2 de maio de 2010

Os Amarelos do Manicômio

Estavam aos montes pelo bosque sombrio que a liberdade os oferece, era manhã e o dia começa tarde para os homens e meninos que habitavam aquele lugar. Todos amarelos em suas dimensões distantes. Um senhor socialmente vestido adentra a prisão dos alucinados, e encontrar seu filho - um menino aos 40 - e vive a tristeza e a dor que só aqueles que estão longe dos muros daquele ambiente podem sentir. 
Era dia de visitas no Hospital de Custódia e Tratamento em Salvador. Estava lá por motivos de trabalho e vi a incerteza que a mente humana pode nos proporcionar. Pode até ser que nem todos tenham adentrado malucos naquele espaço, mas com certeza as pílulas da alegria fizeram este trabalho. Não sentia piedade pelos internos, em sua maioria  criminosos - homicidas, estupradores-, mas me angustiava a dor dos entes ali perdidos. Conviver com a 'desinvenção' de uma vida que parecia possivel. Homens, idosos e meninos, entorpecidos para a sua própria segurança. Era o meu olhar da discrepância entre a realidade do mundo louco depois do portão e da sanidade dimensional que cada amarelo ali perdido a si fazia real.

- Senti-me espectador da miudeza humana.

2 comentários:

Otília Amaral disse...

...E assim vc presenciou uma cena consequente da "mediocridade" humana!

Augusto Andrade disse...

Belo (de tão triste) relato!