13 de novembro de 2009

Crônicas de eLe - XXIII

O ÚLTIMO ENCONTRO

- Eu preciso falar com você.

Ela fala e não escuta nada. eLe ainda está paralisado com a surpresa de tê-la ali. Como ela poderia saber o seu endereço, se nunca foram juntos até sua casa. E o mais importante, o que ela realmente queria com eLe.

- O que você faz aqui e como você sabe onde moro?
- Peguei seu endereço na empresa... E eu preciso falar com você.
- Falar o que? Seu pai não vai gostar de saber que esteve aqui. E porque você não me disse que seu pai era o meu patrão?
- Por que eu tive medo que você me deixasse.
- Deixar você?!
- Tive medo que você ficasse com medo de perder o emprego e me abandonasse. Você não sabe como meu pai me prende e fica querendo controlar a minha vida. Todos os namorados que tive, ele afugentou, e o pior é que tenta me apresentar uns ‘almofadinhas’, filhos de seus amigos ricos.
- Parece que eu não sou o namorado ideal pra você. Seu pai não me quer perto de você.
-Mas eu quero você!

eLe se perde nas palavras macias e apaixonadas de Eugenia. Ali já não havia o pensamento deturpado de uma garota usurpadora. Deixava de ser a vilã para tomar seu verdadeiro lugar na história, a mocinha encantada que eLe amava.
Ela o beija. Eles se encontram na dança dos lábios e do corpo. Anulam todos os pensamentos anteriores a aquele momento. Aquela ação repentina torna o ambiente novo e colorido. Eles se permitem um novo sentimento, o sentimento de doação. Param para um olhar singelo e sincero que revela os desejos íntimos e coletivos que pairam na sala de visitas.
Agora, ambos tomam a iniciativa de se permitirem o desejo e a realização. eLe a beija como se soubesse que aquela seria a última vez. Toma para si o corpo delicado de menina que exala a vontade carnal. Ela o deseja tanto o quanto, e durante o beijo se despe do vestido florido que a resguardava. Agora sob as peças intimas eLe a vislumbra como uma aquarela romântica, um quadro perfeito de sua historia de amor.
Os dois se consomem em movimentos que lembra o balé celestial dos anjos. Os gemidos são poesias proferidas em melodiosos versos. O suor dos corpos se encontra como um elixir que soma os indivíduos, tornando a imagem borrada ao olhar desavisado de quem imagina. No momento do amor e do sexo, o que existe é uma massa humana inconsciente e repleta de emoção.
Durante todo o tempo juntos na sala, com a porta ainda aberta, eles são felizes.
Ofegantes e cansados fisicamente, os enamorados sabem que nada vai ser como antes. Fora daquelas paredes um mundo menos promissor os aguarda, mas do que vale imaginar as incertezas futuras se o agora pode ser tão majestoso. Eles são um do outro, agora, e eternamente na lembrança desse amor.

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