15 de março de 2009

das Interpretações

Quando do ventre gramático se esvaem as palavras de minhas lucubrações, nada penso além de registrar o efêmero do pensamento leigo que me sou capaz de produzir. Minha visão é falha, meu pensamento é vago, mas a minha vontade de te encontrar é enorme. Escrevo para comentar, iludir e complicar, respingar em teus neurônios, destruir tuas deduções e te prender em textos sem sentidos. Sou um falso.
De tanto brincar com palavras, formando orações a deuses ausentes, fico imaginando como me vêem as tuas pupilas. Imagens distorcidas do cotidiano, versos desligados do interior e formas adversas ao comum me são motor de produção. Penso em você quando digito, mas é para outra pessoa que minhas loucuras fazem sentido. Sou um inter-comunicador de sensações.
Quando ela, terceira pessoa do singular, me aborda e pergunta sobre meus devaneios, o que dizer? Aquilo que me foi tomado pela coragem e impresso em folhas e bytes, naquele olhar ganhou nova formulação. Não me pertence mais, é dela, como também é seu.
Colo um número determinado de palavras e produzo um infinito de interpretações. Mas interpretar é uma arte individual que necessita um tanto de esforço, silêncio – ainda que apenas interno – e intenção. Aquilo que o outro pensa não deve ser aceito como veredicto. Todos somos juízes por excelência. Então fica o lembrete: “quando mergulhar em meus anseios verbais nade sozinho”.
Então caro leitor seja sempre bem-vindo, afinal, isso é seu.

2 comentários:

Augusto Andrade disse...

Nooooossa.
Boa!


[basta!]

Abraços.

Augusto Andrade disse...

COMENTÁRIO: A parte do layout "Binóculo Míope" ficou mais que boa. Gostei da letra do Míope... Faltaram acentos... Mas...

Enfim! Gostei mesmo do nome.