6 de setembro de 2010

Novos hábitos - Perder

Dentro de uma sociedade que avança no tempo desligando momentos passados dos registros, nasce uma nova necessidade de adaptação do homem, a aceitação natural da perda. É bom que se entenda a aceitação da perda como uma assimilação das atitudes e não como uma síndrome de fracasso. Perder é deixar para trás o que se foi, é renascer em outro, vacinado para as novas despedidas.
Quando o mundo nos exige conquistas e o nosso ambiente não nos oferece oportunidades nasce uma despedida, do colo da família, do círculo social, da turma de aventuras. Perde-se anos de relacionamentos trabalhados (o que não quer dizer que será esquecido, mas que aquilo que existia até então não haverá mais, será outro ao retornar) e começa-se do zero novamente em outra praça. Novas amizades que em determinado ponto sofrerá da mesma rotina. O mesmo ocorre com os relacionamentos amorosos e com todos os possíveis vínculos afetivos que a emoção humana possa produzir. Haverá sempre um ponto de ruptura que modificará o sentimento. Pode ser uma viagem, uma briga, um término. Todos os momentos de perda fortalecem o homem futuro, distante cada dia mais do afetivo e da emoção, de coração rígido e preparado psicologicamente para as frustrações das relações.
Isso é o resultado de um triste amadurecimento do homem. E para exemplificar basta imaginar um romance cem anos atrás e comparar com um namoro moderno. Ainda que o do passado sentisse a interferência dos interesses, havia o sonho dos envolvidos, uma ideia de paraíso, recanto de amor. Hoje existe a certeza das conformidades, o conforto que se pode proporcionar, e quem não vive isso está infelizmente preso a uma aventura juvenil. Não estamos mais em um mundo de adolescente.
Todo o encanto despejado por poetas em folhas e mais folhas de papel, são apenas combustíveis para o fogo da realidade crua que nos cerca. Queria não ver está vértice da vida, mas as minhas despedidas iluminam meu caminhar.
Texto inspirado num dialogo saboroso com meus amigos Gê & d'L.

Um comentário:

Claudia disse...

Lei da troca equivalente. (brincadeira, ou não