15 de março de 2009

Crônicas de eLe - XV

NOVOS SONS, MESMO OLHAR
Perdido na imensidão de luz daqueles olhos, eLe mal percebe que o mundo gira. Sua boca se esforça para pronunciar uma palavra qualquer.
" - De que estilo você gosta?"
Saiu sem pensar, mas foi o suficiente para engrenar um dialogo. Aos poucos aquilo se tornava mais agradável. Nunca imaginara que aquela perfeição abstrata pudesse parecer uma garota tão simples. Ela abusava de seu conhecimento musical, e quando citava as bandas e músicas internacionais, eLe fazia cara de quem entendia tudo. Não por que queria agradar, mas somente por que a feição de entendido é a mesma que a dos bobos. E ali em frente aqueles faróis luminosos de íris verdes, eLe já não escutava nada, já não enxergava nada que estava ao redor.
De repente acordou de sua fantasia e percebeu que já havia passado a hora do almoço. Estava dentro do mercado e se atrasou para o serviço. Sem jeito, nem vontade de pedir licença, informou-a da situação e se retirou como se houvesse apenas prestado um favor a uma cliente. Caia assim num pesadelo real, doía o seu peito. Poderia ter sido a única chance de vê-la novamente e eLe saiu apático.
Mas antes que sumisse do campo de visão, ela abriu-lhe a porta do céu.
“- Ei! Que horas você sai daqui? Ah, não importa!
Estarei esperando na entrada sul.”
E os sorrisos afirmaram o trato.

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