19 de janeiro de 2012

Cartas de Verão - I

º- Empório dos Desejos

Quando o sol dorme a chapa da terra se matem em brasa pra fazer da nossa casa um inferno noturno particular. Longe, teus braços não sentem o suor que se desloca do meu corpo feito lágrimas de desejo, feito saliva em beijo de tesão.  Líquidos pelo espaço do quarto e o teu cheiro em sentido ilusório se torna mais um item nesse empório de coisas que quero e continuo sem possuir.
Longe léguas daqui em algum lugar do vasto mundo teu corpo de um doce absurdo é saboreado por bocas famintas. Inveja, não raiva, de uma imaginação fértil que não acredita no desperdício de teu sono solitário. Queria estar no páreo pra dividir contigo depois da linha de chegada o calor dessa louca caminhada que é ir e vir todo dia ao dormir e acordar. O meu sono é uma passagem para uma terra de nós dois onde o intenso instante é o agora interminável.
Aqui meu corpo evapora na lembrança de algumas horas em que o tato ganhava real sentido, quando a soma se concretizava e se cristalizava para ser acessado em momentos como esse em que eu sumo no silencio fervente de uma noite escura. Espero que o sonho dure o tempo de te encontrar, e que esse despertar ocorra antes do fim de mais um verão.

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