17 de setembro de 2010

Garota de Plástico

Não sei bem o que lhe aconteceu, mas hoje ela estava diferente. Sorriu assim pra gente, e me disse que queria se descobrir. Cansada de uma vida agradável, deixou de lado seus princípios e viveu além do intenso o que lhe foi oferecido. Homens descartáveis percorreram seu corpo; Mulheres também. E nada que lhe foi compartilhado em tesão e desejo deu ensejo a uma minúscula emoção.
Fudia o dia na manhã que ela acordou da vida e se perdeu num sonho psicodelíco de experimentos. Os escrementos em seu corpo não eram registros de romance. Apenas a lembrança de um lance que rolou em um lugar qualquer na companhia de qualquer um. Até pra seus padrões já estava bem além do que se aceitaria ir. Fez tudo sem pestanejar. Foram minutos de inconsciência social, moral e/ou pessoal. Era a puta que seus parceiros queriam, e eles, o que ela buscava.
O amor em seu formato minímo se realizou na busca de um pobre coração. Ela não goza, apenas reforça seu pensamento de que somente ela pode se fazer feliz. Ainda que correta, a porta aberta não dá acesso ao paraíso sonhado. A vontade de ter é apenas pedaço diante de ser. As rachaduras de nossa armadura não serão sanadas com o suor de outros. O amor é fruto interno. Não é de recados, lençóis e flores que se invoca o cupido.
Infelizmente agora ela caminha  no acostamento de uma vida sem hora marcada para o retorno. O abandono de si, dejá vu de momentos outros, faz um esgoto correr em suas veias. No peito uma bomba de dores e a lembrança de cada passo mal dado. Na sua consciência vazia ele escuta a reverberação do seu mundo dizendo: - Primeiro, é preciso se amar!

Um comentário:

Augusto Andrade disse...

Muito bom...
Lembrou-me. Todavia, com toques de dramaticidade e o além do gozo.

Beijo.