16 de março de 2012

Ela é Julieta


“- Senhora, a casa já se agita. É um novo dia.
  - É um novo mundo!”

Quando Lady Viola adentra o palco soturno de um coração desacreditado, o lado luminoso da vida resplandece numa prece anglicana que se derrama sobre o leito fabuloso de sua aura pele angelical. Dama sublime e simples de olhar melindroso, de lábios ansiosos pelo derradeiro toque do verso seguinte, quando ainda é ouvinte dos batimentos acelerados em seu peito, perde o rumo e os direitos quando se torna escrava de um sentimento que aprisiona também o ser amado.
Ao lado de seu sonho caminha o sonho de Will, seu próprio Romeu, que culpado segue pelo vale desajustado do desejo, caminha rumo ao beijo incerto da manhã que não se tem certeza do resplandecer. Ali sou eu também um poeta, alerta para as sensações que adornam o respirar e distraído na realidade que me cerca. Tua breve cena sobre o sono nu dos corpos é um devaneio insone deste pobre escritor canastrão.

“- Temo que por ser noite seja tudo um sonho tão delicado e doce que desvaneça.”

Ela brilha nos meus olhos ou meus olhos brilham nela?! Sem certeza da querela que nos espera ao fim do ato, me desato no mais bravio dos cantos sombrios de solidão. O silêncio me consome na lembrança dos teus dias. Amarga visão do teu amor por mim, dor venenosa de tua voz distante, aqui é quando o amante se entrega na calada lágrima que se despede da face numa belíssima demonstração de infelicidade constante.
Dedilho no alaúde a canção do teu retorno, vejo a corda vibrante entoar o doce coro que meu coração declama na ânsia de teu abraço. Desfaço-me do que me dói, vou descalço ao que me faz feliz. Sobre a areia daquela praia deserta te encontro no termino da película num enlace que nos faça enfim eternos.

“Lamentar uma dor passada, no presente,
é criar outra dor e sofrer novamente.”
William Shakespeare


Terno é meu momento de credulidade num sentimento que me faz falta.

*Inspirado num sentimento sobre as imagens do filme ‘Shakespeare in Love’.


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