde se escrevia um futuro que já não existirá.



07 de Abril de 2011.


3 comentários:

Augusto Andrade disse...

Lamento.

Anônimo disse...

Enquanto procuram as razões levada ao trágico acontecimento, é deixada a dor marcante de uma perda.

Esmeraldo Sardinha disse...

A unica coisa "boa" que podemos tirar da tristeza é um pouco de arte mesmo...