15 de novembro de 2009

Crônicas de eLe - XXIV

O TEMPO E A DISTÂNCIA


Já faz dois dias que todo o fantástico e infeliz dia de entrega e descobertas o assolou. Até agora nenhuma nova informação. eLe continua desempregado, seu orgulho não aceita os pedidos de Eugênia para que aguarde até que seu pai volte atrás em sua decisão. Já não se imagina na empresa de Seu Arnaldo. Já não sabe se realmente foi correta sua decisão ao impedir a fuga do delinqüente que roubara a loja em sua primeira visita, Já não sabe se aquele homem preconceituoso merecia sua ajuda.

Saiu atrás de um novo emprego, mas nada apareceu.

Eugenia não o ligou. Como poderia ela agir dessa maneira depois daquela maravilhosa manhã na sala de visitas. O que será que aconteceu para que não possa mandar nenhuma informação, ter nenhum contato.

...

A semana vai se passando lentamente e nada acontece.

Somam-se os dias em que depois da busca por emprego eLe vai até o supermercado esperar alguma visão de sua amada, mas ela não tem ido lá desde o dia da reunião, é o que descobre por meio de um colega empacotador.

...

No meio da segunda semana ele é admitido no quadro de funcionários de uma panificadora de médio porte. O trabalho fica do outro lado da cidade, e agora eLe já não pode espiar a saída do supermercado. Contudo consegue por meio de alguns amigos conquistados na antiga empresa o endereço do ex-patrão, ou se preferir, da sua amada.

Todos os fins de semana vai até o endereço. Quando não encontra a casa vazia e silenciosa, encontra o barulho contido por trás dos altos muros que a protegem. Nenhum sinal de Eugênia.

eLe sabe e sente que ela o ama, mas alguma coisa a impede de encontrá-lo.

...

Um mês e vinte e quatro dias depois do último encontro, ele já não está mais na panificadora. Agora trabalha como atendente em uma academia de ginástica que fica nas proximidades do centro da cidade. eLe volta pra casa com o mesmo pensamento das últimas semanas: “que diabos está acontecendo com Eugênia?!”.

Chega a casa e encontra seu Tio preparando o jantar.

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- Oi meu lindo! Como foi seu dia?

- Oi Tio! Foi tudo bem.

- Ah, antes que me esqueça uma amiga sua ligou perguntando por você. Eu disse que você chegaria por volta das oito e meia da noite, e ela me falou que ligaria pra você.

- Ela se identificou?

- Não...

...

Nesse momento o telefone toca. Seu Tio lhe indaga com o olhar e volta a seus afazeres. Ele como se respondesse aquele olhar se encaminha até o aparelho que fica no corredor.

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- Alô! Quem Fala?

- Oi, aqui é a Eugênia. Eu gostaria de falar com eLe.

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Um calor percorreu o corpo do garoto ao telefone, ele abriu um sorriso alegre e quase se esquece de responder.

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- Sou eu, Eugênia. O que aconteceu com você?

- Oi. Não aconteceu nada, mas, por favor, não vá mais ao supermercado, nem fique esperando me encontrar aqui na rua de minha casa. Me prometa que vai fazer isso que lhe pedi. Meu pai está furioso com você e não sei o que pode fazer se encontrá-lo. Não tente falar comigo. Busque sua felicidade sem mim. Adeus...

...

O telefone fica mudo. Ele espera com o aparelho ao ouvido como se tivesse a esperança de ouvir alguma outra palavra.

Mas há apenas o silêncio.

Um comentário:

Thaisinha... disse...

e ninguém desliga.
-interferencia na linha.
-
...
mãe, as coisas deram errado aqui.