22 de janeiro de 2012

Cartas de Verão - II

º- O céu, a areia e a tua alegria

Foi quando vi tua boca em outra na beira do mar que percebi que já não há mais o que fazer para reverter o sentido da maré. Demorei muito para encontrar o teu sorriso fácil e valorizar o teu querer presente, agora já não vejo mais na gente a sorte de se embalar no balanço de desejos incomuns. Somos seres em correntes inversas e já não há mais pressa em se reencontrar.
Aquela areia sob seus pés são testemunhas de um momento que nunca seria nosso. Posso deitar tranqüilo, pois sinto que teu brilho já encontrou outro astro de vasto sentimento pra te acarinhar. Que a brisa te carregue leve para os sonhos mais bonitos e que o riso dessas tardes quentes ganhe o vão do tempo rumo ao infinito de tua felicidade.
Com a idade a gente perde a precipitação e adquire a compreensão sobre o egoísmo. Invejo a tua estada, mas me alegro com teu caminho já não mais solitário. Sob o sol vermelho que se deita na linha do horizonte vejo de longe tua estrela de novo a se iluminar. Não serei farsante e negar que seria um delírio possuir, nem que seja por um instante, a vaga de quem te tem. Mas meu bem a vida é mesmo assim, e o verão é diferente pra cada um.