15 de novembro de 2010

Fim da história...

Foram anos numa historia que se perdeu no sentido de olhares secos, sem tato. Sem teto, um sentimento de mendigar carícias e companhia. Dois mundos que se repeliam a cada novo passo. Sons distintos; os glóbulos pulsavam em compasso fora do ritmo outro. Sair do que se havia habituado se apresentava como a maior de todas as batalhas. Criou-se entre e envolta deles um muro que os prendia como numa cela, que já não os merecia.
Os corações acostumados com o som daquele que já não era afeto, de fato soavam de maneira estranha. Pensar outro olhar, outro sorrir, e até mesmo o peito acelerar a um olhar cruzado, num gesto tímido, num passar por portas, tudo isso que um dia pareceu normal, era inaceitável. O desejo tornou-se uma ideia alienígena aos olhos cansados de alguém que agora transava como um trabalhador cumprindo o horário. Ele dormia no sofá como se a suite presidencial lhe tivesse oferecido. Na cama dormia a dama do passado que se esqueceu de partir. Era nojento perceber que por culpa dele mesmo foi possível criar um presente repressor ao seu sentimento de vida.
Abria a boca em frente ao espelho toda manhã como se quisesse engolir sua obra-mundo, ou se partir e em parte sumir daquilo que se fez. A lua que no inicio do romance em questão era alucinógeno combustível, tornou-se figurante de um drama desmedido e sem brilho. A noite era um momento de atuação e sono. Talvez as madrugadas lhe fossem o melhor momento do dia, já que no sonho era incontrolável seu desejo; ali ele fugia.
Mas o amanhecer o acordava incessante e impiedosamente para a realidade. A dor sobrevivia do respeito aos anos dourados de antes, da glória pintada na caverna de um tórax empobrecido. Penumbrava na ânsia de seu fim, já que não se permitia acreditar em um fim aos dois. Sentia-se siamês de um inimigo ao qual não podia simplesmente eliminar, enquanto ela também sofria a sua dor.Talvez também ela se sentisse refém de sua aventura juvenil, de sua luxuria romântica que agora se tornara angustia e depressão.
O espaço se retraia mais e mais, e onde antes havia flores, bombons, desejos, vontades e a infinidade passional de sentimentos hoje já não comportava mais que dois silêncios. Eles ardiam no frio seco de suas amarguras, corações atrofiados sem vislumbre de expectativas novas. Morriam em sua inércia. Chovia lâminas e os corpos não tinham sangue a oferecer.
...
Por destino ouviram a mesma canção, assistiram ao mesmo filme, dividiram o mesmo gosto pela liberdade. Escreveram em seus olhos a sentença do querer. O muro caiu. Agora os olhos se perdem no encontro, o corpo toma seu lado, rumos diferentes. Hesitam.
É preciso seguir, ele sabe. Acaba de começar uma nova história.




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Baseado em um história hipotética.
Inspirado pelo filme "500 dias com ela" e também
pela canção "la trama y el desenlace" de Jorge Drexler.

2 comentários:

Hellen Portto disse...

Poxa Rafa eu passei anos me declarando e pedindo vc em casamento e só agora vc se declara kkkk não precisava eu sempre soube rsrsr...Mas sinto dizer que já e tarde para nosso amor rsrsrsr.

bjo amigo saudade enormeee ... Lindo texto.

Fr. Dhael disse...

Rrsrssrsrs
Saudade de tu 'muléloka'
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