9 de junho de 2011

1/4 de século

As velas se apagam e a noite consome o homem que se perde nela. Na outra ponta desta triste narrativa vem a vida se desprendendo do sentido afim de tornar mais vivo aquele que se marca pelo tempo. O tempo se marca pelo tempo, ele só é registro depois de extinto. Agora só é fato por que já aconteceu.
Estranhamente simples é ver que as rotinas nos invadem de maneira incontrolável. É sentir que os sentidos se aguçam e se dissolvem com as horas já contadas. Agora entre o doce e o salgado existem uma infinidades de sabores, enquanto os 'dessabores' vão minando minha capacidade de sentir. O homem é refém de seu relógio. O relógio marcar em seus ponteiros as venturas e desventuras destas almas que se arriscam a perambular pelas vias expressivas das sensações. Por mais frio que seja o peito humano, sempre há um sonho que o faça aquecer. Desde sempre a gente acorda querendo ser feliz, por mais que seja esse um delírio momentaneamente impossível. Os sonhos nos motivam a querer amar as coisas, as lutas, as pessoas e as relações. E assim o corpo e a alma se entregam.
Entregue em sua causa o peito irracional, como é, apenas pulsa oferecendo impulso para um cérebro 'enloucubrado' que vaga alucinado nas perspectivas mais inusitadas que me permito projetar. Eu vagueio como um astronauta solto da nave que não pede socorro, apenas se apressa num abraço ao sol sem questionar o seu fim, nem se preocupar com seu passado. Eu sou às vezes aquele que só quer ter no coração um calor indimensionável. 
Mas eu vivo como todo mundo, e no fundo sei de minhas decepções, de meios desagrados, de meus fracassos particulares. Assim como todo mundo choro e desconfio da felicidade. O tempo passa e conforme vou adicionando números a minha idade eu me vejo por ângulos diferentes nos capítulos de minha história. 
A vida é breve, efêmera como imaginamos que é o orvalho de cada manhã, mas o que fica da vida não é a nossa história, nem os nossas conquistas, é a lembrança de cada momento intenso que nos permitimos viver, mesmo os mais simples. O homem se constrói nas atitudes que toma, mesmo aquelas que são para corrigir erros anteriores. Certo ou errado não existe no fim do livro. Isso é para os críticos, não para os autores. Então antes que me esqueça do que estou vivendo agora me permito nesse escuro deslumbrar-me com essa fantástica sequência de relatos que ainda hão de me acontecer. 
Estou apenas no inicio, me restam muitas páginas em branco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou apenas no início, me restam muitas páginas em branco.

E que serão escritas e vividas da forma que ousar escrever e viver.

Cabe a escolha individual...
futuro simples e feliz .