1 de maio de 2012

Mundo Fútil

Sobre a mesa circular um capuccino morno, uma cadeira vazia a frente, e em volta um mundo de percepções individuais do mesmo mundo que habitamos. No balcão a moça atormentada pelo fim do serviço aguarda aquela que vai substitui-la e já está atrasada. Pessoas em mesas vizinhas discutem famosos e oficios... São milhares pelos corredores de granito, por cadeiras lotadas, pelas escadas rolantes, e ninguém sabe o que lhe aguarda a seguir. 
Um menino na ingênua graciosidade do amadurecimento humano conta os relevos no piso de sinalização especial, de um a um, multiplicar ainda não lhe ensinaram na escola. Ele segue com os pais pra casa, assim como muitos que voltam, enquanto outros partem para mundos diferentes. E ninguém sai de onde é, pois a casa vai com as lembranças e certezas que a vida nos apresenta. 
Agora no meio dessa multidão silenciosa, no meio dessa solidão coletiva, me vejo no saguão vazio da madrugada. Minha estada é pelo entretempo de chegar em casa, mas também me vou pra um canto qualquer. Passagem para mais um lugar nesse globo, que gira e se modifica a todo instante, enquanto nós nos enganamos acreditando que entendemos esse ambiente que nos cerca, e pior ainda, o tempo que temos. Não importa a conta no banco, o conhecimento das coisas, a pontuação no cartão de milhagem, estamos de passagem e não estou citando a situação atual. 
Tudo passa, e na ânsia de querer ser importante perdemos a chance de sermos nós, de nos realizarmos, de vivermos o pouco que temos e que nos faz bem. Diante da vida me sinto uma formiga na rota da bota. E honestamente não sei porque pensar e filosofar tanto, mas cá entre nós, eu quero sorrir mais.
Não sei se vai dar certo, se minha coluna vai se ajeitar entre as almofadas nada macias desses bancos de metal, se o voo vai ser tranquilo, se chego em casa a tempo de buscar meu moleque na escola, mas sei que bem agora me deu uma vontade danada de ser feliz. E já não penso nas contas, nos dramas, nas agonias; penso nos que amo, e em como seria bom tê-los todos comigo num lugar mais bonito aproveitando do incerto.
Triste é imaginar que, mesmo eu, amanhã retornarei aos meus problemas e deixarei de lado essa ideia infantil de alegria. Mas que um dia, ao menos em um dia, é bom ser ingênuo e feliz, isso é. 
Porque um menino quando ri da coisa aparentemente mais tola possível, ele o faz com verdade.

3 comentários:

Thaisinha... disse...

O problema sempre é a volta. O voo sempre acaba num pouso... e outros paralelepipedos na estrada.

Augusto Andrade disse...

Respondendo do "Augustus": sim. A tentativa de uma por dia.
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Obrigado!

Fr. Dhael disse...

Thaís e Evandro
Sempre bom compartilhar ideias com mentes que fomentam meu conhecimento.
e Guga, muito bom seu novo projeto!
abraço