13 de novembro de 2009

VITRINES DO CORAÇÃO

Não sei de onde vem a afirmação que diz que o nosso corpo é a nossa casa, sei que as religiões vêem o nosso corpo como um templo sagrado, mas cá entre nós, vivendo nessa sociedade capitalista o mais próximo do corpo é a ideia de um comércio. É sabido que alguns indivíduos fazem do seu corpo um material de trabalho, mas quero falar aqui sobre a capacidade de nos vender, nem que seja em imagens que na maioria das vezes não são reais.
Quantas e quantas vezes passamos por situações onde o mais importante é não sermos nós mesmos, e com isso oferecermos ao mundo e ao outro uma nova ou velha, mas diferente, personalidade que omita o nosso verdadeiro ser momentâneo. Isso ocorre muito no amor.
Quem pode dizer que nunca sofreu numa relação, até mesmo naquela que não se concretizou. Eu mesmo guardo comigo alguns objetos românticos que nunca vão se apagar do passado. São minuciosas lembranças de desejos que não se esvaem justamente porque não tive a oportunidade de possuí-los. De acordo com meu IDR – Índice de Desilusão Romântica – passei por mais ou menos 5 amores não correspondidos, 2 namoros felizes e trágicos, uma pequena quantidade de aventuras interessantes, fora alguns desejos repentinos e sem desenvolvimento. Com toda certeza, sou resultado de minha própria historia, então por tabela parte de cada uma dessas pessoas que passaram por minha vida se faz presente no que sou hoje, cada uma com sua parcela e intensidade própria.
Mas falando dessa oferta de imagens que nos produzimos, é fato que realmente na desilusão ou na ânsia para escapar de mesma, passamos a interpretar alguém que julgamos ser, mas não somos. Muitas vezes a vontade é de dizer ‘vem cá porra, num tá vendo que eu te amo!’, mas o que sai na verdade é um ‘oi, tudo bem? Como é que você ta?’. Isso sem falar na expressão facial que exige um esforço absurdo para se manter austero. O coração nos faz um bobo da corte perante a encantada princesa.
Apesar de tudo que falei da minha pessoa, o objetivo de minhas pobres e singelas palavras é ressaltar que apesar de toda racionalidade que possamos somar, uma fagulha qualquer de emoção pode refazer o nosso mundo.
Aquelas que passaram em minha vida estão guardadas no meu estoque de carinho e amizade, inclusive as que não tive e permanecem intactas ao meu olhar fraterno, porque o gostoso da força do coração é a eternidade que a lembrança nos permite ter.
Hoje as vitrines de minha lojinha estão vazias, mas sei que lá no fundo, atrás de algumas caixas e estantes, a de existir algum item em promoção.
Seja bem vinda. Fique a vontade.
Coração aberto 24 horas.

3 comentários:

Unknown disse...

Vc há de convir meu caro q o IDR está relacionado à quantidade de horas em que seu coração fica disponível, ou seja, um coração aberto 24 horas está suscetível a desilusões numa proporção bem maior.
Experiências amorosas à parte, o que vale mesmo é um grande amor pra viver por toda a vida.

Um coração como o seu não deve possuir nada promocional, pelo contrário, deve conter artigos de primeira linha, exclusivos e de altíssimos valor.

Mas hei de concordar numa coisa:
...apesar de toda racionalidade que possamos somar, uma fagulha qualquer de emoção pode refazer o nosso mundo...porque o gostoso da força do coração é a eternidade que a lembrança nos permite ter.

Thaisinha... disse...

'ta na loja de presente?
-
São presentes trocados ou demora encontrar as caixas certas na ultima fileira?

Otília Amaral disse...

Quem nunca sofreu por amor? Ou nunca alimentou um amor platônico ou teve um amor não correspondido?

Cálculo de IDR=Amor correspondido
__________________
Amor ñ correspondido

Resultado >1: As desilusões sofridas estão dentro de uma porcentagem aceitável, é sempre bom apostar no amor.
Resultado <1: As desilusões apresentam resultados maiores que o aceitável, mas isso não pode ser empecilho para tentar encontrar o amor.

Será que o coração tem vitrines? tem ítens à venda? Os sentimentos puros podem ser comprados?

Os sentimentos puros são conquistados ... mas será a conquista uma estratégia de compra?

*Se o coração possui vitrines, elas nunca estão vazias... Há sempre algo a ser exposto...