10 de maio de 2012

Parábola da Equação do Amor


Certa vez um rapaz sem dotes físicos extravagantes, que tinha em seu conhecimento matemático seu maior dom, se apaixonou por uma linda estudante de Letras. Por muito tempo ele viveu o encantamento de maneira secreta, sem se arriscar a decepções. Todos os dias observava o desfilar de sua musa pelas áreas comuns da universidade, contudo nunca sentiu coragem suficiente para abordá-la. Sempre que seus olhares se cruzavam ele desviava sua atenção com vergonha da situação.
Um dia, cansada de tanto esperar pela iniciativa daquele rapaz inseguro e tímido, a garota foi ao seu encontro e indagou:

- Bom dia! É impressão minha ou existe entre nós interesses além do âmbito estudantil. Vejo você me observar todos os dias e sempre espero ouvir sua voz, mas em silêncio retorno a minha rotina, curiosa a respeito do pensamento desse rapaz que tanto me instiga.

- Desculpe-me, Bom dia! Não tenho a intenção de constrangê-la, mas meu coração pulsa numa frequência descompassada, em velocidade incalculável, fazendo com que minhas resoluções sobre a vida pareçam inexatas. Partindo deste princípio de ausência da razão e da perspectiva ínfima de possibilidade da correspondência na sensação e desejo, me privei da tentativa.

- Que pena que você não se permitiu. Pelo pouco que conheço de estatística ao menos 50% das chances seriam positivas aos seus interesses. É preciso ser mais confiante.

- Eu sou, mas depois de calcular todas as variantes que me possibilitariam êxito nessa conquista, não encontrei equação que me favorecesse. Se você vê uma alternativa para que eu consiga o seu amor, me apresente, por favor!

Ela de maneira discreta pegou um guardanapo na bolsa, ofereceu um sorriso e um olhar convidativo, e com a caneta esferográfica rabiscou brevemente...

35-3WV

Ele passou alguns segundos analisando a singela equação e sem compreender questionou:

- Qual sua intenção com a representação destas incógnitas incomuns?

- Ah, desculpe! O papel está de cabeça para baixo.
...




Todo sentimento é reflexo.
Primeiro é preciso se amar para oferecer o melhor do amor. 

4 comentários:

Augusto Andrade disse...

Lindo.

Otília Amaral disse...

Cálculos, tentativas de precisar o impreciso. Devaneios que aprisionam. Equações indecifráveis que podem enlouquecer quem tentar desvendá-las.

A grandiosidade da singeleza não se calcula! Percebe-se, inunda... Sente-se!!!

Thaisinha... disse...

É belo. E deveria ser real.
-
Mas falta um acento no é.

Fr. Dhael disse...

rsrsrsr
Thaís, juro que tentei, mas o teclado do PC onde foi digitado tal texto não colaborou....
Em tempo corrigirei.
...
Obrigado pela leitura a todos!